Impermanência

Todos pedem alívio aos céus. As cargas a suportar vão, muitas vezes, além das forças presumíveis. Os fatos se apresentam como avalanche, ameaçando soterrar as mais íntimas esperanças. Porém, na realidade, são apenas aparências e não concretude. Eles se dissolvem e, passados os momentos difíceis, fica fácil compreender que nada permanece. A impermanência é o selo de todas as coisas e de todos os eventos. Sob este ponto de vista, fica mais fácil aceitar as dificuldades do caminho. 

O homem, ciente de que a sua própria passagem pela Terra é apenas transitória, não tentará jamais se impor com prepotência. Sabe que, ele mesmo, é manifestação de forças que desconhece, e uma peça singela na grande engrenagem. Sua atuação é apenas restrita e provisória. Sente-se impotente ante o augusto mistério que o criou. 

De que vale rebelar-se, entrar em desarmonia, provocar atritos múltiplos e desgastantes? O silêncio é a grande arma capaz de vencer a todas as batalhas. Não o silêncio orgulhoso que afasta, mas o silêncio piedoso que perdoa. Nada subsiste à calmaria de um lago sereno. 

Mantém-te em silencioso e nobre estado de alerta, vigilante, atento, desprovido de vaidades inúteis. Não queiras dominar as circunstâncias. Espera a ocasião de falar moderadamente. No imenso turbilhão de idéias agressivas, encontra o meio de assimilar o que te faz bem ao coração. 

Não te deixes desgastar, porque após o desgaste do desencanto, vem a ferrugem, apegada à tua essência. E a ferrugem corrói as mais íntimas fibras. Nunca te permitas a desilusão dos reais valores. A impermanência da existência terrestre te leva a pôr os pés no chão da realidade. Deves alcançar vitórias e valores acima e além de ti mesmo, e então vencerás no transcurso da tua passagem atual pelo orbe. 

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