A realeza de Jesus
[Fabio Dionisi] Apesar de Jesus ter dito a Pilatos que sua realeza não é deste mundo, será mesmo que Seu reinado não abrange também este nosso mundinho?
João (18:36)1 se limita à resposta de Jesus, sem dar maiores explicações; porém, buscando uma solução à pergunta que lançamos, encontramos informações adicionais no Espi-ritismo.
Kardec expande este assunto ao comentar que, por rea-leza, não devemos nos limitar ao sentido do governo de um soberano sobre um território.
“O reino de Jesus não é deste mundo. (…) Mas sobre a Terra ele não terá também uma realeza? O título de rei nem sempre exige o exercício do poder temporal. Ele é dado (…) aos que (…) se colocam em primeiro lugar em alguma atividade (…). É nesse sentido que se diz: o rei (…) dos filósofos, dos artistas, dos poetas, etc (…). A realeza terrena acaba com a vida, mas a realeza moral continua a imperar, sobretudo, depois da morte. Sob esse aspecto, Jesus não é um rei mais poderoso que muitos potentados?.”2 (Cap. II. Item 4)
Mas podemos ir muito além… Após Kardec, através da psicografia de Francisco Candido Xavier, Emmanuel nos se-gredou, um pouco mais, sobre a extensão do reinado de Jesus, ao intitular-lo responsável pelo nosso planeta Terra.
No seu livro A Caminho da Luz3, Emmanuel, ao tratar da gênese planetária e da formação da vida organizada, por diversas vezes se refere ao papel de liderança e coordenação exercido por Jesus; durante a formação deste orbe, seu satélite a Lua, e por ocasião da introdução da humanidade terrestre no planeta.
Deste livro, extraímos alguns trechos com suas assertivas: “Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, (…) já se reuniu (…), para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes (…). A primeira verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar (…).”
“A Solidificação da Matéria: na grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável (…). O frio dos espaços atua, porém, sobre esse laboratório de energias incandescentes e a condensação dos metais verifica-se com a leve formação da crosta solidificada. (…) Formam-se os primitivos oceanos (…). A atmosfera está carregada de vapores aquosos e as grandes tempestades varrem, em todas as direções, a superfície do planeta, mas sobre a Terra o caos fica dominado como por encanto (…).”
“O Divino Escultor: sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias desencadeadas; com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos (…). Operou a escultura geológica do orbe terreno (…). Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro (…). Organizou o cenário da vida, criando (…) o indispensável à existência dos seres do porvir. (…) Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias.”
“O Verbo na Criação Terrestre: (…) mas o seu amor foi o Verbo da criação do princípio (…). E quando serenaram os elementos do mundo nascente (…), Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra (…) uma nuvem de forças cósmicas (…). Daí a algum tempo, (…) podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens.”
“A Vida Organizada – As Construções Celulares: sob a orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na Terra numerosas assembléias de operários espirituais. (…) os artistas da espiritualidade edificavam o mundo das células iniciando (…) a construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos porvindouros.”
As transcrições acima atestam o papel que Jesus teve com relação a formação do orbe e o recebimento da humanidade terrestre. Emmanuel, ao longo dos dois capítulos, des-creve Seu trabalho de líder, desde o momento em que a massa, que constituiria a Terra, se desprende da nebulosa solar até o surgimento da espécie humana.
Em seu outro livro, O Consolador4, é ainda mais específico com relação às funções e responsabilidades de Jesus. Na questão 283, ao responder a pergunta: “Com referência a Jesus, como interpretar o sentido das palavras de João: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade?”, ele registra, com todas as letras, o encargo que Ele recebeu do Pai: “(…) Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas. (…) Diretor angélico do orbe (…).”
Fazemos questão de frisar: nada menos, nada mais, que o de “Diretor do planeta Terra”!
Contudo, querido leitor, na verdade, longe estamos de entender a grandeza e a posição que Jesus ocupa na sinfonia que está sendo tocada; onde nós somos a partitura; o instrumento, o orbe; e, o maestro, o Regente Amado.
Tanto é verdade, que o próprio Chico confirma nosso desconhecimento, quanto à Sua envergadura, numa entrevista ao jornal Folha Espírita; quando Fernando Worm lhe pergunta: “Sobre a natureza e evolução do Espírito de Cristo: Ele ascendeu pela escala evolutiva normal em outros mundos ou foi criado Espírito já puro?”, Chico lhe responde: “Sempre que indagamos sobre isso aos Amigos Espirituais, não sei se por reverência ou se eles consideram oportuno adiar para nós o total conhecimento da Verdade, informaram nossos Benfeitores que o Espírito de Jesus Cristo lhes surgiu tão imensamente alto nos valores da Evolução e sublimação que há necessidade de mais tempo para isso. Até que o consigam, sentem-se os Amigos da Vida Maior perante o Cristo como quem se vê iluminado por uma luz forte demais para ser analisada sem os instrumentos precisos.” (Jul.1976).
Confesso que quando penso, durante meus parcos momentos de reflexão, sobre a grandiosidade deste Espírito que nos tutela, fico tentando imaginar como deve ser evoluído; ao ponto de ter sido designado, há mais de 4.5 bilhões de anos!, para participar e coordenar a formação da Terra. E mais, para ter recebido a incumbência de levar os trinta bilhões de ove-lhas, aproximadamente, rebanho atual deste globo, ao “aprisco”; isto é, ao grau de perfeição que todos nós precisamos atingir, para um dia ousarmos ficar lado a lado com Ele, no Mundo em que Ele já habita!
Dá mesmo para acreditar que seu reino não é deste mundo?
1 O novo testamento. Tradução de Haroldo Dutra Dias. Edição do Conselho Espírita Internacional. 1ª edição. 2010.
2 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 64. ed. São Paulo: Livraria Allan Kardec Editora, 2007.
3 EMMANUEL. A caminho da luz. Médium: Francisco Cândido Xavier. Capítulos I e II. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987.
4 EMMANUEL. O consolador. Médium: Francisco Cândido Xavier. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1986
Obrigado!
Pelas informações.
Eu que agradeço pela atenção e feed back