A virtude da paciência
[Carlos Eduardo Cavalini]
Muitas vezes nos esquecemos de ser pacientes, quer seja com as pessoas à nossa volta ou com as coisas que não acontecem como planejamos. Ser paciente não é uma tarefa muito fácil, pois a correria do dia a dia faz com que deixemos de olhar para nós mesmos nos momentos em que temos a oportunidade de expressar a virtude da paciência. Dessa forma, agimos inconscientemente e acabamos manifestando sentimentos negativos como ansiedade, angústia, desespero, raiva… Nós nos esquecemos dessa importante virtude, não lhe damos a devida atenção.
Não temos paciência com nossos filhos pequenos, que buscam nossa atenção quase que em tempo integral e que precisam da nossa orientação, do nosso amor e carinho. Não temos paciência com nossos pais, que já estão idosos, talvez com a saúde um tanto debilitada e já nem tão ágeis para algumas coisas como antes. Não temos paciência com nossos maridos ou com nossas esposas, com nossos patrões, com nossos empregados, com nossos amigos…
Cada pessoa está no seu tempo específico e, quase sempre, não é o mesmo que o nosso. É preciso ser paciente com as pessoas que caminham ao nosso lado e com as que surgem em nosso caminho, pois também necessitamos que elas sejam pacientes conosco. Não há espaço para julgamentos, apenas acolhimento e compreensão. Aqueles que ainda não sabem realizar determinado tipo de trabalho, que ainda não aprenderam, ou os que não são mais capazes de fazer certas tarefas, ou as crianças, os mais jovens, adultos, idosos, para quem quer que seja, a virtude da paciência deve prevalecer em todos os casos. Caminhamos lado a lado pela mesma estrada e cada vez que demonstramos compreensão com o nosso próximo, é uma mão que se estende, e que sempre retorna para nós.
Muitas vezes também não somos pacientes quando temos uma meta de vida a alcançar. Tudo acontece no tempo certo e ter paciência para esperar esse momento já é uma grande vitória. Estamos acostumados a querer que tudo aconteça da nossa forma, quando bem entendermos. Julgamos saber o que é melhor para nós e quanto mais rápido alcançarmos nossos objetos, menos tempo e energia desperdiçaremos. Ficamos ansiosos, querendo chegar ao fim daquilo que planejamos com tanto cuidado. O que queremos mesmo é isso, alcançar nossa meta, e quase não nos importamos com o caminho que estamos percorrendo. Deixamos o momento presente — que é o próprio caminho — para nos dedicarmos apenas ao futuro, e o mais depressa possível. Esquecemos que muitas coisas acontecem durante o percurso: conhecemos pessoas, aprendemos com elas, choramos, rimos… Mas estamos preocupados com o futuro, não temos paciência para viver de momento a momento.
Ser paciente é trabalhoso, exige que deixemos de lado certos hábitos e comportamentos. Mas se fizermos isso, também poderemos aproveitar melhor cada instante de nossas vidas.