A verdadeira amizade

[Carlos Eduardo Cavalini]

Quem são nossos amigos? Acredito que muitos de nós já nos fizemos essa pergunta. Acredito também que quase todos irão concordar quando afirmo que encontrar uma amizade sincera é realmente bastante difícil.

Quando estamos bem, temos muitas pessoas ao nosso redor. No entanto, sabemos que a maioria não são amigos de verdade, apenas se interessam pelo que possuímos. Mas não existem apenas os amigos interesseiros. Há os “amigos” que enxergam o nosso crescimento e secretamente nos invejam. Por isso mesmo, orgulhosamente se afastam, nunca estão conosco em nossos momentos de alegria, de comemoração, ou mesmo para um encontro ou uma conversa. Não aceitam que compartilhemos a nossa felicidade.

Muitos pensam que os amigos são aqueles que estão conosco nos momentos complicados de nossas vidas, são os que nos oferecem a mão. Isso não deixa de ser verdadeiro, pois quando estamos na pior, quase todos se afastam. Não querem estar ao nosso lado, simplesmente por medo, quer seja dos comentários alheios ou medo de que vamos pedir ajuda, ou nos arrastar com eles, ou mesmo pedir algum dinheiro emprestado. Esses não são nossos amigos. Os amigos são as pessoas que permanecem conosco, isso é fato. Mas aqui levanto outra questão. Qual o motivo por trás dessa ajuda? Será mesmo que o nosso amigo está agindo de forma sincera? Não estou dizendo para negarmos qualquer auxílio que venha ao nosso encontro, precisamos também ter o cuidado de não deixar nosso orgulho falar mais alto. Se alguma ajuda está vindo até nós, devemos aceitá-la e sermos gratos, não importa o motivo que moveu essa pessoa a nos ajudar. Entretanto, quando nos encontramos em condição oposta, na de oferecer ajuda, acredito que seja importante nos analisarmos e compreendermos o motivo de estarmos agindo de determinada maneira.

Quando agimos com o intuito de ajudar o próximo, penso que seria bastante proveitoso se nos questionássemos por que estamos tendo tal atitude. Queremos ajudar para nos sentir melhor, porque isso nos causa alguma sensação de superioridade? Será que, no fundo, não estávamos torcendo para que o nosso “amigo” caísse? E isso não seria fruto de uma inveja mal disfarçada? Pensamos: “Eu sabia que isso ia acontecer! Agora posso ajudá-lo, está em uma situação pior do que a minha.” Ajudamos porque queremos mostrar aos outros que somos boas pessoas, para sermos admirados? A pessoa em questão, de qualquer forma, irá se beneficiar do auxílio que você está oferecendo, e isso já conta como uma boa ação. Mas e você? Qual a transformação interior que está ocorrendo ao oferecer ajuda a um amigo?

A verdadeira amizade implica em se doar para o próximo. Quando estamos dispostos a fazer determinado esforço por um amigo, sem a intenção de receber algo em troca, então nos comportamos como verdadeiros amigos. E compreendermos nossos motivos ocultos é o melhor que podemos fazer por nós mesmos.

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