Os tempos são chegados
[Fabio Dionisi]
Não poucas vezes ficamos frustrados com a indiferença, como se o problema fosse com o outro; algo que não os afeta.
Algumas vezes, reputamos este comportamento à crença, muito mais comum do que se imagina, de que se não estamos obsidiados não temos problemas espirituais.
Ledo engano! Kardec já nos alertou, em O livro dos Espíritos, que os Espíritos influem em nossas vidas mais do que imaginamos.
“Q. 459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? — Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.” 1
Percebam que estamos mesmo rodeados por uma nuvem de testemunhas, parafraseando Paulo. Segundo André Luiz, por volta da década de 50, a humanidade terrestre era constituída por 20 bilhões de indivíduos. Hoje em dia, 7.8 bilhões encontram-se reencarnados, portanto, mantendo esse número, pelo menos 12.2 bilhões estão no mundo espiritual. Considerando o estágio evolutivo em que se encontra os habitantes deste planeta, é de se concluir que uma massa enorme está por aí, ao nosso derredor.
Além das obras de Kardec, bons livros foram escritos falando sobre o tema. Só para citar dois: Aconteceu na Casa Espírita 2, ditado pelo Espírito Nora à Emanuel Cristiano, e Guerra no além 3, ditado pelo Espírito de Cairbar Schutel à Abel Glaser.
Mas o alerta não é recente… pois em Paulo encontramos referências preocupantes a respeito.
(Carta aos Hebreus, 12:1) “Nós também, portanto, estamos cercados por uma nuvem de testemunhas.”
(Carta aos Efésios, 6:10-18) “A vida cristã é luta – Ademais, fortaleçam-se no Senhor e na força do seu poder. Vistam a armadura de Deus para poder resistir às manobras do diabo. A nossa luta, de fato, não é contra homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os Espíritos do mal, que habitam as regiões celestes. Por isso, vistam a armadura de Deus para que, no dia mau, vocês possam resistir e permanecer firmes, superando todas as provas. Estejam, portanto, firmes: cingidos com o cinturão da justiça, os pés calçados com o zelo para propagar o evangelho da paz; tenham sempre na mão o escudo da fé, e assim poderão apagar as flechas inflamadas do Maligno. (…).”
Além de Paulo, temos João Evangelista: “Saber discernir – amados, não deem crédito a todos os que se dizem inspirados; antes, examinem os Espíritos, para saber se vêm de Deus, pois no mundo já pareceram muitos falsos profetas.” (1ª Carta de João, 4:1)
E se fizermos referência à um passado mais longínquo, uma vez que a influenciação é um fato desde as épocas remotas, basta ler a obra O Espírito e o tempo 4, de J. Herculano Pires, ou a de Ernesto Bozzano, Povos primitivos e manifestações supranormais 5.
Enfim, trata-se de um assunto crucial nesta fase de transição, devido ao recrudescimento da ação dos dominadores do mundo das trevas.
Os tempos são chegados! Por isso, todo o cuidado é pouco, uma vez que é perigoso desconsiderar a existência de inimigos, quanto a este processo.
Sabemos que estamos num momento de seleção; muitos serão desterrados para mundos inferiores. Então, por que não procurariam criar obstáculos a esta transição?
Agem sobre as pessoas, planejada e deliberadamente, para atingirem estes fins. E por que seria diferente, se na própria história da humanidade constatamos esta ação ao longo dos milênios?
Para os que tiveram a oportunidade de ler Francisco de Assis 6, ditado pelo Espírito Miramez, ao médium João Nunes Maia, devem se lembrar dos acontecimentos que antecederam à vinda do Messias.
Para a chegada do Divino Mestre, houve a necessidade de um saneamento da atmosfera espiritual terrestre, para que as condições fossem propícias aos objetivos de Jesus. Dois bilhões de espíritos, endurecidos no mal, foram retirados e enclausurados numa região chamada A Cruzada, para que não interferissem nos trabalhos. Lá permaneceriam por mil anos. 6
O que já fora anunciado no Apocalipse de João: “Então vi descer do céu um Anjo, tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos.” (Apc., 20:1 e 2)
Prosseguindo com as notícias de Miramez: “Relativamente a esses expatriados, os perseguidores da época do Mestre eram bem mais brandos, pois [os primeiros] conheciam o motivo de sua estadia ali, e alimentavam o ódio e o prazer da vingança. Quando pudessem sair da prisão milenar, a ideia era voltar à Terra e incendiá-la – tinham exércitos bem adestrados, esperando o dia de transformá-la em cinzas.” 6 (p. 48)
Isso coincide com o final do primeiro milênio e início do segundo, quando o orbe vivenciou as sanguinolentas Cruzadas (séc. XI) e a Inquisição (séc. XII).
O caro leitor pode perceber que o movimento iniciado no século XI, pela Igreja Católica Apostólica Romana, também se chamava de Cruzada… quiçá, uma forte reminiscência da região de onde os desterrados vinham…
Para que analisemos melhor as profecias, eis o que diz o Apocalipse: “Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão. E sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da Terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número desses é como a areia do mar (Apc, 20:7-8).”
Mas Jesus estava atento. Permitiu que os mecanismos educativos da lei de causa e efeito fizessem os acertos de contas necessários, mas, por outro lado, protegeu a essência do Evangelho, através dos inúmeros missionários que enviou ao orbe.
Assim, Allan Kardec e a plêiade de Espíritos incumbidos de lhe dar suporte conseguiram estabelecer as bases da Doutrina Espírita (séc. XIX).
Essa batalha estava perdida, o Consolador Prometido chegara na Terra… contudo, os elementos contrários, não se deram por vencidos. Engendraram novas ações para tentar reverter a situação, através da influenciação dos reencarnados incautos.
Obviamente que os encarnados foram os responsáveis e os mais culpados, pois a ganância, a sede pelo poder e o orgulho foram os verdadeiros motivadores pelos nefastos acontecimentos. Os senhores das trevas somente aproveitaram as brechas…
Desta época em diante encontramos os lamentáveis episódios que geraram a primeira grande guerra mundial. E, passados uns poucos anos de término da primeira, ainda tivemos o último dos príncipes trevosos provocando uma outra, de proporções bem mais gigantescas.
Segundo o Espírito Miramez: “Hitler, um dos últimos príncipes que ajudaram a governar a grande cidade [A Cruzada], foi uma das feras enjauladas por mil anos que, ao assumir o controle do Estado Germânico, tinha uma tarefa odienta com a sua consciência e os seus comandados (…). Desta forma, teve início a guerra de 1939 a 1945, com suas calamitosas consequências…” 6 (p. 48)
E agora, o que será que está ocorrendo, nesta interação entre os dois mundos? Embora a ficha não tenha caído para a maioria de nós Espíritas, estamos vivendo um dos mais importantes momentos deste planeta e de sua humanidade: a transição para o Mundo de Regeneração. Enfim, os tempos são chegados… 7
Até aqui, todos os rounds foram superados por Jesus; mas os detentores do poder nas trevas ainda se encontram por aqui. Como será que eles estão se comportando, neste exato momento? Resignados com a exclusão e eminente deportação para mundos inferiores? Ou será que ainda buscam, por todos os meios, manterem-se no poder?
Seria ingenuidade pensar que já desistiram. Obviamente que estão lutando, de forma cada vez mais empedernida, para que nada disso aconteça. E quem serão seus maiores adversários? Naturalmente os que detém o conhecimento do que está ocorrendo.
Espíritas, nós somos os que mais conhecimento possuem sobre o mundo espiritual. Ninguém detém, em suas mãos, as informações de que somos portadores. Mas, infelizmente, o que mais grassa entre nós é o desconhecimento e a falta de vontade de estudar.
Basta prestar atenção no que sucede em nossas vidas, dentro de muitas instituições e no movimento. Os ataques são constantes. A influência é insidiosa, quer aceitemos ou não esta realidade. Uma massa enorme de desencarnados se esforçam para, pelo menos, postergar a consolidação da transição em curso; quando não a evitar… 7
Conforme profecia de Nosso Mestre Jesus, não tarda seremos a Pátria do Evangelho e o Coração do Mundo.
Espíritas, precisamos nos conscientizar do enorme compromisso assumido com Jesus. Fazemos parte, mesmo como pequeninos obreiros, na imensa seara deste fantástico “Projeto de Jesus”.
Detentores de um conhecimento que ninguém possui, com enormes dívidas a nos cobrar, saibamos fazer jus a oportunidade ímpar recebida.
Cada um de nós precisa acordar para a tarefa que nos cabe. A da transformação deste país na Pátria do Evangelho e no Coração do Mundo, a começar por nós mesmos. Urge a Reforma Íntima. Se quisermos transformar aos outros, precisamos primeiramente nos transformar.
Dizia a grande alma, Mahatma Gandhi: “Você deve ser a mudança que você quer para o mundo” e “Se um único homem chega à plenitude do amor, neutraliza o ódio de milhões.” 7 (p. 218)
Mas, infelizmente, não estamos fazendo a nossa parte. E, para complicar ainda mais, estamos deixando que as Trevas nos dirijam a vida…
Está na hora que assumirmos o leme de nosso barquinho, que é a nossa vida.
Vivemos sim, em águas turbulentas, no meio das trevas da noite. Mas temos os faróis que Jesus nos enviou, seus missionários, para dar direção à nossa navegação. Que possamos acordar a tempo, antes do retorno à Pátria Espiritual, para que nossas cestas estejam repletas de obras.
A quem muito foi dado, muito será pedido! E a cada um segundo suas obras, como nos ensinou o Divino Mestre Jesus.
Deixaremos aqui o tema para as devidas reflexões; que são também nossas…
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1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2007.
2 CRISTIANO, Emanuel. Aconteceu na Casa Espírita. Pelo Espírito Nora. Campinas, SP: Editora Allan Kardec, 2004.
3 GLASER, ABEL. Guerra no além. Interação entre os dois planos de vida. Pelo Espírito de Cairbar Schutel e seus emissários. Matão, SP: O Clarim, 2010.
4 PIRES, J. Herculano. O Espírito e o tempo. Introdução antropológica ao Espiritismo. São Paulo: Editora Paidéia Ltda., 2003.
5 BOZZANO, Ernesto. Povos primitivos e manifestações supranormais. São Paulo: FE Editora Jornalística Ltda., 1997.
6 MAIA, João Nunes. Francisco de Assis. Pelo Espírito Miramez. Belo Horizonte: Espírita Cristã Fonte Viva, 1986.
7 DIONISI, Fabio. Influenciação Espiritual. Um fato corriqueiro em nossas vidas. 2. ed. Ribeirão Pires, SP: Editora Dionisi, 2015.
