O livre arbítrio
[Carlos Eduardo Cavalini] carloseduardo.cavalini@hotmail.com
O livre-arbítrio
Liberdade é o que existe de mais sagrado e precioso no ser humano, é algo que se respeita. Muitos podem pensar que a nossa liberdade é um tanto restrita, ou talvez até mesmo ilusória dentro do sistema capitalista em que vivemos. Isso é bem verdade, se levarmos em consideração as inúmeras formas de manipulações que sofremos no dia a dia. Mas aqui estou me referindo à nossa vontade livre de escolhas, à nossa capacidade de tomar decisões, independentemente do governo e da cultura em que estamos inseridos. Dentro das condições em que vivemos, algo prevalece em nós, é a capacidade de tomarmos decisões. Esse é um ato realizado de dentro para fora e é exatamente isso que devemos respeitar no outro. Se quisermos ter a nossa liberdade respeitada, é preciso não interferir na capacidade dos nossos semelhantes de tomarem as próprias decisões.
Qualquer ato que interfira no livre-arbítrio de uma pessoa é uma forma de magia negra. Toda ação com o intuito de forçar, obrigar, fazer com que qualquer pessoa aja da maneira que ela não agiria habitualmente é uma interferência em sua liberdade de escolha, por melhores que sejam as intenções. Uma mãe que deseja o melhor para o seu filho, que conhece uma pessoa e pensa que seria uma boa esposa para ele, embora saiba que a mesma possui outros planos para a sua vida e que não tem nenhum interesse em uma relação, está interferindo em sua liberdade. A bem intencionada senhora poderá dizer que só deseja a felicidade dos dois, que inclusive ora a Deus todas as noites e faz de tudo para que fiquem juntos, que só quer o melhor. Ainda assim, é um ato contra o livre-arbítrio.
Muitos de nós, algumas vezes, se deparam olhando para a humanidade e pensam como é possível Deus permitir que um criminoso realize seus atos impunemente. Por que Deus permite que certas pessoas trapaceiem, roubem, matem e façam qualquer coisa que tenham vontade, interferindo de todas as maneiras na liberdade do seu próximo? Deus não poderia obrigá-los a largar suas armas, a agir de outra forma? Não poderia impedir que esses indivíduos prejudicassem pessoas de bem? Pois aí está o livre-arbítrio. A liberdade é algo que se respeita, é um presente que recebemos, para que façamos bom uso dele. O livre-arbítrio é para todos e Deus o respeita. É dessa maneira que, aos poucos, vamos assumindo nossas responsabilidades perante a vida. O criminoso, em algum momento, receberá a consequência de suas ações, e aprenderá, de acordo com suas próprias escolhas. Por ter desrespeitado a liberdade de seu semelhante, também terá a sua liberdade desrespeitada, pois ninguém escapa dos seus próprios atos e cada um deles tem as suas consequências.
Não podemos pedir a Deus para que determinada pessoa faça isso ou aquilo. Não podemos obrigar certa pessoa a gostar de nós. O que podemos fazer é soltar… é nos desprender daquilo que achamos que devemos controlar no outro. E ficar em paz com nossa decisão.