Amém vos digo que um rico dificilmente entrará nos Reino dos Céus

[Fabio Dionisi] fabio@editoradionisi.com.br

“Disse Jesus aos seus discípulos: Amém (a) vos digo que um rico dificilmente entrará nos Reino dos Céus. Novamente, vos digo: É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.” (Mt, 19:23) 1

Afirmação muito preocupante para os que enfrentam a experiência, ou a prova, da riqueza. Mas como sói sempre acontecer, se adverte, em contrapartida, o Divino Mestre sempre ensina a fórmula para se evitar a queda.

“Os discípulos, ouvindo {isso}, estavam muito espantados e diziam: Então, quem poderá ser salvo? E, Jesus, fitando-os, disse? Para os homens isso é impossível, para Deus tudo é possível. Então, em resposta, Pedro lhe disse: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos. Que haverá, pois, para nós? E Jesus lhes disse: Amém vos digo que vós, que me seguistes, no renascimento [reencarnação], quando o filho do homem se assentar no trono de sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos ou campos por causa do meu nome, receberá o cêntuplo e herdará vida eterna.” (Mt, 19:24-30) 1

A prova da riqueza é de fato uma das mais difíceis. Incita o orgulho, o apego, e consequentemente o egoísmo.

Neste ponto, lembramo-nos de uma citação do Espírito de Cairbar Schutel, na obra Inquisição, a época das trevas, que vem bem a calhar.

“(…) a riqueza material, neste contexto, traz provas muito difíceis. É bem mais fácil um rico perder-se na senda do erro do que ao pobre, pois a propriedade de bens materiais proporciona incontáveis trilhas de perdição, fomentando o orgulho e o egoísmo.” 2 (p. 150)

É comum para aquele que enriqueceu achar que a conseguiu por seus méritos, exclusivamente. Daí é um pulo para se considerar melhor do que aqueles que não lograram obtê-la. Como se tudo dependesse apenas do seu esforço e inteligência. De fato, não podemos desconsiderar o trabalho empenhado, muitas vezes, para que os bens se multipliquem e a fortuna cresça; mas, daí não se incluir Deus nesta equação é muito perigoso.

Basta uma fração de segundo para que tudo se modifique. Quantas riquezas não evaporaram num piscar de olhos, vazando por entre os dedos de seus possuidores? Uma mudança na legislação, uma crise mais aguda na economia do país, ou de origem global, como as tantas que tivemos oportunidade de vivenciar nas últimas décadas, são suficientes para pôr tudo a perder. Uma doença, um simples e inesperado AVC (acidente vascular cerebral), pode incapacitar o detentor da fortuna.

Nascer em berço esplêndido ou em uma família humilde pode fazer toda a diferença. E quem determina em que família reencarnará?

Para o Espírita, a resposta é simples: a riqueza faz parte das experiências que todos terão um dia que passar; pois ela nos faculta a possibilidade de vivermos situações, para o nosso crescimento espiritual e intelectual, que somente ela tem a capacidade de prover. Da mesma forma que a pobreza nos dará outras experiências, e, consequentemente, outros aprendizados.

Somos Espíritos. A criação de Deus, o Espírito eterno, destinado à felicidade prometida pelo Pai, para aqueles que realizarem a evolução em direção à perfeição relativa que nos cabe construir em nós mesmos.

O objetivo principal de nossas sucessivas reencarnações é a evolução em direção à perfeição relativa que podemos realizar.

Todos são criados simples e ignorantes (em conhecimentos), para, por esforço próprio, adquirirmos sabedoria e virtudes, por merecimento próprio ascendermos ao Reino de Deus, para compartilharmos das alegrias destinadas aos que já combateram o bom combate (nas palavras de Paulo de Tarso).

Nossas encarnações visam que, através do atrito e das dificuldades da matéria, possamos realizar esta jornada, por meio da aquisição de sabedoria e desenvolvimento de nossas virtudes.

Essas duas aquisições se realizam através do trabalho, na busca de instrução que será um dia convertida em sabedoria; e, na convivência com a diversidade humana que nos cerca, fazendo-nos encetar uma reforma íntima, para melhor convivermos com o nosso próximo, a qual redundará na aquisição de virtudes, com, no final, a exteriorização do Amor Pleno a Deus, ao próximo e a nós mesmos.

Diante da insignificância da existência terrestre, em comparação à eternidade que nos espera “do outro lado”, percebemos o quanto importante é cuidarmos do Espírito, em comparação a matéria.

Os recursos materiais são para o homem utilizá-los, e não para tornar-se escravo destes. Quando se inverte a situação, o iminente desastre está à vista. Não é a posse que envilece o Espírito… Assim como ela lhe faculta o desabrochar de valores importantes tais como a caridade e o desprendimento dos mesmos, por outro lado podem se manifestar vícios danosos ao seu desenvolvimento espiritual.

“Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. É o laço mais forte que prende o homem a Terra e lhe desvia do céu os pensamentos (…). Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento.” 3 (p. 207-208)

Quanto a última parte de Mateus 19:23-30, citada no início deste artigo, concordamos com Eliseu Rigonatti, ao comentar que “Jesus simboliza nas doze tribos de Israel a humanidade, e no cargo de juiz que confere a cada apóstolo, a supremacia que conquistaram no trabalho evangélico” 4 (p. 177-178), por terem renunciado a tudo, mesmo tendo tão pouco, para seguirem ao Messias Amado, e o auxiliar na divulgação do Evangelho aqui na Terra.

Querida leitora, caro leitor, o assunto não se esgota aqui, mas esperamos ter sido úteis.

Fiquem na paz que nosso Mestre Jesus quis nos ensinar!

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(a) Amem: “(…) trata-se de um adjetivo verbal (ser firme, ser confiável). O vocábulo é frequentemente utilizado de forma idiomática para expressar asserção, concordância, confirmação (…).” 1 (p. 111; nota 6)

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1 O novo testamento. Tradutor Haroldo Dutra Dias. Revisor Cleber Varandas de Lima. Brasília (DF): Conselho Espírita Internacional, 2010.

2 GLASER, Abel. Inquisição. A época das trevas. Pelo Espírito Cairbar Schutel. 3. ed. São Paulo: Editora Alvorada Nova, 2001.

3 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 66. ed. São Paulo: LAKE, 2010. Cap. 16.

4 RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho dos Humildes. 9. ed. São Paulo: Editora Pensamento, 1993.

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O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP). www.irmascheilla.org.br

2 comentários em “Amém vos digo que um rico dificilmente entrará nos Reino dos Céus

  • 17 de junho de 2023 em 13:41
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    Sou a Rafaela Barbosa, achei seu artigo excelente! Ele
    contém um conteúdo extremamente valioso. Parabéns
    pelo trabalho incrível! Nota 10.

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    • 17 de junho de 2023 em 14:20
      Permalink

      Fico contente por ter ajudado, com a postagem.
      Fique com Deus.
      Fabio Dionisi

      Resposta

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