“O Livro dos Espíritos” não deve faltar na sua biblioteca!

[Simone Biaseto de Oliveira] monibiaseto@gmail.com

Pensando nos temas que poderiam ser abordados nesta edição, veio a ideia de abordar a importância de “O Livro dos Espíritos”.  Sentei em frente ao meu computador para iniciar a tarefa e pensei que talvez não fosse capaz de falar a respeito dessa obra maravilhosa. Esse cabedal de conhecimento, esse código de respostas aos mais diversos questionamentos da vida, essa fonte de consolação que nos permite racionalmente compreender os reveses da existência, esse mar de esperança que nos proporciona desenvolver alegria em existir, esse manual de estímulo à prática da caridade para com os outros e para com nós mesmos, esse tratado de amor que os Espíritos, juntamente com Kardec e os médiuns colaboradores, nos proporcionaram, a fim de que acendêssemos e desenvolvêssemos nossa chama divina, nos permitindo um despertar à magnífica obra de Deus: A VIDA.

E, para a minha surpresa, abri o livro “O Consolador”, de Chico Xavier, ditado por Emmanuel, e caiu do livro uma mensagem do mesmo autor, intitulada “Atende Hoje”, que diz: “Não admitas sem valor a migalha com que desejas socorrer ao companheiro em necessidade. A tua doação que imaginas insignificante demais será talvez o único recurso com que ele, em nome de Deus, contará para sobreviver ainda hoje, a fim de prosseguir trabalhando por longos dias”.

            Deixo aqui então a minha migalha de conhecimento a respeito deste livro, e dou o meu testemunho de que não é possível ser a mesma pessoa antes e depois de lê-lo, estudá-lo e constatá-lo no observatório de nossa própria existência.

            Sua primeira edição foi lançada em 18 de abril de 1857, em Paris. Foi o primeiro livro da Codificação Espírita. Com ele surgiu a Doutrina Espírita e o termo Espiritismo e espírita, como aquele que é adepto desta doutrina. Vale abrir um parênteses aqui para ressaltar este fato, já que muitas pessoas ainda hoje, 164 anos depois, costumam utilizar esses termos para outras doutrinas ou religiões; inclusive comumente se ouve um espírita dizer, quando informa sua religião, “sou espírita kardecista”, como se houvesse outro espiritismo, mas não o há.

            Foi escrito de uma forma muito peculiar. O professor   Hippolyte Léon Denizard Rivail, fizera as perguntas que eram respondidas pelos Espíritos, por meio de uma cestinha-de-bico; no bico, um lápis escrevia quando as médiuns, muito jovens, Caroline Baudin, 16 anos, e Julie Baudin, 14 anos, colocavam as mãos na borda (psicografia indireta). Foi revisado pelo Espírito da Verdade, fazendo uso do mesmo processo, por outra jovem médium, Srt.ª Japhet. Outros médiuns posteriormente prestaram concurso a esse trabalho.

            Sua segunda edição foi lançada em 16 de março de 1860.  É constituído de 1018[1] perguntas com suas respectivas respostas, traz uma linguagem clara e simples, na forma dialogada, utilizada na Filosofia Clássica.

            O professor Denizard, pedagogo conhecido, não o publicou com o seu nome, mas utilizou o de Allan Kardec, nome que tinha em encarnação anterior, quando foi sacerdote druida.

            A leitura e o estudo deste livro provocam mudanças substanciais em nosso íntimo, que geram alegria e felicidade em viver. Fazem-nos compreender, por exemplo, que:

— Deus, causa primeira de todas as coisas, como definem os Espíritos, é eterno amor, bondade e justiça, logo não castiga, mas ama. Os sofrimentos ou reveses que passamos não são castigos divinos, mas consequências dos nossos próprios atos;

— A morte é natural e a continuidade da vida é um fato e não uma possibilidade;

— Nunca haverá separação definitiva das pessoas que amamos, pois os laços de amor são eternos e a vida do Espírito é eterna;

— A comunicação com os espíritos desencarnados de pessoas queridas que já partiram nos proporciona imenso consolo e afagam nossa saudade;

— A comunicação com os seres extracorpóreos nos permite compreender os efeitos inevitáveis do mal e, por conseguinte, a necessidade do bem;

— Não há espíritos eternamente maus! Todos, indistintamente, iremos evoluir, pois a evolução é uma lei natural e divina;

— Perdoando o outro, eu me livro da mágoa que envenena o corpo e a alma;

— No universo todos estamos interligados por uma espécie de teia, sendo assim fazendo o bem aos outros eu faço bem a mim mesmo.

Existe o ditado: “Se conselho fosse bom, ninguém daria, mas venderia”. Mas eu o dou mesmo assim: leia e estude O Livro dos Espíritos.


[1] Algumas edições trazem 1019 perguntas, acréscimo que, segundo a Federação Espírita Brasileira- FEB, foi devido ao Codificador não ter numerado a pergunta imediatamente após a 1010, aquela que seria a 1011; ou ainda, que foi decorrente de alguma tradução do francês para o português. De qualquer forma, não há diferença alguma no conteúdo.

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