Vale muito a pena perdoar

[Simone Biaseto de Oliveira] monibiaseto@gmail.com

Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará. (Mateus, VI: 14 e 15)

Deus é misericordioso para conosco, pois nos dá infinitas oportunidades de resgatar ou reparar nossos erros, ou ainda, de encobri-los através de atos de amor. Ele não guarda rancor, não cria preferências, não fica seletivo em função das nossas atitudes certas ou errôneas, porque Ele não se ofende com nossas faltas, já que é Todo amor. Logo, Deus não nos perdoa no sentido de perdão que concebemos, penso eu.

“Perdoai as nossas ofensas à medida que perdoamos os nossos ofensores…”

            O perdão é um ato de caridade. Um ato de caridade é um ato de amor capaz de anular um ou mais pecados, dependendo de sua intensidade. Deus criou lei universais e imutáveis, como por exemplo, a lei da ação e reação. Se disseminamos ódio e rancor, colheremos as reações correspondentes. Mas, se ao sermos ofendidos, perdoarmos verdadeiramente o agente da ofensa, estaremos disseminando compaixão, criando reações muito fortes a nosso favor. Estaremos vivenciando um ato divino que tem muito mais poder que um deslize humano.

Perdoar é duplamente compensador

            Estaremos perdendo ao perdoarmos um ofensor?! Pelo contrário. Além de estarmos anulando erros pretéritos, estaremos nos transformando em pessoas melhores. Pois, como dizem os Espíritos, no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item 4: “o esquecimento das ofensas é próprio das almas elevadas, que pairam acima do mal que lhe quiserem fazer”.

É fácil perdoar?

            Quando alguém nos empurra violentamente para entrar no trem ou cruza perigosamente seu carro a nossa frente, pode-se pensar que é fácil perdoar, já que em alguns instantes esqueceremos o acontecido e pouquíssima probabilidade haverá de reencontrarmos o ofensor. Mas se torna difícil, quando é alguém que nos desafia o equilíbrio constantemente. Dizem os amigos espirituais que o mérito do perdão é diretamente proporcional à ofensa.

            Isso certamente serve de estímulo, mas Joana de Ângelis nos apresenta um exercício ainda mais eficaz. Um exercício da razão, já que a doutrina espírita é uma fé raciocinada. Ela diz, no livro Plenitude, que “…o sentimento de compaixão pelo algoz, apresentando-o frágil e vulnerável, evita que o desequilíbrio trabalhe em favor da agressividade por parte da vítima. Esta passa a ver seu adversário como um doente da alma, que ignora a gravidade do próprio mal, e, ao invés de derrapar na animosidade, o envolve em ondas de simpatia, de compreensão, não lhe devolvendo o malefício que dele recebeu”.

            Se, por exemplo, ao pegarmos no colo inesperadamente uma criança para abraçá-la, e ela reage com um tapa, certamente não nos sentiremos ofendidos (no máximo envergonhados pela nossa falta de habilidade com a pequenina), pois aceitamos perfeitamente tudo que envolve ser uma criança. Já não teremos a mesma reação se fôssemos agredidos por um adulto mentalmente saudável por atos ou palavras. Mas, se utilizarmos o recurso sugerido, olharemos o agressor com outros olhos, o veremos como um ser frágil como a criança, como um doente da alma, e desarmaremos nosso ataque.

Todos somos enfermos em busca de alta, disse Emmanuel

Vale ressaltar o que disse o mentor de Chico Xavier, já que realmente somos todos enfermos, uns mais outros menos, dividindo esse imenso planeta abençoado, dividindo experiências e nos ajudando mutuamente. Ninguém, em sã consciência, pode afirmar que não erra, mesmo que seja só para si mesmo. Algumas vezes, nosso ego nos cega e esquecemos que somos seres falíveis e imperfeitos e, prepotentemente, exigimos perfeição dos outros. Ao reflexionarmos sobre isso, facilitamos o exercício do perdão. Se achamos muito perdoar 70 vezes 7, devemos lembrar que poderemos errar até mais que 490 vezes…

Citando mais uma vez a nobre mentora: “O pensamento canalizado para a paz se torna uma onda que sincroniza com a Fonte do Poder, contribuindo para o entendimento geral e a fraternidade, que é o passo inicial do amor entre as criaturas”. Felizes aqueles que conseguem perdoar, mais felizes ainda aqueles que nem sequer se sentem ofendidos.

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