A Nova Era. O Espírito no Tempo

[Fabio Dionisi] fabiodionisi@terra.com.br

O edifício está construído, todo o conhecimento necessário foi disponibilizado pela Espiritualidade, a ciência e a arte nos dão as bases necessárias para o vôo inevitável; os tempos são – finalmente – chegados.
“Estamos agora em um novo período, estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração. A grande noite que se abatia sobre a Terra lentamente cede lugar ao amanhecer de benções, retroceder não é mais possível.” (…) 1
A Terra se prepara para a Nova Era. Os que se elegeram, entre os da atual Humanidade Terrestre, se preparam para entrar no mundo de regeneração, a se estabelecer em breve.
Mas, o que vem a ser este mundo novo anunciado? Resumidamente 2:
I. Em cada sistema, a deslocar-se no espaço em torno de um centro comum, existem Mundos:

A. Primitivos: destinados às primeiras encarnações da alma humana;

B. Expiação e provas: onde domina o mal;

C. Regeneração: nos quais a alma que ainda têm o que expiar haure novas forças, repousando das fadigas;

D. Ditosos ou felizes: o bem sobrepuja o mal;

E. Celestes ou divinos: habitações de Espíritos depurados (angelicais), onde exclusivamente reina o bem.
II. Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os felizes.
III. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se.
IV. Em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria
V. A Humanidade experimenta ainda nossas sensações e desejos, mas já se encontra liberta das paixões de que somos ainda escravos.

A. Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor;

B. Perfeita eqüidade preside às relações sociais;

C. Todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele;

D. Cumprem as leis divinas.
VI. Todavia, ainda não existe a felicidade perfeita. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente desmaterializados.
VII. Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação.
VIII. Contudo, o homem é ainda falível; se o homem não se houver firmado bastante no bem, pode recair nos de provas e expiação.
Contudo, é importante controlarmos nossa ansiedade, pois esta mudança não se dará da noite para o dia…
Se, por um lado, a ciência, a arte, e o conhecimento disponibilizado já estão condizentes para esta passagem, falta muito ainda em termos morais.
Sempre foi assim, e não será diferente agora. Após cada revelação, o Ser precisou realizar o desenvolvimento moral. Estava pronto para receber os germes; porem, mais intelectual que moralmente.
Por ocasião da 3ª Revelação (Espiritismo), já tínhamos sido informados sobre a chegada dos tempos.
“O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, (…) que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo (…); de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso, (…) e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.
São chegados os tempos em que se hão de desenvolver as ideias, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus. (…) Não se acredite, porém, que esse desenvolvimento se efetue sem lutas. Não; aquelas ideias precisam, para atingirem a maturidade, de abalos e discussões, a fim de que atraiam a atenção das massas. Uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão os espíritos (…). Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. (…)
A revolução que se apresta é antes moral do que material.”
3
E isso já há mais de 150 anos! Porem, a bem da verdade, este processo todo começou há muito mais tempo. Assistimos até aos nossos dias a três grandes revelações. O véu começou a ser retirado através de Moises, missionário enviado por Jesus, aonde recebemos o germe da Moral Cristã.
Ao analisar a característica das três revelações, o espírito Emmanuel 4 nos disse:
“Até agora, a Humanidade da era cristã recebeu a grande Revelação em três aspectos essenciais: Moisés trouxe a missão da Justiça; o Evangelho, a revelação insuperável do Amor, e o Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por sua vez, a sublime tarefa da Verdade. No centro das três revelações encontra-se Jesus Cristo, como o fundamento de toda a luz e de toda a sabedoria. É que, com Amor, a Lei manifestou-se na Terra no seu esplendor máximo; a Justiça e a Verdade nada mais são que os instrumentos divinos de sua exteriorização (…). A justiça, portanto, lhe aplanaram os caminhos, e a Verdade, conseguintemente, esclarece os seus divinos ensinamentos. Eis por que, com o Espiritismo simbolizando a 3ª Revelação da Lei, o homem terreno se prepara, aguardando as sublimadas realizações do seu futuro espiritual, nos milênios porvindouros.” 4
De forma resumida, assim poderíamos descrever:
MOISÉS
• Lei mosaica: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai (Os 10 Mandamentos), e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés (apropriada aos costumes e ao caráter do povo da época);
• Lançou as bases da verdadeira fé;
• Imposição ao povo pela força;
• Ratificou o “Olho por olho, dente por dente”.
JESUS
• Da antiga lei, manteve o que é eterno e Divino e rejeitou o que era transitório, puramente disciplinar e de concepção humana;
• Revelação da vida futura (Moisés não falou a respeito);
• Falou nas penas e recompensas que nos aguardam, depois da morte;
• Revela um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso;
• O amor a Deus e ao próximo, como condição da salvação.
ESPIRITISMO
• Confirma, explica e desenvolve as palavras de Jesus;
• Revela o mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo;
• O Espírita sabe donde vem, porque está na Terra, porque sofre, para onde vai, entende e aceita a justiça de Deus;
• Aprendemos que o Espírito progride, através da pluralidade das existências, até atingir o grau de perfeição que o aproxima de Deus;
• Pluralidade dos mundos habitados;
• Explica o livre-arbítrio.
Pontualmente, enxergamos estes três grandes momentos, mas, na realidade, o processo, em si, sempre foi contínuo. A natureza não dá saltos, e nem o Homem! À medida que se desenvolve intelectualmente, criam-se as condições propícias para recebermos mais ensinamentos do nosso Querido Mestre.
Antes da revelação, ocorre o desenvolvimento da ciência, das artes, da inteligência humana, para então nos chegar novas informações do mundo espiritual, e, daí, iniciarmos um novo ciclo de evolução moral. Numa espiral crescente e ascendente. Não sem lutas contra as novas idéias; até a capitulação, enfim, isto é, a aceitação destas.
Com o advento do Espiritismo, iniciamos mais uma destas espirais; a derradeira, para que ambos, a Terra e seus eleitos, possam entrar numa nova categoria. Subir de “divisão”…
Neste momento, compreendendo o significado das palavras de Bezerra de Menezes1, entramos na fase decisiva, em velocidade crescente, que nos lançará, nos próximos séculos, definitivamente, através do “portal” do Mundo de Regeneração.
O que nos falta ainda, última etapa deste processo, a exemplo das revelações anteriores, é darmos os passos necessários na evolução moral. Graças a Deus que recebemos o Espiritismo!
“É precisamente a revolução ética do Espiritismo que estabelecerá a ordem moral do mundo de regeneração. Aquilo que hoje chamamos ordem social, porque baseada nas relações de sociedades que implicam transações utilitárias, será de tal maneira modificada, que poderemos mudar a sua designação. A humanidade regenerada, embora ainda não tenha atingido a perfeição relativa dos mundos felizes, viverá numa estrutura de relações de tipo moral. Os valores pragmáticos serão substituídos naturalmente pelos valores morais, porque o homem não mais valerá pelo que possui (…), mas pelo que revela em capacidade intelectual e aprimoramento espiritual.” 5
Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça…


1 Mensagem de Bezerra de Menezes, recebida por Divaldo P. Franco no 3º Congresso Espírita Brasileiro, em 18/04/2010.
2 Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 3, itens 16, 17 e 18
3 Idem, ibidem. Cap. 1, item 9.
4 Emmanuel. O Consolador. Questão 271.
5 Pires, J. Herculano. O Espírito e o Tempo. Cap. V, item 3

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