Escândalos, até quando?

[Alexandre Serafim] dr.serafim@uol.com.br

Pode parecer estranho Jesus ter proferidos estas palavras: “Se tua mão é motivo de escândalos, cortai-a”. Soam de forma agressiva, mas estão bem registradas em Mateus (18:6-11 e 5:29-39). Além de bem discutidos no Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo 8, dos itens 11 ao 16.

Este ensinamento guarda uma relação profunda com moral e ética, pois quando falamos em escândalo, temos como sinônimo algo capaz de causar indignação, ferir os bons costumes e a moral, chocar. Além de provocar fatos que causem ofensas ou melindres.

Ou seja, escândalo está associado ao mal que podemos causar ao próximo, ou a uma comunidade, ou até mesmo ao planeta. E por consequência o mal que causamos a nós mesmos, já que temos por Lei colher aquilo que plantamos.

Jesus ainda refere que é necessário que os escândalos venham. Talvez pela sua ciência de ainda, no estágio que a humanidade se encontra, necessitarmos de algo que nos impressione de forma mais intensa, como um mecanismo de despertamento. Já que ainda vivemos muito na ilusão. Cabe a pergunta: Até quando precisaremos de escândalos para despertar e sair do automatismo?

Quando Jesus nos pede para arrancar o causador do escândalo e atirar ao fogo, pois essa seria a única forma de entrarmos no reino dos Céus; na verdade, está nos convidando a uma vida melhor, mas para tanto é necessário retirar o que nos impede a felicidade.

Jesus sabia que, seja qual for o prejuízo que causarmos ao próximo, é a nós que causaremos. A cada novo escândalo uma nova dívida a ser quitada. Malevolência, inveja, pré-julgamentos, ou qualquer outro motivo que leve a escândalos, gerando desconfortos a quem quer que seja, acarretará uma incoerência com um dos principais mandamento do Cristo: “Amar ao próximo”.   

Arrancar o que causa escândalo é busca de autoconhecimento, baseado na auto honestidade. O quanto ainda guardamos rancores, somos invejosos, julgamos ou queremos levar vantagens? E o quanto isso gera indignação e fere a moral e ética? O quanto ainda deixamos o instinto imperar sobre a racionalidade? Pontos importantes a serem autoquestionados.

Jesus pede para nos livrarmos do que nos impede de ascender na escala evolutiva espiritual. Do que ainda nos mantem atrelados a materialidade e suas consequências. Pede para nos livrarmos das iniquidades. 

Jesus sabia e a Doutrina espírita retifica que sempre seremos atraídos pelas mesmas energias que emitimos. Isso não é punição, é consequência.  Assim como somos atraídos também atraímos energias semelhantes e que emitimos, tanto no plano material como no espiritual. Aqui podemos modificar o dito popular para: “me mostre quem és e te direi quem está junto a ti”.

Como dizem, “o tempo urge”. Então até quando escândalos? Acredito que um pouco mais, para que o incomodo aumente e o desejo de mudar o panorama do mundo  e viver mais feliz seja a única vontade e opção de todos. Quando dermos menos oportunidades ao erro e seus malefícios e maior vazão ao bem, ao altruísmo, ao voluntariado, a perdoar e a caridade; os escândalos cessarão.

“Os mansos herdarão a Terra” (Mateus 5: 5).

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