Canção Final
[Nelli Célia] nellicelia@yahoo.com.br
A vida nos reserva surpresas, que muitas das vezes , elas nos acordam para vivermos melhor e com mais sabedoria e agradecimentos a Deus por nos mostrar caminhos outros com mais segurança e aproveitamento.
É o que acontece com esse poema de nosso Drumond de Andrade, que nasceu em 31 de outubro de 1902, em Itabira do Mato (Minas Gerais) e morreu 17 de agosto de 1987.
Drummond, sempre genial e criativo, retratando momentos que achamos serem os únicos para vivermos, e dali há pouco surgem em nossa frente uma nova situação que na hora nos assustam, mas depois passamos agradecer por haver acontecido.
O amor cria esses momentos inusitados e quando termina, sufocam-nos e achamos que nos foi tirado o chão onde pisamos, contudo, depois do desespero passar e das avaliações aparecerem, notamos com convicção que tudo isso não passou de um período que nos encantou, mas que a vida não é feita somente de encantamento e de “contos de fadas”, mas, sim, de realidade, de parceria, de afeto de confiança e principalmente de amor singelo e puro, o que encontramos onde nossas almas afins, e quando isso acontece, nada nos separa. Pode passar o tempo que for o amor, perdurará e seremos gratos a Deus por te vivido esse clima. Feliz daqueles que passam uma encarnação toda com esse afeto ao seu lado, são realmente “bem-aventurados” no amor, pois são merecedores dessa dádiva de Deus e seguem a Lei do amor ensinada pelo Mestre Jesus.
Carlos Drummond de Andrade
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Canção Final
Ah! Se te amei, e quanto!
Mas não foi tanto assim.
Até os deuses claudicam
Em nugas de aritmética.
Meço o passado com régua
De exagerar as distâncias.
Tudo tão triste e o mais triste,
É não ter tristeza alguma.
É não venerar os códigos
De acasalar e sofrer.
É viver tempo de sobra
Sem que me sobre miragem.
Agora vou-me. Ou me vão?
Ou é vão ir ou não ir?
Oh! Se te amei, e quanto,
Quer dizer, nem tanto assim.