Filhos da dor

[Aécio César] aeciocesarf@bol.com.br

Senhoras e Senhores,
dor… Precisaríamos tanto dela como correção e único remédio disponível para nossos arroubos bestiais? O que se passaria dentro de nós no sentido de não conseguirmos manejar o cabresto dos instintos sobre nossas tendências para o mal indiferente seja ele mental, oral ou investidas indecorosas? Até quando, nesse planeta, os justos pagariam pelos pecadores? Ou todos em geral, teriam uma dívida – de pequena ou grande monta – para si mesmo, para a família, para a sociedade, para a nação, para o planeta, para o sistema solar, para o universo, para com Deus?! Difícil equacionar uma realidade mais presente nesse quadro, não é mesmo?
Mas nessa semana, tentarei um raciocínio mais circunscrito às realidades em que nos defrontamos com os nossos egos do passado que interferem e muito no nosso Modus vivendus quanto àqueles outros egos de familiares, amigos e a sociedade como num todo. Sei que muitos não gostam que eu cutuque as feridas morais com a vara da sensatez que não suportamos sequer lembrar, quanto mais tentarmos corrigir-nos, concordam comigo? Mas, se estamos aqui nesse orbe acolhedor mesmo diante da vilania de um povo ainda muito mal-educado, saindo de comportamentos ainda bastante primitivos, haja novos bandeirantes altruístas para que venham com uma bagagem de experiência e bondade tentarem domar essa civilização; o hipócrita, essa raça de víboras nos dizeres do Mestre Divino.
Somos os filhos da dor por escolha nossa. Deus em momento algum castiga Seus filhos no sentido de não dar a eles a necessária corrigenda ante a Justiça Divina Inabalável e Justa. Nós
mesmos é que nos aprisionamos nas masmorras das incompreensões descontroladas que originam um caos de proporções inimagináveis.
Culpa da sociedade? Do governo? Da religião? Da família? Na verdade, de tudo um pouco. Os lares hoje em dia estão sendo uma arena sanguinária onde inimigos do passado se reencontram em um mesmo teto para certa reconciliação, mas sem o Evangelho nesse Templo Sagrado, haja templos e religiões lá fora no sentido de unir corações ainda maculados pela revolta, pela vingança, pelo ódio escrito e escarrado.
Não adiantará darmos uma de cordeirinhos nas Igrejas, Templos, Casas Espíritas se ao chegarmos em casa nos tornamos quais feras incontroláveis fomentando esse ambiente num campo de batalha onde sempre estará congesto de vibrações pesadas e alucinantes.
Sabemos que a equipe de Gúbio composta por André Luiz e Elói se encontravam encerrados num cubículo à espera da audiência com Gregório. Soltos, então, até a chamada do Chefe dos Gregorianos, eles passaram a observar mais detalhadamente aquela cidade estranha.
Até o final dessa matéria mostrarei para vocês certas peculiaridades do povo dessa cidade nas Trevas com a sociedade atual em que por ora se encontra abitolada em conceitos e pré-conceitos dos mais variados sintomas. Vejamos uma delas. “Aleijados de todos os matizes,
idiotas de máscaras variadas, homens e mulheres de fisionomia torturada, iam e vinham.” Notaram alguma semelhança com a nata humana dos tempos atuais que quer ser imponente, ser o que ainda não é, convivendo reciprocamente com os mesmos pensamentos, sentimentos, desequilíbrios e inclinações insuportáveis que em si próprios mesmo indesejáveis se suportam?
Aleijados da cobiça, da inveja, do orgulho avassalador e insensível, da vaidade sem noção; idiotas com as máscaras insustentáveis de um poder que na verdade não são deles e sim,
manipulados por forças das trevas que muitos não acreditam existir, mas mesmo tendo esse pensamento disléxico, elas usam e lambujam desses seus marionetes. É um espetáculo de horrores, isso sim; homens e mulheres de fisionomias torturadas pela competitividade ferrenha e mais das vezes nociva, onde o dinheiro fala mais alto para uma sociedade em
que se asfixia, nele, todo ímpeto de agressividade, ignorância e insensatez.
Em outra brilhante citação encontramos: “Gritos humanos, filhos da dor e da inconsciência, eram frequentes, provocando-nos sincera piedade”. Já deveríamos ter saído dessa fase de demência em que ainda nos encontramos. Já era tempo de termos em nós a consciência de que fora de amarmos a Deus acima de tudo e de todos e ao próximo como a nós mesmos, ficaremos nesse vai e vem de reencarnações e desencarnações até que aflore em nós – enquanto ainda temos luz – a cisão da Caridade como forma única de salvarmos nossa alma.
Muitos dizem que a religião ainda é necessária na vida do homem. Pode até ser. Mas em que sentido, porque o que vemos aí é uma guerra inconsequente que ao invés de unirem-se, cada vez no Cristianismo Redivivo, se distanciam umas das outras num misto de brigas externas e internas. Não seria melhor todos nós deixarmos os rótulos religiosos e unirmos no campo da fraternidade legítima auxiliando aqueles mais desgraçados que nós? Pensemos, pois, nisso.
Creio que enquanto deixarmos às moscas da invigilância envenenarem nossos lares, não haverá prece ou religião que nos conserte e que puxe o freio das nossas incontidas vicissitudes. O verdadeiro templo a que devemos sagrada prestação de contas religiosas
para com Deus são nossos lares. Sem sombra de dúvidas. E o que nos falta para despertarmos para esse desiderato? Enquanto não voltarmos os olhos para eles, a sociedade que são seus aglomerados, estará sujeita às vibrações das Sombras sinistras, comandadas sistematicamente por elas e com elas transformaremos, juntos, a Terra numa verdadeira Cidade Estranha para nós mesmos e para as nossa s gerações vindouras.
Sempre estou a observar o ser humano em si. Não sou formado em nenhuma parte da Medicina dos homens para analisar, com tino, as fraquezas, os desatinos, as incompreensões que nadam de braçada contra as Leis Divinas que nos governam. Pedimos paz ao mundo, mas cada um de nós se encontra de tochas da maledicência nas mãos; pedimos união entre os povos, mas sempre estamos armados com a incredulidade que as religiões para muitos não passam de fachadas. Pedimos liberdade, mas as expressões em suas várias peculiaridades estão sendo substituídas por aniquilamento do bom-senso e da razão. E assim, desejamos um mundo melhor? Como envolvermos da Luz Maior de Deus, encobrindo-nos no alqueire da insensatez e da loucura?
Pessimismo da minha parte, pensarão muitos. Mas se a carapuça coube, não tenho culpa se as vezes a verdade dói no nosso mundinho íntimo egoísta. Podemos virá essa maré de sombras em nosso caminho? Decerto que sim, desde que testemunhemos nosso amor a Deus acima de tudo e de todos e ao próximo como a nós mesmos através da prática da Caridade. Amemo-nos primeiro para que possamos doá-lo com mais diapasão na nossa credibilidade da fé raciocinada e tendo a Caridade como nossa única religião que nos salvará e nos fará sair desse pântano em que se tornou nossa suposta adoração aos santos como alavanca de milagres que nunca acontecerão. Comigo, leitor Amigo?

Um comentário em “Filhos da dor

  • 20 de julho de 2022 em 18:25
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    Excelente texto.
    Parabéns!

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