O curso Terra

[Carlos Eduardo Cavalini] carloseduardo.cavalini@hotmail.com

Era uma vez um jovem que tinha acabado o ensino médio e ansiava em dar continuidade aos seus estudos. No quadro referente aos cursos, observou um que lhe chamou a atenção: curso superior de amor e justiça. Sentiu-se atraído por aquele curso e foi procurar seus superiores em busca de maiores informações. Conversando com os amáveis mestres e doutores, soube de alguns lugares que ofereciam aquele curso, entre eles, um pequeno planeta chamado Terra. Disseram-lhe que a carga horária era de duzentos e cinquenta vidas.
— Tudo isso? — perguntou o rapaz, espantado.
— Sim, é um número aproximado. Algumas pessoas se esforçam e conseguem completar o curso antes. Outras, demoram um pouco mais. Em alguns casos podem até ser transferidas de planeta, caso não consigam completar a carga horária no tempo estimado — explicou o orientador. — A grade curricular vai ficar registrada naquilo que chamamos de “registro akáshico”. É um registro bastante amplo, que compreende tudo aquilo que você experimentou, experimenta e experimentará num sentido único. Entretanto, enquanto estiver realizando o curso não poderá se lembrar disso, para um melhor aproveitamento do mesmo.
O orientador mostrou uma tela do planeta Terra para o estudante, que bastante confuso e intrigado perguntou:
— Mas como posso aprender sobre o amor e a justiça se tudo o que vejo é desamor e injustiça?
— Afirmo que este é o melhor lugar para se aprender sobre essas coisas. Para conhecemos o amor, é necessário saber tudo sobre o seu oposto; para aprendermos sobre a justiça, é preciso conhecer a fundo a injustiça; para sabermos o que significa confiança, devemos primeiro entender sobre desconfiança e traição; se quisermos saber sobre a honestidade, a desonestidade vai nos mostrar o que não deve ser feito. E assim se procede com toda a lição que temos à nossa frente, pois experimentando as consequências do “lado contrário”, certamente não cometemos as mesmas falhas e incorporamos o ensinamento para sempre. Todo mago branco, já foi antes um mago negro, por isso se tornou um guerreiro da luz, pois compreendeu o que é a sombra.
O orientador mudou a tela e mostrou um país daquele planeta. Continuou:
— Está vendo aquele lugar? O nome daquele país é Brasil. Percebe como está inflamado de injustiça e corrupção? Os habitantes daquele país estão aprendendo tudo o que podem sobre a injustiça e a corrupção. No tempo certo se tornará o país da justiça e da compreensão, pois já terão experimentado a fundo o outro lado da moeda. Este é o ensinamento.
— Será mesmo? E quanto aos outros países em guerra, ou até mesmo nas grandes cidades, o alto índice de violência? Parece que não há saída para esse planeta — disse o estudante, ainda duvidoso e desanimado.
— Quando se varre uma casa a poeira sobe e seus moradores a sentem em seus próprios olhos. É exatamente isso o que está acontecendo. Tudo aquilo que se encontra encoberto no planeta está sendo revelado. A “sujeira” está sendo varrida. E quando se varre a “sujeira”, é isso o que fica em evidência. Por isso se acredita que é tudo o que existe. Mas não é verdade. Logo a poeira se dissipará e os olhos daqueles que habitam o pequeno e maravilhoso planeta Terra enxergarão uma nova realidade, isto é, se estiverem dispostos a vivenciá-la afirmou o orientador.
O jovem se mostrou mais aliviado diante daquela explicação.
— Está decidido! Vou fazer esse curso! — disse ele.
— Vá em paz, meu irmão, não tema! Aqueles que lá estão são seres espirituais encarnados na Terra, e não o contrário. Estão lá para resgatar aquilo que já se encontra neles mesmos. E agora, você fará o mesmo. Nós nos vemos daqui a algumas Eras!