EDITORIAL No. 103 (Setembro, 2022) – Na terra do Cruzeiro

[Fabio A. R. Dionisi] fabiodionisi@terra.com.br

Diante de tudo que está acontecendo nos últimos anos, é compreensível quanto ao questionamento sobre o motivo de tamanho conflito entre a realidade atual e os objetivos gloriosos traçados por Jesus Cristo para o Brasil, há cerca seiscentos anos.
“Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas.” 1
Estamos cientes, graças a espiritualidade amiga, que neste exato período enormes esforços são engendrados na terra do Cruzeiro, na terra da esperança, por grandes legiões espirituais que estão se movimentando para que os valores morais sejam preservados; que, em nosso orbe, se baseiam no pilar da moral judaico-cristão.
Contudo, não é preciso fazer muito esforço para enxergarmos o que está acontecendo em nosso planeta, e, principalmente, aqui em terra brasiliense, onde tudo parece andar na contramão do que nos ensinou o Messias e seus enviados.
De forma acintosa, dia após dia somos bombardeados, mormente pelos meios midiáticos, com mensagens que tentam destruir os nossos valores de berço, ancestrais. Principalmente aqueles que constituem nosso patrimônio mais precioso, oriundos da educação judaica e cristã.
Conscientemente ou não, isso não sabemos, mas, o que é certo é que por detrás de tudo isso também se encontram aqueles que assim o desejam. Tanto deste plano físico, quanto do mundo invisível aos nossos olhos carnais.
Certa feita lemos que a “Besta”, citada no Apocalipse de João, poderia ser simbolizada com o que os meios televisivos estão conseguindo fazer. Se eles são de fato a “Besta” isso não importa; porém, o que se constata é que ela realmente deturpa os valores judaico-cristãos; mormente aqueles relacionados com a família; a célula mater, esteio da sociedade.
Isso nos faz lembrar que foi a partir do momento em que ela foi vilipendiada em Roma, o Império Romano começou a se esfacelar. Enquanto as matronas romanas eram respeitadas e mantinham seu papel de pilares da sociedade, ele cresceu com sustentabilidade; porém, a partir do instante que o respeito, pela mulher e pela família, deixou de existir, quando a luxúria, a libertinagem e a devassidão instalaram-se na sociedade, em paralelo a crescente corrupção, Roma amargou o seu declínio. Paulatina e inexoravelmente, até a sua queda definitiva com as invasões dos bárbaros (godos, visigodos, vândalos, alanos, hunos, burgúndios, alamanos, rúgios, etc.), ocorridas no quinto século de sua existência, em plena Era Cristã.
E o quadro se repete mais uma vez…
Hoje é muito comum, ao assistirmos os programas televisivos, vermos a sensualidade banalizada, cenas de traição, de adultério, de vingança, como se fossem a coisa mais natural.
Antigamente, quando estes vícios morais eram abordados, da forma como as cenas eram montadas, tínhamos a impressão de que seus protagonistas sentiam, ou pareciam saber, que estavam fazendo algo errado; hoje, além externalizarem como se fizessem parte do cotidiano, os atores revestem de comicidade suas perversidades, como se tudo fosse permitido e aceitável. De forma jocosa representam seus papeis, como se esse fosse o padrão esperado para a sociedade moderna.
Daí a preocupação, dos benfeitores espirituais, de que os valores sejam preservados.
Sem isso, nossa sociedade afundará cada vez mais, considerando-se que ela já está mergulhada num charco de paixões…
Quanto à corrupção, diante do descalabro que estamos assistindo, tanto no meio das nossas lideranças (executivo, judiciário e legislativo) quanto empresarial, que chega às raias da insanidade e do inacreditável, em sã consciência e a bem da verdade não podemos nos excluir. A corrupção graça, igualmente, em nosso seio.
Todas as vezes que usamos da propina para facilitar o andamento de um documento ou para evitar uma multa merecida, quando fraudamos o imposto de renda, elegemos políticos que sabidamente não amam este País e seu povo, para recebermos em troca benefícios, num escambo pernicioso a todos, não somos menos culpados sob o ponto de vista ético-moral.
Que diferença existe entre se apropriar do que não é nosso, quando, por exemplo, adulteramos o imposto de renda, e o político que exige um pedágio de uma empreiteira? Obviamente, sob o ponto de vista do prejuízo o segundo é muito maior, mas quanto aos aspectos éticos, é tudo o mesmo.
Ultimamente, nossos líderes, na ânsia pelo acúmulo do argent que não lhes pertencem, demonstram não amar o seu povo; ao desviarem recursos tão vitais, como os da educação e da saúde, deixam de praticar o dever, e, principalmente, a caridade para com os mais desvalidos, pois, ao invés de aliviarem as dores de uma população tão carente como a nossa, lambuzam-se nas riquezas que deveriam reverter de forma justa, sábia e honesta.
Como ainda são atuais as palavras de Emmanuel: “Peçamos a Deus que inspire os homens públicos, atualmente no leme da Pátria do Cruzeiro, e que, nesta hora amarga em que se verifica a inversão de quase todos os valores morais, no seio das oficinas humanas, saibam eles colocar muito alto a magnitude dos seus precípuos deveres. E a vós, meus filhos, que Deus vos fortaleça e abençoe, sustentando-vos nas lutas depuradoras da vida material.” 1
Felizmente, para o nosso bem e saúde, graças ao Espiritismo ainda acreditamos que isso não perdurará. A nação não ruirá, os usurpadores de plantão deixarão de prejudicar o povo, e a fome será erradicada destas terras.
Graças ao bom Deus, a sua providência divina está a nos amparar para que isso não ocorra mais em terras brasileiras; a mesma providência que preservará a base da sociedade, que é a família, e nem permitirá a dissolução da moral judaico-cristã, tão arduamente implantada por Jesus.
Os maus representantes da nação, os inescrupulosos, os ávidos pelo vil metal, os que desfraldam há décadas esta campanha nefasta contra os valores morais que recebemos dos nossos ancestrais, e, enfim, todos aqueles cujos corações não têm espaço para o Criador, não vencerão! Jamais derrotarão a Luz!
E no que se baseia esta fé? Por sermos sabedores de que esta grande nau tem o melhor timoneiro que uma tripulação poderia contar: o Nosso Senhor Jesus Cristo!
O Governador Espiritual do planeta Terra, o irmão mais velho e infinitamente mais sábio, que nos fez uma preciosa promessa: “— Mestre — diz Helil — graças ao vosso coração misericordioso, a terra do Evangelho florescerá agora para o mundo inteiro. Dai-nos a vossa bênção para que possamos velar pela sua tranquilidade, no seio da pirataria de todos os séculos (…). Jesus, porém, confiante, por sua vez, na proteção de seu Pai, não hesita em dizer com a certeza e a alegria que traz em si: — Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopeia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. As injunções políticas terão nela atividades secundárias, porque, acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os espíritos. Sobre a sua volumosa extensão pairará constantemente o signo da minha assistência compassiva e a mão prestigiosa e potentíssima de Deus pousará sobre a terra de minha cruz, com infinita misericórdia.” 1 (p. 32)
Por isso, ninguém se iluda. Até podemos criar pequenos embaraços à sua excelsa missão; contudo, certamente, serão seixos insignificantes que serão varridas deste orbe; que jamais poderão evitar que Seus objetivos sejam atingidos…
Brasileiros, como nos exortou Humberto de Campos, nunca olvidemos do valor espiritual do nosso grande destino. Engrandeçamos a pátria do Cruzeiro com o cumprimento do nosso dever, na ordem e progresso que merece, e traduzamos a nossa dedicação e compromisso mediante o trabalho honesto, diante do seu inolvidável papel no contexto dos destinos deste planeta Terra.
À despeito do quadro atual, permaneçamos todos unidos e na paz gloriosa do Nosso Rabbi querido!

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1 XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. 19. ed. Brasília: FEB, 1992.

4 comentários em “EDITORIAL No. 103 (Setembro, 2022) – Na terra do Cruzeiro

  • 4 de setembro de 2022 em 20:06
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    Sempre muito esclarecedor obrigada. Gostei muito deste livro e de suas explicações também.

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  • 25 de outubro de 2023 em 13:10
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    your website is very good, congratulations on the content.

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    • 25 de outubro de 2023 em 13:51
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      Ariela, thank you so much. Nice that you have enjoyed
      Best regards, Fabio

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