Esperança x Confiança

[Carlos Eduardo Cavalini] carloseduardo.cavalini@hotmail.com

Uma das grandes dificuldades do ser humano é tomar uma decisão – qualquer que seja – e assumir a responsabilidade por ela. Geralmente é preferível responsabilizar outras pessoas pelos nossos atos e por todas as vicissitudes que passamos. É mais fácil culpar alguém pela nossa infelicidade. Consequentemente esperamos que algo aconteça – ou alguém apareça – para reverter esse quadro tão lastimável que se tornou nossas vidas. Precisamos ter esperança. Esperança de que no futuro o mundo se torne melhor, para nós e para nossos filhos ou netos. Esperamos que o nosso governo deixe de ser tão corrupto e aja em prol do seu povo. Esperamos talvez que surja um “salvador”, um ser divino que nos estenda a mão e nos tire dessa situação desesperadora que estamos passando. Desculpem-me, mas não há “salvador”. Ou melhor, existe sim um “salvador”, é aquele que dorme dentro de cada um de nós e aguarda pacientemente para ser despertado.

Enquanto estivermos esperando por algo ou alguém, estaremos projetando nossa energia para o futuro. A esperança nos projeta para o futuro, para algo que não pode existir exatamente por “estar lá na frente”. Precisamos resgatar essa energia para o presente, para o aqui e agora. Mais do que isso, é necessário admitirmos e internalizarmos que tudo o que nos acontece na vida é de nossa inteira responsabilidade. Atraímos de forma inconsciente pessoas e acontecimentos. Se estamos passando por alguma necessidade ou dificuldade, por certo isto está ocorrendo por que inconscientemente atraímos todas essas coisas para nossas vidas.

Mas como posso ser responsável por algo que nem sei de que forma atraí para minha vida e por que não consigo perceber esse fato? Primeiro, por que é mais fácil responsabilizarmos outras pessoas pelo que nos acontece. Segundo, por que estamos sempre esperando que alguém faça o nosso trabalho. Surge uma íntima relação entre o passado e o futuro com essas duas questões. Mas e o presente, o que fazemos dele? Não o damos a devida atenção. Quando não estamos no passado, estamos no futuro, e o presente é esquecido. Perpetuamos uma energia que sempre nos faz retornar para aquilo que não desejamos. Quando nos sentimos infelizes, desanimados, estressados ou até mesmo com raiva, estamos de maneira inconsciente projetando essa energia para o universo. E é exatamente essa energia que vai voltar para nós. Dessa forma, somos responsáveis pelo que nos acontece.

Parece realmente horrível admitirmos que somos “culpados” por nossas infelicidades. Mas agora vem o outro lado da moeda: se somos responsáveis por tudo o que ocorre em nossas vidas, então podemos modificar nossos atos agora mesmo para alcançar aquilo que desejamos. Deveria ser essa uma descoberta fantástica! Quando assumimos nossa responsabilidade, tudo se modifica. Esse mundo é um verdadeiro palco e somos ao mesmo tempo atores, diretores, roteiristas e também a própria plateia. Esse é o nosso jogo, o nosso número, o nosso espetáculo, o nosso mundo, a nossa vida! Sejamos, então, confiantes! Que a confiança em nós mesmos, talvez um tanto adormecida, ressurja e guie cada um de nossos passos. Não há o que temer, pois em nosso íntimo sabemos que uma força irresistível aguarda por ser despertada. E é essa força que faz com que tenhamos a confiança necessária para nos mover pela vida.

Que a esperança seja substituída pela confiança. Não há mais necessidade de se ter esperança, não precisamos mais esperar um “salvador”. O que precisamos é prestar atenção no momento presente e compreender por que motivo agimos de determinada maneira. Qual a crença oculta que carregamos dentro de nós mesmos que faz com que tenhamos os mesmos pensamentos, os mesmos sentimentos, que consequentemente “nos empurram” para uma determinada ação, atraindo uma série de eventos para nossas vidas? Sejamos corajosos a ponto de olhar para dentro e assumir o nosso papel “nesse mundo”, com a confiança de um verdadeiro viajante, que é o que de fato somos.

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