Mendigos da Alma
[Livro: Na próxima dimensão (Cap. 1) – Dr. Inácio Ferreira – Médium Carlos Baccelli] [Aécio César] aeciocesarf@bol.com.br
Mendigos… A primeiro exame que vem à nossa consciência, é todo aquele que pede esmolas, do dinheiro ou de doações que recebe de outras pessoas. Pensarão muitos: “Bom… Esse não é o meu caso, graças a Deus porque tenho tudo em minha casa.” Porém, para esses que assim pensam, peço que repensem no sentido de que somos realmente mendigos na melhor acepção dessa palavra.
Somos carentes de quase todos os atributos de um ser ainda humano. Carecemos de conhecimentos que elevem nosso raciocínio no sentido de não precisar de intervenção externa que nos facultem um melhor entendimento sobre a nossa precariedade espiritual que não aceitamos necessitados.
Sempre estamos a digladiar com os outros o que não aceitamos em nós. Carecemos de espiritualidade no nosso próprio espírito ainda empedrado pelas sujidades dos vícios, aqueles sutis, tidos como “inocentes” que passam despercebidos da nossa consciência. E pelo andar da carruagem ainda iremos lidar com eles por tempo indeterminado porque não desejamos sair dessa zona de conforto a que tanto apegamos.
Dr. Inácio se entretinha com a sua consciência quanto ao lugar espiritual em que se encontrava narrado no seu livro “Na Próxima Dimensão” através do médium Carlos Baccelli. “Ora, eu estava morto e, no entanto, da vidrada em que observava o movimento lá fora, a paisagem humana, em quase tudo, me lembrava o mundo que eu havia deixado…”. Não quero decepcionar aqueles que creditam ao morrer irão ficar em névoas esvoaçantes sem ter um destino certo a seguir. A paisagem observada pelo doutor, lembrava o mundo que deixara, ou seja, era uma paisagem também humana.
Tem um ditado que diz: “Deus escreve certo por linhas tortas”. Sem titubeios, eu corrijo esse provérbio: “Deus escreve certo… Nós é que entortamos Suas linhas, Suas diretrizes, Suas leis. Todo ser criado tem um único objetivo: a perfeição segundo a si mesmo, na família, na sociedade, no estado em que mora, no país em que faz parte, no planeta, no sistema solar, no conglomerado de galáxias… Mas nunca a perfeição absoluta, pois Absoluto mesmo só Deus. Mas a sabedoria a que todos nós nos destinamos, está além da nossa capacidade, hoje, de compreensão.
Já parou para pensar alguma vez o que seria a Lei da Relatividade? Não sabendo ou sabendo, mesmo assim vejamos: Segundo o estudioso José Reis Chaves “Einstein era muito religioso. Seu Deus era o de Espinosa: “A alma do Universo”. E chamava Deus de Lei. Sua Teoria da Relatividade ensina que um ser, deslocando-se na velocidade da luz (300 mil km por segundo), teria peso infinito ou maior do que o do Universo…”. E segundo Dr. Inácio: “… para os que morrem, a morte não encerra mistério algum; a nossa única expectativa que não se frustra é a que se refere à sobrevivência”. Uma, a grosso modo se refletirmos bem, combina com a outra, não é mesmo, ou seja, sendo espírito mesmo encarcerado em um corpo composto de células vivas, faz com que seu pensamento viaje à velocidade da luz, onde no Infinito ele navegará pela eternidade afora irradiando sua energia quântica a quem dela poder decifrá-la. “Decifra-me ou te devoro”. Lembra-se do enigma da Esfinge?
Como disse tão bem o ilustre psiquiatra, já fazendo parte do mundo dos supostos mortos: “Eu era então um náufrago que não queria largar a tábua de salvação; mesmo na condição de espírita, o Desconhecido, que se me escancarava, me infundia medo, pavor…”. Para Dr. Inácio dizer isso, a situação de muitos espíritas, aqui no caso, ou até mesmo de muitos fieis de outras crenças, vai soçobrar com as ideias esdrúxulas que perquirem sobre a imortalidade. “Sei que nada sei”. Disse o “simplório” Platão aos ditos sábios do mundo.
Para aquiescer sua fome de conhecimento, sentindo-se, a meu ver, como um mendigo sem órgãos necessários para compreender sua síntese existencial: “A cura do espírito, sem dúvida, era mais complexa do que supunha. Bendita a Reencarnação, bendito o Esquecimento!”. Através dela, do reino mineral, reencarnamos para o reino vegetal; do reino vegetal para o animal; do animal ao homem; do homem ao anjo. E, em todas elas, a Lei do Esquecimento atua como uma esponja que suga, vamos dizer assim, todas as nossas criações mentais deixando-as em estado latente para que, vez outra, possa interceder bem ou mau com os nossos pensamentos e sentimentos na presente existência. Fica a dica.
E para concluir o raciocínio do Dr. Inácio: “… o choque psíquico que a reencarnação promove no espírito, o despertar da consciência não aconteceria e a cura definitiva dessa doença chamada imperfeição jamais se consumaria”. A reencarnação não deixa de ser a mola propulsora do Espírito se imortalizar consciente das suas prerrogativas de elevação. É a transformação da lagarta no casulo das imperfeições tornando-se em espírito e verdade. Difícil compreensão? Raciocinemo-nos, pois.
A roda das reencarnações é qual buril que vai aos poucos tirando as arestas do mal do corpo mental do espírito em jornada de aprendizado e experiência. Sabemos que um homem mau na Terra será também mau nos planos espirituais, porque a morte não transforma joio em trigo de uma vez só. Demanda tempo necessário para que a Centelha criada por Deus venha a voltar a ter a consciência de que necessita subir degrau a degrau na escada do infinito, ou melhor dizendo, a Escada de Jacó dos textos bíblicos.
Como podemos observar até aqui, temos muito que amealhar de conhecimentos, e, ainda sendo ou náufragos, ou simplesmente pedintes das dádivas celestiais, temos obrigação de aceitá-las, compreendendo-as como sendo nosso álibi para as regiões superiores àquelas, em que, nos encontramos hoje. À medida que se vai passando de ano na Escola da Vida, vamos conquistando méritos, bônus-hora para adequarmo-nos às Próximas Dimensões.
Para fortalecer ainda mais esse nosso relato, vamos refletir em mais uma preciosidade do Dr. Inácio: “A maior surpresa da morte, depois da constatação da própria imortalidade, é, sem dúvida, a de que não passamos de seres humanos, limitados por dentro e por fora…”. Com ele, meu Caro Leitor Amigo?