A Lei do esquecimento

[José Dutra] dutra2507@hotmail.com

O que é o esquecimento do passado?
É o esquecimento, na atual encarnação, de quem fomos e do que fizemos em outras vidas.
Em que momento ocorre o esquecimento do passado?
No processo de reencarne.
O esquecimento do passado é obrigatório ou opcional?
É obrigatório. Faz parte do processo reencarnatório.
Por que esquecemos do passado?
A Codificação Espírita 1 nos ensina que é porque a lembrança do passado pode atrapalhar nosso desenvolvimento. Se Deus, na sua infinita sabedoria, “considerou conveniente lançar um véu sobre o passado, é que isso deve ser útil”.
Em outras vidas, muitas vezes passamos por provas e expiações rudes, cujas lembranças seriam penosas e aumentariam as angústias da vida presente. Poderiam exaltar o nosso orgulho, se fomos ricos ou poderosos, ou nos humilhar, se fomos criminosos ou pervertidos. Quantas pessoas, nesta mesma vida, gostariam de lançar um véu no passado e dizem: “Se eu pudesse recomeçar, faria de forma diferente.” Mas, se for tarde para recomeçar nesta vida, podemos recomeçar em outra. Em cada nova existência, o espírito traz a intuição das suas decisões e tem um novo ponto de partida, uma nova página em branco para escrever sua vida. Em cada reencarnação, o espírito é uma pessoa nova.
Qualquer indivíduo que tenha uma mancha negra em sua conduta, por exemplo um ex-presidiário, frequentemente passa por dificuldades para recomeçar sua vida, porque a sociedade, de um modo geral, tem um certo preconceito. É como se todos vissem nele, primeiro o ex-presidiário, depois alguém que quer ter uma vida digna. Contudo, na reencarnação e com a lei do esquecimento, ele poderá recomeçar sem nenhum preconceito desse tipo, porque ninguém vê um ex-presidiário numa criança pequenina e indefesa.
“Acrescentemos ainda que, se tivéssemos a lembrança de nossos atos pessoais anteriores, teríamos a dos atos alheios, e esse conhecimento poderia ter os mais desagradáveis efeitos sobre as relações sociais.” Alguns poderiam querer cobrar velhas dívidas, outros reaver velhas posses ou direitos.
Frequentemente renascemos no meio das mesmas pessoas com quem convivemos em outras vidas, porém com novas relações, a fim de repararmos nossas faltas recíprocas e progredirmos juntos. Mas, se lembrássemos que um familiar ou amigo foi um grande desafeto em outras vidas, talvez o ódio reaparecesse, tornando a convivência difícil, e as oportunidades de reparo ficariam prejudicadas. Poderíamos nos sentir humilhados e atormentados pela culpa e remorso na presença das pessoas a quem ofendemos, ou sentir o desejo de vingança contra aqueles que nos ofenderam. Alguém que foi nosso carrasco ou nossa vítima, hoje pode ser nossa mãe, nosso filho, irmão ou amigo. Com a lembrança do passado, como seria o relacionamento familiar ou social com essa pessoa?
André Luiz nos diz: “Sem o esquecimento transitório, não saberíamos receber no coração o adversário de ontem para regenerar-nos, regenerando-o. A Lei é sábia.” 2
O oposto também é válido: se lembrássemos que alguém foi um grande afeto, nossas ações poderiam ser tendenciosas. Às vezes, por força da lei de causa e efeito ou da necessidade evolutiva, um ente querido pode reencarnar em outro ambiente. Qual seria nosso equilíbrio ao saber que ele nasceu justamente na família do inimigo de outrora?
Sem as lembranças do passado, o espírito tem mais liberdade, “é mais ele mesmo”. Ermance diz: “Se lembrássemos das vivências que esculpiram no campo mental as tendências atuais, ficaríamos certamente na costumeira atitude defensiva, responsabilizando pessoas e situações pelas decisões e comportamentos que adotamos. (…) Não sabendo a origem exata das nossas tendências, ficamos entregues a nós mesmos sem poder culpar a ninguém, nem a nada. Temos em nós o resultado de nossas obras, eis a lei.” 3
O que fomos e fizemos em outras vidas, cuja lembrança poderia atrapalhar nossa vida atual, deve permanecer lá, no passado. O esquecimento do passado é providencial, e demonstra a sabedoria divina. Deus sabe o que faz.


1 KARDEC, Allan Kardec. O livro dos espíritos. Q. 392 e 394; O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. V. Itens 5 e 11; A gênese. Cap XI. Item 21.
2 XAVIER, Francisco C. Entre a terra e o céu. Cap. 8. Pelo Espírito André Luiz
3 OLIVEIRA, Wanderley S. Reforma íntima sem martírio. Ditado pelo Espírito Ermance Dufaux. Cap. 5.

2 comentários em “A Lei do esquecimento

  • 14 de julho de 2024 em 18:09
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    Como Deus é maravilhoso e cuida de nós o tempo inteiro enviando seus mensageiros celestes.Cada um de nós temos através de nossos mentores e anjo guardião.

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