Procurando Deus

[Flávio Rolim] frolim.goeasy@gmail.com

De repente senti muita vontade de falar com Deus. Um enorme impulso de encontrá-Lo me fez ficar atento, pensando como e onde eu poderia buscá-Lo, vê-Lo e conversar com Ele.

Comecei a prestar atenção em tudo e em todos, sabendo instintivamente que por ali Ele estaria, em algum lugar! Bastaria um olhar mais cuidadoso para vê-Lo e falar com Ele.

Senti que no burburinho da cidade não O acharia. Por conta da nossa pressa sem sentido e preocupações outras, não pensamos nEle e não pensando nEle, não podemos, ou não queremos, estar com Ele e nem saber onde Ele poderia estar.

Fui ao nível do mar com a intenção firme de vê-Lo e vendo, conversar com Ele. Não O vi, mas O senti na majestade do oceano, na imensidão das águas, organizadamente indo e vindo em ondas brancas. São tantas águas que elas poderiam engolir tudo que não fosse água, mas creio que assim não fazem por direta obediência a Ele! Isso eu sei! Se não sei, é assim que eu sinto! E as marés!? O vai-e-vem sistemático de tanta água em tantas praias opostas, coisa que não entendo, mas deve ser assim mesmo, porque é assim que acontece desde sempre.

Pensei no quanto ainda não sabemos dos oceanos e no quanto temos maltratado esses oceanos. Imaginei o quanto essas águas, que cobrem dois terços de toda a Terra, nos forneceria se soubéssemos mais delas e do que elas tem para nos oferecer. Um mundo à parte, dentro do nosso mundo. E eu, tão pequeno diante de tanta grandeza, querendo vê-Lo e conversar com Ele. Que disparate! Naquele momento, queria eu, como tantas criaturas que vivem abaixo da linha da água desse mundo à parte, ser também um ser aquático e me sentir todo envolto no que é a criação dEle.

Fui aos campos e não O vi, mas O sentia ainda mais perto. Sabia que Ele tinha passado por ali, deixando o perfume dEle em toda a relva, perfumando todas as flores! Ele deixou as suas cores em tudo que eu via. A harmonia e a beleza das coisas com suas cores e seus perfumes me davam a certeza de que Ele tinha estado por ali. Ali Ele deixou pegadas e elas criaram os caminhos para as águas correrem, formando riachos de águas cristalinas. Bebi dessas águas antes de seguir até onde as águas brotavam, na esperança de lá encontrá-Lo e conversarmos. Subi as encostas das montanhas seguindo as Suas pegadas no riacho de águas cristalinas até onde as águas brotavam e vi mais do que minha vista podia alcançar.

Já não via só com os olhos de fora, via com os olhos de dentro. Do alto daquela montanha vi a Sua marca na paisagem dos campos, em tudo que era vivo e tudo era vivo! Tudo tinha um propósito. Vi a ação amorosa dEle em cada horizonte que minhas vistas, de dentro e de fora, podiam enxergar e olhando para cima vi aves bailando no ar, dando conta de que Ele tinha passado por ali, naquele céu pintado de um azul celeste, com alvos pedaços de algodão enfeitando o azul do céu, que só podia ter sido criado por Ele, pois pintar o céu com aquele tom de azul, homem nenhum jamais conseguiria.

O dia chegava ao fim e o sol, que entrava no horizonte que minha vista podia enxergar, pintando tudo em tons de um suave e inebriante dourado, confirmava que Ele tinha estado também por ali. O manto luminoso que ia cobrindo o dia, escondendo a luz do sol e dando lugar à luz da noite, tinha também a assinatura dEle, pois tecelão nenhum conseguiria tecer um manto tão lindo, com tantas luzes e tão grande, que cobria todo o dia, dando lugar à noite.

Adormeci ouvindo o som das águas cristalinas correndo sobre as pedras no riacho criado nas pegadas dEle. Adormeci sentindo o perfume da terra molhada pelo orvalho que suavemente cobria tudo. Adormeci agasalhado pelo manto luminoso que Ele havia tecido e sonhei. E no meu sonho eu O encontrei e conversamos e Ele me disse que sempre estaria em tudo, uma vez que tudo era Sua criação. E me disse que se quiséssemos saber dEle, que olhássemos com mais ternura para a natureza, pois nela Ele estaria. E me disse mais! Disse que se quiséssemos realmente encontrá-Lo, estar e conversar com Ele, em qualquer tempo, em qualquer lugar, que O procurássemos dentro de nós mesmos, pois ali Ele sempre esteve e estaria para todo o sempre, pois éramos a Sua mais querida e principal criação.

Flávio Rolim

Um comentário em “Procurando Deus

  • 11 de agosto de 2024 em 23:06
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    🙏👍❣️muito lindo e profundo! Gratidão.

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