Formas pensamentos também influenciam o ser encarnado
[Fabio Dionisi] fabiodionisi@terra.com.br
“Os nossos pensamentos nada mais são que ‘moldes magnéticos’, (…) que se originam no nosso espírito e que, agindo sobre o envoltório fluídico que nos envolve, ali plasmam as ‘formas pensamentos’, que continuamente exteriorizamos. Este mecanismo é de tudo semelhante ao da aglutinação de matéria para composição do nosso perispírito (…). Contudo, (…) enquanto o perispírito tem uma estrutura estável, estas formas-pensamento, ao contrário, modificam-se progressivamente (…) pela ação dos campos magnéticos do ambiente.” 1 (p.69)
Mas não creiam que sejam sempre de breve duração e sem maiores consequências, uma vez que elas podem perdurar dezenas de anos, dependendo das forças mentais que as plasmaram.
Como o nosso confrade Hernani T. Sant’Anna muito bem pontuou: “(…) as formas-pensamentos nem sempre são concentrações energéticas facilmente desagregáveis. Conforme a natureza ídeo-emotiva de sua estrutura e a intensidade e constância dos pensamentos de que se nutrem, podem tornar-se verdadeiros carcinomas, monstruosos ‘seres’ automatizados e atuantes, certamente transitórios, mas capazes, em certos casos, de subsistir até por milênios inteiros de tempo terrestre, antes de desfazer-se”.2 (cap. 5)
Os pensamentos são criados pelo Espírito, de forma incessante, sem que tenhamos muito controle de seu surgimento. Contudo, uma vez ocorridos, através do uso da razão, podemos gerenciá-los para que não causem problemas.
Obviamente, eles surgem por que os conteúdos internos existem, quer sejam bons, quer sejam maus. Uma raiva, por alguém, pode fazer com que se produzam inúmeros pensamentos contra esta pessoa.
A partir deste ponto, temos dois caminhos a tomar: (a) ou deixamos que estes pensamentos, emoções e sentimentos tomem vulto e continuem a serem produzidos, ou (b) procuramos desviar o foco de nossa atenção para outras áreas, de forma com que nossas criações mentais tomem outro rumo de interesse.
Independentemente do que fizermos, nossas ininterruptas criações serão projetadas no espaço, o tempo todo.
Do Mestre Allan Kardec aprendemos que, e o que os médiuns videntes já confirmaram, essas produções adquirem forma, cor, movimento e direção, cujas atributos dependem da natureza do que exteriorizamos.
“(…) criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. Tenha um homem, por exemplo, a ideia de matar a outro: embora o corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito.”3 (p. 240-241)
Chegam a parecer tão reais, que não são raros os casos de médiuns videntes tomarem as formas-pensamentos como sendo seres vivos do mundo espiritual. E se considerarmos que podem apresentar movimento e direção, fica fácil entender o porquê da confusão…
Contudo, seus atributos não param por aí. As propriedades conferidas a estas criações mentais, também denominadas de “clichês astrais”, chegam ao ponto de influenciar, positiva ou negativamente, aos que se deparam com tais formas, dada a carga de vibrações e energias ali condensadas.
O poder mental do Espírito chega ao ponto de lhes conferir, artificialmente, até a vida, assim como de destruí-las quando seu foco de atenção mudar de direção.
“Cenas violentas, tais como assassínios, etc., poderão permanecer durante longos anos no cenário da luta, até enquanto as suas personagens [reais] lhes derem vida, pela projeção mental. O ruído dessas lutas pode ser ouvido pelos médiuns audientes. Quando a luz do esclarecimento felicitar o coração dos protagonistas, os tais ‘clichês astrais’ desaparecerão. Deixarão de existir, serão destruídos, porque cessarão as energias que lhes davam vida.”4 (p. 23)
Antes de prosseguirmos, dois aspectos precisam ser abordados aqui: (a) a atração de Espíritos, por uma questão de afinidade, que, por sua vez, nos influenciarão com sua presença, e (b) o impacto destas criações mentais, sobre os encarnados.
Comecemos pelo primeiro. Se formos invigilantes, poderemos atrair entidades, ainda tão materializadas, que sintam a necessidade de se nutrirem das substâncias inferiores produzidas por nossas mentes.4 (p. 23)
Como o desejo é continuar se alimentando de nossas emanações, estes Espíritos procurarão nos influenciar para que continuemos a produzir o material de que se nutrem… Daí, nos incentivarão para que continuemos a pensar da mesma forma desequilibrada.
Um exemplo. Imaginem que estejamos com raiva de alguém. As energias por nós emitidas atrairão a atenção dos que estão a nossa volta, servindo de repasto para estes seres. E, com o objetivo de continuarem a se suprirem de nossas emanações, desde que saibam como, por meio da projeção mental poderão realimentar nossa raiva, criando um ciclo vicioso para satisfazer as suas necessidades.
Já, no segundo caso, como os pensamentos emitidos, que são também matéria, vem acompanhados de emoções e sentimentos, as decorrentes criações possuem propriedades, boas ou más, energeticamente falando; por isso, alguém que se veja envolvido por estas, estará sujeito a qualidade energética destas criações fluídicas.
Obviamente, tudo depende da força mental que as criou, e da recorrência dos pensamentos, emoções e sentimentos.
Além disso, é importante esclarecer que seja necessária certa sintonia entre o encarnado e a vibração destas formações pseudovivas. Quanto maior a afinidade, maior será a influência exercida por elas, no indivíduo a elas exposta.
O impacto chega a tal ponto que poder-se-ia acreditar que tais criações possuam existência própria, bem como efeitos perfeitamente tangíveis!
Segundo Kardec temos: “A ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais tem consequências de importância (…) sobre os encarnados. (…) tais fluidos são o veículo do pensamento, (…) o pensamento lhes pode modificar as propriedades, é evidente que eles devem estar impregnados das qualidades boas ou más, dos pensamentos que os colocam em vibração, modificados pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais [dos quais as formas pensamentos são constituídos, igualmente] (…).”3 (p. 241)
E continuando, Kardec nos ensina que podem conter as impressões dos sentimentos de ódio, inveja, ciúme, orgulho, egoísmo, hipocrisia, bondade, amor, caridade, doçura, etc.
Nosso querido leitor poderia objetar que o Mestre de Lion estaria se referindo apenas aos desencarnados, mas é ele próprio a expandir este conceito, ao nos incluir: “O pensamento do Espírito encarnado age sobre os fluidos espirituais como também o dos Espíritos desencarnados (…)”.3 (p. 242)
Como o perispírito é da mesma natureza dos fluidos espirituais, consequentemente, assimila estes fluidos contaminados com a mesma facilidade. E mais além, como estes fluidos agem sobre o corpo espiritual, por tabela acabam prejudicando o organismo físico.
“Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.”3 (p. 243)
Como completamos nosso propósito, despedimo-nos desejando que fiquem na paz do Nosso Mestre Jesus.
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1 GURGEL, Luiz Carlos M. O passe Espírita. Rio de Janeiro: FEB, 1991. Pt. 2. Cap. 1.
2 SANT’ANNA, Hernani T. Universo e Vida. Pelo Espírito Áureo. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
3 KARDEC, Allan. A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo. São Paulo: Lake, 1989.
4 PERALVA, Martins. Estudando a mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1991.
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O autor é presidente do CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP). www.irmascheilla.org.br