Os essênios e sua missão

Fabio Dionisi | fabiodionisi@terra.com.br

Caro leitor, sempre foi de nosso desejo conhecer os essênios.

Poucas informações confiáveis eram disponíveis até poucas décadas atrás. Como procuraram viver no anonimato e no silêncio, poucos registros foram feitos, até podermos contar com alguns trazidos pelo Espírito Miramez, através da obra Maria de Nazaré 1.

Através dele, inclusive, ficamos sabendo que os essênios vieram para desempenhar um papel muito importante na missão de Jesus; não para prepará-lo, como alguns historiadores quiseram nos fazer crer, mas para preparar o Seu caminho.

Fraternidade dos Essênios. 1 (p. 204, 207, 208, 239 e 258)

Os essênios foram formados na época próxima ao desencarne de Moisés, por um discípulo, Essem; sob a orientação direta do legislador hebreu.

Um pouco antes de desencarnar, Moisés reuniu os anciãos no Monte Tabor, prevenindo-os de que haveria de vir um Messias, cuja estatura espiritual era tal que, somados Moisés e seus discípulos juntos, não serviriam para nem mesmo serem seus servos.

Contou-lhes que fora comunicado disso no próprio Sinai, pelo próprio Nosso Senhor. No topo do monte, Ele anunciou que desceria à Terra, para ensinar o verdadeiro amor.

Voltando-se aos anciãos que o escutavam, após completar o relato, disse-lhes: “Portanto, creio que devemos dar início a uma força de trabalho no bem, em todos os rumos da Terra, para que esse bem possa assegurar o ambiente, a fim de que o Senhor possa vir, cumprindo a sua grandiosa missão de ensinar aos homens o amor.”

A partir daí foi formada a Fraternidade dos Essênios, sob orientação de Moisés e dirigida pelo discípulo Essem.

Desde o princípio costumavam se reunir secretamente. Somente os escolhidos, que estivessem a altura do entendimento dos ensinamentos de Moisés, eram admitidos na Fraternidade.

Em silêncio realizavam todos os seus trabalhos.

Santuários foram fundados no Monte Carmelo e no Monte Tabor, ambos na Galileia, no Monte Hermon, na Fenícia, e nos Montes Moab e Nebo, ambos na Judeia. Além dos templos que se encontravam em locais secretos.

“Os escritos de Moisés, que ele deixou e distribuiu para os seus seguidores, principalmente os dez mandamentos, eram ensinamentos exteriores, para o rebanho sem noção da verdade (…). As regras mais elevadas estavam em secreto com os essênios, onde a verdade poderia ficar às claras para o seus iluminados discípulos.”

Depois que Moisés desencarnou, eles se espalharam por todo o Oriente, sendo que alguns deles podiam ser encontrados também no Ocidente; difundindo as leis espirituais, mais pelo exemplo que mesmo pela palavra.

Através da faculdade mediúnica de Essem, eram recebidas muitas mensagens do invisível e de Moisés (já desencarnado).

Na época da chegada de Jesus, já eram mais de quatro mil pessoas. Poucos os conheciam, embora muitos fossem beneficiados pelas suas mãos operantes no amor e na caridade.

Missão dos essênios 1 (p. 238-241)

Como acabamos de estudar, eles vieram para a preparação da chegada do Divino Mestre.

A tarefa a ser realizada era tão importante e delicada, que Espíritos de alta envergadura espiritual foram convocados para encarnarem no orbe terrestre.

Tratava-se da continuação da obra iniciada por Moisés, uma ponte entre a obra basilar do juiz, legislador e profeta hebreu e a chegada do Mestre.

Esta congregação somente tinha uma razão de existir: o de abrir as veredas para Aquele que haveria de chegar, o Messias enviado por Deus.

Tanto que finda a missão de Jesus, a Fraternidade dos Essênios praticamente desapareceu.

Como o dissemos, Moisés era um dos guias da comunidade essênica. Através dos médiuns do grupo, ele se fazia presente, periodicamente, dando diretrizes sobre o trabalho e a conduta que deveriam lidar.

Em decorrência de suas ligações com o Mundo Espiritual, os essênios do Monte Carmelo e do Monte Tabor já haviam sido informados de sua vinda, da mesma forma como foram os primeiros a saberem do seu nascimento.

Regras da Fraternidade 1 (p. 241)

Todos que eram recebidos pela Comunidade Essênica deviam obedecer regras bem rígidas; entre elas: (a) amar todos os reinos da natureza e protegê-los, (b) amparar as crianças órfãs, (c) atentar para a castidade, (d) comer somente para viver, (e) cultivar as boas ideias, (f) desligar-se dos bens materiais, caso os tenha, (g) educar os sentimentos de maneira a perdoar as ofensas, (h) fazer da oração um clima permanente em sua vida, (i) não cobiçar o que é do próximo, (j) nunca blasfemar contra o Senhor, (k) nunca ofender quem o caluniar, (l) orar sempre por toda a humanidade, (m) por onde viajar, dar bons exemplos, se possível, no silêncio, (n) proteger todos os velhos em decadência, (o) trabalhar em favor do próximo, sem exigência alguma, (p) vigiar os pensamentos para que a boca não entre em conivência com o mal.

Os terapeutas 1 (p. 239 e 256)

Tratavam-se de essênios com elevada mediunidade para a cura.

Dedicavam-se à Medicina, e nada cobravam por ela. Costumavam visitar os enfermos, essênios ou não, e tratá-los. Tudo faziam por amor ao próximo. Tanto que, para se sustentarem, tinham suas profissões. Sua caridade não se limitava à prática gratuita da cura, mas também doavam tudo o que sobrava de seus proventos, para casas de caridade e as famílias pobres; sempre, no anonimato.

Obviamente, como os demais essênios, eram perseguidos pelo poder vigente e pela medicina oficial, mais interessada no ouro do que na própria cura das doenças.

Não se declaravam seguidores da Ordem, apenas trabalhavam, anônimos, e em silêncio.

O templo essênio no Monte Carmelo 1 (p. 240; 269-270)

Em seu interior, o ambiente era puramente espiritual.

Na época da menina-moça Maria de Nazaré, em seu interior haviam colunas e um amplo salão, onde podiam se reunir mais de uma centena de pessoas.

No fundo deste enorme salão, havia uma cascata, “mostrando beleza indescritível, a despejar águas límpidas em cima de uma grande pedra trabalhada, de maneira a formar uma banheira natural.”

Na sua água corrente, os membros da Fraternidade dos Essênios tomavam banho. Era regra no templo, não somente para a higiene do corpo, mas para receberem energias, para fortalecimento do psiquismo.

Entidades espirituais abençoavam as águas, para ajudar na manutenção da saúde dos membros da seita.

Assim como as demais comunidades da Fraternidade, os essênios de Monte Carmelo, estudavam os pergaminhos do velho testamento, nos esconderijos que a própria natureza lhes oferecia.

Diferentemente dos sacerdotes do templo, que buscavam relembrar as profecias e a história do povo judeu e dos patriarcas, os essênios procuravam os verdadeiros ensinamentos, deixados por Moisés e Essen, quem organizara a Fraternidade. Este último também, após o desencarne, manteve-se na qualidade de guia da Fraternidade.

Os essênios eram considerados hereges! 1 (p. 249-250)

Os sacerdotes do Templo de Jerusalém não viam com bons olhos as ações dos essênios, e tampouco suas crenças e valores.

No fundo sabiam que as Regras da Fraternidade estavam certas e deveriam ser o guia para todos, mas eram pedras no caminho, pois segui-las implicariam em mudanças radicais em seus procederes, e, principalmente, teriam que renunciar a suas conquistas temporais. Não desejavam perder seu poder e tampouco seu bem estar. A mesma atitude que tomariam diante da Boa Nova, trazida pelo Mestre de Deus.

Seus postos haviam sido conquistados através da política e pela artimanha de famílias que detinham o poder. A sucessão ocorria através da herança e não por méritos pessoais, de cunho espiritual; por isso, a Ordem dos Essênios esteve sempre sob ameaça.

Obviamente, entre os lobos também haviam ovelhas, como era o caso de alguns rabinos que, rotineiramente, visitavam os templos dos essênios.

Uma última consideração. O pouco que sabemos dos essênios, através Kardec e Emmanuel, quanto ao papel que eles desempenharam, em nada divergem do que foi ditado por Miramez; constatem isso nas obra: A caminho da luz (O Cristo e os essênios) e O Evangelho segundo o Espiritismo (Introdução).

Fiquem na paz!

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1 MAIA, João Nunes. Maria de Nazaré. Ditado pelo Espírito Miramez. 17. ed. Belo Horizonte, Espírita Fonte Viva, 2015.

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O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP). www.irmascheilla.org.br

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