EDITORIAL No. 130 (Dezembro, 2024) – “Irmã Scheilla. A Santa Joanna de Chantal”

[Fabio Dionisi] fabiodionisi@terra.com.br

Nos últimos anos, nossas vidas têm girado em torno desta figura tão amada e respeitada que é a Irmã Scheilla.

Culminando com a inauguração de mais um núcleo a ela ligada, o “Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla”, localizado em Ribeirão Pires (SP), sentimos a necessidade, ou melhor, achamos oportuno escrever sobre a irmã.

Lá de Alvorada Nova 1, colônia coordenada pelo Espírito de Cairbar Schutel, ela é responsável pela Casa do Repouso; o hospital da cidade espiritual.

Sobre ela, Cairbar escreveu 1: “Scheilla é, para mim, um verdadeiro exemplo de fé, de perseverança, de humildade e, sobretudo, de muito amor. Quem dera pudéssemos todos nós ter uma pequenina parcela de seu infinito desejo de amar!…”.

Por várias vezes, através da vidência ou pelo característico perfume de flores, tivemos a oportunidade de presenciá-la em visita aos trabalhos de cura espiritual.

Quanto as suas reencarnações, temos conhecimento de apenas duas. Uma na França, no século XVI, com bastantes dados disponíveis, e outra na Alemanha, durante a segunda guerra mundial, porém, com pouquíssimas informações a respeito. 1 a 8

Reencarnação alemã

Através de sessões de materialização, realizadas por intermédio do médium Peixotinho (Francisco Peixoto Lins), o meio Espírita tomou conhecimento de uma encarnação na Alemanha. Tendo vivido em Berlin 6.

As notícias referem-se a época da Segunda Guerra Mundial, quando Scheilla teria sido uma enfermeira, entre os feridos de guerra. Ela veio a desencarnar durante um pesado bombardeio aliado, em 1943 6.

“Seu estilo simples, sua meiguice espontânea, muito ajudavam em sua profissão. Bonita, tez clara, cabelo muito louro, que lhe davam um ar de graça muito suave. Seus olhos, azuis-esverdeados, de um brilho intenso, refletiam a grandeza de seu Espírito. Estatura mediana, sempre com seu avental branco, lá estava Scheilla, preocupada em ajudar, indistintamente. Esquecia-se de si mesma, pensava somente na sua responsabilidade. Via primeiro a dor, depois a criatura… Numa tarde de pleno combate, desencarna Scheilla, a jovem enfermeira. Morria no campo de lutas, aos 28 anos de idade”.

Informação que coincide com a do nosso Orientador, o Espírito de Dr. Stefani Oswald (Dr. Arthur Neiva):

“Encarnou na Alemanha; vindo lá a desencarnar, com o pai, num ataque de bomba, em 1943”  (25.01.2010; médium Edson Barbosa de Souza)

E, confere também com a informação passada pelo Espírito do Dr.  Rodolfo, irmão de Scheilla.

Desencarnado durante os conflitos, Rodolfo materializou-se algumas vezes nos trabalhos de orações que Peixotinho realizava em pró das vítimas da Segunda Grande Guerra.

“(…) certa vez disse: ‘Orem por minha irmã, ela está correndo perigo’. Passados alguns dias, novamente manifesta-se e diz: ‘Minha irmã acabou de desencarnar. Foi vítima de bombardeio da aviação. Ela e meu pai desencarnaram’. (…) Tudo indica que Scheilla tenha se vinculado às falanges espirituais que atuam em nome de Jesus, principalmente aqui no Brasil”. 8

Em 19486 : “o espírito de uma jovem loura materializava-se diante do grupo. Era ela, sua irmã, e se apresentava com o nome de Scheilla. (…) Ainda no grupo do médium Peixotinho, as manifestações dela vinham se repetindo várias vezes, seguidas de outros fenômenos de efeitos físicos, tais como o aparecimento de flores e outros objetos que trazia ao ambiente (…). Escorada na virtude da caridade, com especial carinho e dedicação oferece assistência aos enfermos do corpo e do espírito (…)”. 8

Reencarnação francesa (Joana Francisca Frémiot)

Neste caso, nosso trabalho ficou muito fácil… Pois, por ter fundado a Ordem da Visitação de Maria, em 1604, juntamente com o bispo São Francisco de Salles, em Annecy, França, várias biografias foram escritas sobre a Santa Joana de Chantal. 7

E, nossas pesquisas nos levaram a conhecer alguns aspectos interessantes, poucos divulgados na imprensa Espírita. Joana não foi apenas a Santa Católica que, por trinta anos, dedicou-se a fundação de uma ordem religiosa, mas, também, uma exemplar filha, moça, esposa, nora e mãe.

Segunda filha de Benigno Frémyot e Margarida Berbisey, nasceu em 23 de Janeiro de 1572, em Dijon; e desencarnaria aos 69 anos, no dia 13 de Dezembro de 1641, em Moulins, também na França.

Seus irmãos, Margarida e André, foram-lhe próximos. Sua mãe morreu muito cedo, em 1573. E, a despeito de ficar órfã em tenra idade, graças ao seu pai não deixou de receber esmerada educação. Inteligente, aprendia com facilidade e rapidez.

Joana foi dada em casamento ao nobre senhor Cristovão de Rabutin, segundo Barão de Chantal; tornando-se Baronesa de Chantal, no dia 28 de dezembro de 1592.

Embora casamento arranjado, como era costume na época, “esta aliança não fracassou: foi (…) um dos matrimônios mais bem logrados”. 7

No Castelo de Bourbilly, “Joana Frémyot de Chantal viveu anos felizes. E, é alí onde alcançou sua plena estatura humana e revelou as riquezas espirituais (…)”. 7

Mas, também, foi aí que uma ferida se abriria no coração da baronesa, quando um acidente de caça, quinze dias após o nascimento do seu último filho, põe fim a vida de seu esposo… Fora uma história de amor!

Sua vida não foi aborrecida e nem bucólica. A jovem baronesa cumpria fielmente suas obrigações de mulher da sociedade. Envolvido com sua vida na Corte e nas guerras empreendidas junto ao Rei Enrique IV, seu esposo confiou-lhe o castelo e as obrigações.

“Não tinha mais que vinte anos, porém, desde o princípio se revelou como uma ‘mulher de talento’, que sabia fazer contas, governar, administrar e conduzir bem as coisas e as pessoas”. 7

Desejosa de pelo menos restringir a pesada dívida da família Rabutin, trabalhou tenazmente para pagar os credores; usando parte de seu dote e fazendo que as terras da propriedade se tornassem rendosas. Tudo com uma “amável firmeza”.

E assim se manteve durante os oitos anos em que esteve casada e os nove anos seguintes, em sua viuvez.

Se a morte de seu amado foi de grande impacto para esta incrível mulher, por outro lado foi também o gatilho que acentou seu desejo de se dedicar a Deus.

“Incluso, antes de ficar viúva – confessa – Deus me atraia para servi-lo (…). Quando Deus quis romper o laço que  me segurava, deu-me, ao mesmo tempo, muita luz sobre o nada desta vida e um grande desejo de consagrar-me toda à Deus”. 7

Pouco tempo depois veio conhecer Francisco de Sales; e, após uns poucos anos, ambos inauguraram à nova Ordem, em 6 de junho de 1610, numa casa modesta, conhecida como “A Galeria”, nos arredores de Annecy, sem provisões e sem mobiliário. Deus proveria…

Se a Visitação contava com 13 monastérios, por ocasião do desencarne de Francisco de Sales (1622), chegaria ao número expressivo de 87 casas, quando do desencarne de nossa Santa de Chantal (1641)!

Em 2008, esta ordem religiosa feminina católica contava com cerca de 3.000 irmãs, em 168 mosteiros. 7

Desnecessário extender-nos a respeito deste Espírito quase angelical. Apenas, gostaríamos de incluir três palavras do Padre André Ravier 7, que demonstra como ele também capturou uma das maiores características de Scheilla, a de “missionária do amor”. Cairbar e o Dr. Stefani fizeram a mesma observação…

E assim, singelamente, quisemos deixar, através deste modesto artigo, nosso tributo “A missionária da unidade e do amor mútuo”. 7

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1GLASER, Abel. Alvorada nova. 3. ed. Matão, SP: Casa Editora O Clarim, 2000.

2RANIERI, Rafael Américo Materializações luminosas. 5. ed. São Paulo: Edições FEESP, 1995.

3MAIA, João Nunes. Chão de rosas. Pelo Espírito Scheilla. 1. ed. Belo Horizonte: Editora Espírita Cristã Fonte Viva, 1986.

4JACINTO, Roque. Chico Xavier: 40 anos de mediunidade. 4. ed. São Paulo: Editora Luz no Lar, 1991.

5LEVY, Clayton Bianchini. A mensagem do dia, de Scheilla para voce. 8. ed. Campinas: Editora Allan Kardec, 2004.

6LEVY, Clayton Bianchini. Novas mensagens, de Sheilla para voce. 2. ed. Campinas: Editora Allan Kardec, 2004.

7RAVIER, André S. J. Santa Juana de Chantal. 1. ed. Madrid, Espanha: Biblioteca de Autores Cristianos, 2008.

8CEAK. Centro Espírita Allan Kardec de Campinas (SP). Biografia de Scheilla (Ricardo Appendinno). Consulta realizada em 19.06.2011.

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