EDITORIAL No. 131 (Janeiro, 2025) – “E por falar em demônios…”
Fabio Dionisi | fabiodionisi@terra.com.br
Na obra de Carlos Baccelli: Do outro lado do espelho 1, ditado pelo Espírito Inácio Ferreira, encontramos uma passagem muito interessante à respeito de irmãos decaídos, com aparência de demônios.
O local descrito, e que, segundo ele, pode ser encontrado em inúmeras outras regiões do interior da Terra, é uma réplica do Inferno concebido e divulgado, principalmente, pela Igreja Católica Apostólica Romana.
Após o Dr. Inácio e seu grupo passarem pelo Vale dos sexólatras, que já tivemos oportunidade de estudar no livro de nossa lavra: O que está escondido nos grandes abismos? 2, da ampla abertura que constituía o local dantesco, que se situava na confluência de várias entradas para outras cavernas, o grupo seguiu por uma trilha, por uns quinhentos metros, sempre descendo, onde se depararam com uma cena totalmente inesperada. Um local, onde absolutamente tudo parecia o Inferno… 1 (p. 252)
“— Não se assuste, amigo — disse o Mentor (…). — Sem dúvida, trata-se de uma réplica do Inferno, conforme a mente humana o criou e recriou por séculos e séculos.” 1 (p. 252)
Há milênios alguém inventou o Inferno como é concebido por boa parte da cristandade. Com o tempo, impressionado com as descrições que foram ensinadas pelo clero, por séculos sucessivos, o Espírito ao desencarnar, se em grande débito com as Leis Divinas, passou a plasmar regiões semelhantes, para se autopunir, por acreditar que merecia estar em tais lugares. Afinal, foi assim que lhe ensinaram…
Além disso, aqueles que se tornaram verdugos em tais regiões, também contribuíram para plasmar, nos mínimos detalhes, com todos os requintes de crueldade, o Inferno esperado pelos que sabiam não merecer o Céu que a Igreja também concebera; cujo conceito, por sua vez, também se encontra errado, por não refletir a realidade…
Por outro lado, aqueles que conseguiam se libertar de tais penas, ao reencarnar trouxeram, gravadas em suas mentes, as impressões registradas por décadas ou séculos de sofrimentos vivenciadas em tais locais. Contribuindo para que a crença no Inferno fosse mantida, nos dois planos da vida. E, assim, fechou-se um ciclo vicioso muito difícil de ser desfeito. Tais locais foram criados por projeção mental e, num processo de realimentação contínua, permanecem plasmados até que a humanidade se inteire da realidade, aquela que nos foi esclarecida pelo Consolador Prometido.
É necessário que o ser humano expurgue de sua mente todas as falsas crenças que foram concebidas para nos atemorizar, ao longo de três mil e seiscentos anos, com o objetivo de nos dominar pelo medo. Legado que as várias “igrejas”, de todos os tempos, nos deixaram; do qual se lamentarão por muito tempo, e que lhes custará um preço amargo muito alto…
Mas, voltemos à descrição de um destes locais, que se encontram no interior da Terra, nas zonas subcrostais, “sob o espaço geográfico de quase todos os países…” 1 (p. 253)
“Os ‘demônios’, com todas as características que sejamos capazes de concebê-los, inclusive com patas, chifres e tridentes nas mãos, dançavam em torno de imensos caldeirões ferventes… De carrancas ferozes e olhos avermelhados, que chegavam a lembrar as cabeças de dinossauros carnívoros, torturavam várias vítimas, que clamavam: — Socorro! Piedade!… (…) Estou queimando, no entanto, as labaredas não me consomem… Cada minuto aqui é uma eternidade!…” 1 (p. 252-253)
“Os demônios”, insensíveis à dor dos danados, sem emitir uma única palavra, continuavam seu ritual de mergulhar a cabeça de suas vítimas na água fervendo; e, periodicamente, o de sorver, pela respiração profunda, o ar com cheiro de enxofre e carne assada.
Nestas mesmas páginas, o Espírito de Dr. Odilon ensina que tudo aquilo que acreditamos, mesmo que seja um absurdo, tem a tendência a se tornar real. E que, a somatória de várias mentes, com uma mesma crença, um mesmo pensamento, como o da existência do Inferno, acaba por dar-lhe forma! Enfim, tudo é plasmado; inclusive a deformação perispiritual, na forma de um demônio, por parte de entidades malévolas que se encontram em total insanidade.
“A consciência, não raro, se exterioriza, no Céu ou no Inferno que imaginamos. (…) As labaredas que aqui se alteiam são alimentadas pelo remorso dos espíritos culpados que se agrupam…” 1 (p. 253)
Pararemos por aqui, contudo, queremos deixar registrado que muitas das passagens descritas pelos Espíritos de Dr. Inácio Ferreira, Dr. Odilon, Paulino Garcia, etc., psicografadas por Carlos A. Baccelli, encontram paralelo na obra de Dante Alighieri, mormente no Inferno da Divina comédia.
Antes que este tema termine…
Dr. Inácio Ferreira conclui a passagem da “réplica” do Inferno afirmando que, da mesma forma como o grupo excursionista omitiu muitas das observações que colheram, Dante Alighieri, na Divina comédia, deve ter feito o mesmo; uma vez que o homem não se encontra preparado para conhecer toda a verdade, e muito menos aceitá-la: “Ele não exagerara; aliás, feito eu [Inácio Ferreira], ele omitira certas visões que não convém descrever.” 1 (p. 253)
Notem, que o Espírito de Dr. Inácio atesta a veracidade das descrições do poeta fiorentino…
Oxalá o tema tenha sido interessante para o nosso querido leitor.
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1 BACCELLI, Carlos A. Do outro lado do espelho. Ditado pelo Espírito Inácio Ferreira. 9. ed. Votuporanga, SP: Didier, 2008.
2 DIONISI, Fabio. O que está escondido nos grandes abismos? 1. ed. Ribeirão Pires: Editora Dionisi, 2021.
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O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP). www.irmascheilla.org.br.
E tudo muito bom i maravilhoso.Eu amo Jesus mas amo muito também a espiritualidade Ela é calma e mãe,e auxilio na nossa vida. Texto maravilhoso.O desdobramento e fundamental para que nos espíritas aprendemos mais i mais.Gracias
É uma escrita bem favorável e interessante. Tenho muito apreço por tos os envolvidos e agradeço ao Fábio Dionize por me enviar.