As palavras finais do anjo (Apc, 22:1-15)
[Fabio Dionisi] fabiodionisi@terra.com.br
1. Mostrou-me depois um rio de água viva, brilhante como cristal, que saía do trono de Deus e do Cordeiro. 2. No meio da praça, de um lado e do outro do rio, há árvores da vida que frutificam doze vezes, dando fruto a cada mês; e suas folhas servem para curar as nações. 3. Nunca mais haverá maldições. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e seus servos lhe prestarão culto; 4. verão sua face, e seu nome estará sobre suas frontes. 5. Já não haverá noite; ninguém mais precisará da luz da lâmpada, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e eles reinarão pelos séculos dos séculos. 6. Disse-me então: “(…) 7. Eis que eu venho em breve! Feliz aquele que observa as palavras da profecia deste livro” (…). 11. Que o injusto cometa ainda a injustiça e o sujo continue a sujar-se; que o justo pratique ainda a justiça e que o santo continue a santificar-se. 12. Eis que eu venho em breve, e trago comigo o salário para retribuir a cada um conforme o seu trabalho. 13. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. 14. Felizes os que lavam suas vestes para terem poder sobre a árvore da Vida e para entrarem na Cidade pelas portas. 15. Ficarão de fora os cães, os mágicos, os impudicos, os homicidas, os idólatras e todos os que amam ou praticam a mentira.” (Apc, 22:1-15) 1
Nada melhor iniciarmos com a questão do que é praticar o mal, e de que não basta não o fazer, uma vez que não praticar o bem já é realizar o mal.
Para isso basta lembrarmos do que Allan Kardec nos trouxe a respeito deste tema.
“Q. 642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal? — Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.” 2
Agora, de forma não muito ortodoxa para um artigo, apresentaremos a interpretação versículo por versículo, transcritos acima.
(Versículo 1)
Segundo interpretação de Cairbar Schutel, o rio de água viva é a Revelação; indispensável para todos nós pois abre as portas do futuro; constituindo-se na pedra fundamental da Boa Nova 3 (p. 100-101). Por este motivo é que saía do trono de Deus e do Cordeiro (Jesus).
(Versículo 2)
“Já vão florindo os campos da nova sementeira! A árvore sonhada por João, o Evangelista, plantada de há muito está na Terra. Essa árvore bendita que dá doze frutos e que os homens jamais compreender quiseram (…), é a de que nos fala o Evangelista (…) — árvore simbólica, a cuja sombra se pode abrigar a Humanidade inteira. Entretanto, árvore dos doze frutos — os doze apóstolos — (…) de ti fogem os homens (…). Fogem de ti, ninguém quer provar teus frutos, ó árvore frondosa da Verdade, porque receiam que a tua sombra das suas galas lhes empaleça o brilho (…). Mas, o que vos importa a vós não é buscar a decifração do sonho de João, das suas árvores e dos seus frutos? Viver, eis tudo! Será, porém, vida a que viveis?” 4 (p. 258-259)
Pois bem, estas frases do Espírito de Bittencourt Sampaio testificam a nossa realidade exterior (e, infelizmente, muitas vezes interior…), bem como a dos frutos que estão destinados aos que perseverarem até o fim.
“Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras (Mateus 16:27)”. Advertência excelsa que foi enviada aos homens várias vezes, e antes mesmo da vinda física de Jesus a este orbe, em Romanos 2:6, Isaías 3:11 e Salmos 62:12.
Caros, todos, não só o espírito de Bittencourt Sampaio, mas todos os desencarnados preocupados com os nossos destinos, como nossos mentores, familiares de além-túmulo e os Espíritos de escol envolvidos com os destinos da humanidade terrestre, não fazem outra coisa que nos chamarem a atenção para o momento que vivemos. Da necessidade de mudarmos nosso foco de atenções para o nosso destino, que é a vida na nossa verdadeira pátria, que é o mundo espiritual. E, a única maneira de viver adequadamente, para que o nosso destino seja feliz, é aquela ensinada pelo Mestre Jesus.
(Versículos 3 e 4)
A árvore da vida é o Evangelho, de onde podemos colher frutos a ano todo, e cujas folhas servem para curar as nações, “significa orientação Cristã dos governos do mundo. Por isso ‘não haverá maldição’.” 3 (p. 101)
Quanto aos seus servos “verem a sua face”, quer dizer, ao nosso ver, que continuarão como seus seguidores diletos, que terão a oportunidade de caminharem em direção aos mundos superiores, com o Mestre Divino Jesus. 5 (p. 335)
E, assim como os seguidores tinham as marcas da Besta em suas frontes, numa alusão alegórica de que faziam parte de suas fileiras, os verdadeiros servos de Jesus estarão também marcados, simbolicamente, é claro, como seus seguidores e fiéis.
(Versículo 5)
Não haverá mais noite, pois brilhará a Luz Divina. Tanto no mundo espiritual, como no mundo corporal, a ignorância estará banida da sua atual atmosfera grosseira. 3 (p. 101)
A transformação do orbe ocorrerá nos dois planos. Na sua parte física, bem como nas esferas espirituais ligadas ao Planeta Terra. Nestas últimas, deixarão de existir o Umbral, as Trevas e os abismos. Seus habitantes, encarnados quanto desencarnados, empenhados no processo evolutivo, aqui poderão permanecer, enquanto os recalcitrantes, daqui terão partido para novas paragens, porém, do tipo primitivas; fechando o ciclo deste “juízo final” que já vivenciamos. 5 (p. 335)
(Versículos 6 e 7)
Sobre a frase de Jesus: “Não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam” (Mateus 24:34, Marcos 13:30 e Lucas 21:32), o Espírito de Simão Pedro, através de Edgard Armond, transmitiu a seguinte mensagem: “E sabem os espíritas a que geração se referiu: não a uma das que há milênios se sucedem na Terra, mas um ciclo evolutivo, a uma sequência de fatos e sucessos levando à consolidação do Evangelho na Terra.” 6 (p. 151)
Prosseguindo, alertou-nos que esse ciclo está próximo do fim e que os mensageiros de Jesus já se encontram arrebanhando as ovelhas, ou seja, os que já trazem certa claridade espiritual, sendo que ficarão de fora os que se obstinam no mal e no vício.
(Versículo 11)
Tomada ao pé da letra, esta recomendação é estranha. Faz-se necessário buscar seu significado mais profundo.
Ainda encontramos Espíritos que estão tão enquistados no mal, que é inútil aconselhá-los serem bons, caridosos, virtuosos, etc.
Como é da Lei, Jesus respeita, integralmente, o livre-arbítrio deles; entretanto, até o ponto que há necessidade de medidas coibidoras. Por isso, “quem é injusto, faça injustiça ainda (…); mas, não espere misericórdia da justiça divina, pois na Terra Renovada (…) não haverá lugar para os injustos: farão todos parte do cortejo sombrio dos Exilados da Terra (Bezerra).” 6 (p. 152-153)
(Versículo 12)
Aqui, reencontramos o a cada um segundo a suas obras…
(Versículos 13, 14 e 15)
Deve se tratar do Verbo Divino, que Jesus trouxe para a humanidade terrestre; o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. 5 (p. 338) e 3 (p. 104)
E quem ficará de fora da Cidade (Terra renovada)? Os cães, os mágicos, os impudicos, os homicidas, os idólatras e todos os que amam ou praticam a mentira…
Para terminar este bloco de versículos, registramos que Jesus é o princípio e o fim, pois foi designado a dar início ao Planeta Terra, aqui colocar a humanidade terrestre, e levar ambos, respectivamente, à categoria de um Mundo Celeste ou Divino e Espíritos Perfeitos, ou seja, os Espíritos de Primeira Ordem. 5 (p. 338)
Conosco ou sem “nosco”. Fica a reflexão… (perdoe-nos o trocadilho…)
_________________________________________________________________________
1 A Bíblia de Jerusalém. São Paulo, SP: Edições Paulinas, 1985.
2 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2007.
3 SCHUTEL, Cairbar de Souza. Interpretação sintética do Apocalipse. Matão, SP: Casa Editora O Clarim, 1985.
4 SILVA JUNIOR, Frederico Pereira da. Do Calvário ao Apocalipse. Pelo Espírito de Bittencourt Sampaio. Brasília, DF: FEB, 1989.
5 DIONISI, Fabio. O Apocalipse de João. Ribeirão Pires, SP: Editora Dionisi, 2018.
6 ARMOND, Edgard. A hora do Apocalipse. São Paulo, SP: Editora Aliança, 2005.
_________________________________________________________________________
O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP).
www.irmascheilla.org.br
