Ovoides, segunda morte, ação dos ovoides sobre os encarnados, etc.

[Fabio Dionisi] fabiodionisi@terra.com.br

Não poucas vezes, em nossas reuniões de esclarecimentos, por muitos também denominadas de reuniões de desobsessão, tivemos oportunidade de nos deparar com a existência de seres totalmente deformados, com o formato de uma bola de futebol americano, conhecidos na lide Espírita como ovoides.

Já de há muito que não é um assunto estranho, na seara Espírita, mas como acreditamos que nem todos tenham conhecimento em maiores nuances, dedicamos alguns parágrafos, neste artigo, para desenvolver o tema de forma mais amiúde.

Para isso, o primeiro tópico passa necessariamente pela “segunda morte”. E o nosso caro leitor entenderá o por que.

Segunda morte

Ela designa a perda de um dos nossos envoltórios: o perispírito.

“Quando a pessoa desencarna, perde o corpo físico e lhe restam o perispírito e o Espírito. Ao reentrar no Mundo dos Espíritos, o perispírito reveste-se da matéria própria do plano em que estagia, e em harmonia com a sua posição evolutiva, cujo padrão vibratório nele se expressa. Refazendo conceitos, para se evitarem enganos, não podemos dizer que o Espírito desencarnado possui apenas perispírito e Espírito; é que, o que chamamos de perispírito, segundo a definição kardequiana, na verdade, se compõe de duas partes: uma, mais material, composta da matéria da esfera em que se encontra, e que é o corpo espiritual; outra, mais etérea, servindo de ligação entre o corpo espiritual e o Espírito, que já foi definida com o nome de corpo mental. O corpo mental preside à formação do corpo espiritual, do mesmo modo que, no homem encarnado, o perispírito preside a formação do corpo físico. Individualizando um Espírito desencarnado, portanto, restabelece-se, em suma, o mesmo trio: corpo espiritual, corpo mental, e Espírito. Pela semelhança do processo, quando o Espírito desencarnado perde, por qualquer circunstância, o seu corpo mais denso, embora de matéria, para nós, quintessenciada, diz-se que é a sua segunda morte.”1 (p. 33)

Não podemos confundir a desencarnação com a segunda morte. A primeira é morte do corpo físico, que se decompõe num processo irreversível. No caso da segunda morte, embora se perca o períspirito, este pode ser readquirido/recomposto, bastando que, por processos mentais e eletromagnéticos, o corpo mental novamente, por afinidade vibratória, se revista da matéria do plano em que se encontra.

O corpo mental é sempre o mesmo, embora vá se tornando cada vez mais sutilizado, à medida de progride espiritualmente.

O que são ovoides?

A segunda morte ocorre em três conhecidas situações, segundo André Luiz: a) no processo reencarnatório, b) quando o Espírito sublimado ascende para esfera mais quintessenciada, e c) no caso dos ovoides.

Este é um dos motivos dos dois últimos serem de difícil visualização, tanto pelos desencarnados, quanto pelos médiuns videntes: por não possuírem o perispírito.1 (p. 33-34)

Mas concentremo-nos no terceiro, objeto de nosso artigo.

Sabemos que Espíritos embrutecidos são capazes de impô-la à Espíritos muito endividados. As informações que se encontram nos depósitos mentais do ser, que muito praticaram o mal, servem de material conveniente para processos hipnóticos, impostos pelos verdugos às suas vítimas. Estas informações, nestes Espíritos devedores, mesmo que de existências passadas, podem ser desenterradas pelos Espíritos que anseiam pela vingança, facilitando o aniquilamento de suas vítimas.1 (p. 148-149)

Desta forma, com o despertar da consciência dos erros cometidos, o remorso engendra o complexo de culpa. Aproveitando-se deste fato, os inimigos apoderam-se mentalmente da vítima desencarnada e, através de um processo de hipnose, alavancam os quadros mentais onde as cenas criminosas aparecem sem cessar. Como que numa ideia fixa, o criminoso passa a se fixar nestas imagens, de forma ininterrupta, fechando-se, cada vez mais, em si mesmo, perdendo a forma perispiritual até assumir a forma de um ovoide, com perda da matéria perispiritual. Nesta situação, na mente deste Espírito não tem espaço para mais nada.1 (p. 149)

Também no livro do Espírito de André Luiz, Libertação2, encontramos inúmeras passagens sobre o tema:

[André] (…) reparei, não longe de nós, como que ligadas às personalidades sob nosso exame, certas formas indecisas, obscuras. Semelhavam-se a pequenas esferas ovoides, cada uma das quais pouco maior que um crânio humano. Variavam profusamente nas particularidades. Algumas denunciavam movimento próprio, ao jeito de grandes amebas, respirando naquele clima espiritual; outras, contudo, pareciam em repouso, aparentemente inertes, ligadas ao halo vital das personalidades em movimento. (…)

— [Gúbio] André (…). Já ouviste falar, de certo, numa “segunda morte”.

— Sim, tenho acompanhado vários amigos à tarefa reencarnacionista (…). De outras vezes (…), tive notícias de amigos que perderam o veículo perispiritual, conquistando planos mais altos (…).

[Gúbio] Sabes, assim, que o vaso perispirítico é também transformável e perecível, embora estruturado em tipo de matéria mais rarefeita (…). Viste companheiros, que se desfizeram dele, rumo a esferas sublimes (…), e observaste irmãos que se submeteram a operações redutivas e desintegradoras dos elementos perispiríticos, para renascerem na carne terrestre. Os primeiros são servidores enobrecidos e gloriosos, no dever bem cumprido, enquanto que os segundos são colegas nossos, que já merecem a reencarnação (…), mas, tanto quanto ocorre aos companheiros respeitáveis desses dois tipos, os ignorantes e os maus, os transviados e os criminosos também perdem, um dia, a forma perispiritual.

Pela densidade da mente, saturada de impulsos inferiores, (…) gravitam em derredor das paixões absorventes que por muitos anos elegeram em centro de interesses fundamentais. Grande número (…), mormente os participantes de condenáveis delitos, imantam-se aos que se lhes associaram nos crimes (…).

(…) a maioria das criaturas, em semelhante posição nos sítios inferiores quanto este, dormitam em estranhos pesadelos. (…) incapazes que são (…) de se exteriorizarem de maneira completa, sem os veículos mais densos que perderam (…). Em verdade, agora se categorizam em conta de fetos ou amebas mentais, mobilizáveis, contudo, por entidades perversas ou rebeladas (…).”2 (cap. 6)

Outra forma de se fixar a mente a este ponto, é o ódio por alguém. Não é, pois, a toa que o ditado popular diz que “o ódio cega”…

Um exemplo desta situação pode ser encontrada no capítulo 7, Quadro doloroso, onde Gúbio procede com suas elucidações sobre os ovoides, enquanto caminhavam, em estudos de observação, por uma cidade nas trevas.

“(…) Encontramos esquálida mulher estendida no solo (…). A infeliz se cercava de três formas ovoides, diferençadas entre si nas disposições e nas cores, que me seriam, porém, imperceptíveis aos olhos, caso não desenvolvesse, ali, todo o meu potencial de atenção [André]. (…) três figuras vivas, que se lhe justapõem ao perispírito, (…) de matéria que me parece leve gelatina, fluida e amorfa.

[Gúbio] São entidades infortunadas, entregues aos propósitos de vingança (…). Gastaram o perispírito, sob inenarráveis tormentas de desesperação, e imantam-se, naturalmente, à mulher que odeiam (…). Examine os ovoides!

[André] Liguei, num ato de vontade, minha capacidade de ouvir ao campo íntimo da forma e, assombrado, ouvi gemidos e frases, como que longínquos, pelo fio do pensamento: — Vingança! Vingança! Não descansarei até ao fim… Esta mulher infame me pagará…

Repeti a experiência com os dois outros e os resultados foram idênticos.

As exclamações ‘assassina! assassina!…’ transbordavam de cada um (…).”2 (cap. 7)

Em reencarnação passada, ela fora proprietária de escravos, entre os quais, estes três ela muito prejudicou. Ao desencarnar, em função das vibrações de pavor que emitia, viu-se identificada e perseguida pelos três Espíritos.

Mesmo depois de terem perdido a organização perispirítica, como numa simbiose, ligaram-se a ela com os princípios de matéria mental em que estão revestidos. Num misto de ódio, revolta, pavor, medo pelo desconhecido, e, obviamente, absoluta ausência do perdão que poderia ter evitado toda esta situação, assim se conservam ungidos até que Deus determine a separação.2 (cap. 7)

O que acabamos de ver refere-se a ação de ovoides sobre desencarnados, mas é muito comum que se dê também em seres encarnados.

Ação dos ovoides em nós encarnados

Voltando às páginas de Liberação, do confrade Salvador Gentile, encontramos uma descrição de um caso típico, que muito bem detalhará este tópico.

“Arquimedes convidou-me a aproximar-se, e depois de pedir-me para que aguçasse a visão, indicou-me, colados às costas do enfermo, e disfarçados em duas aparentes e leves corcundas, dois ovoides ligados de maneira profunda no infeliz.

— Este ovoide, que abriga um Espírito que se enlameou nos desvarios do sexo, acabando por perder o membro viril em terrível doença, está ligado aqui na medula espinhal, ao feixe de nervos que controlam o aparelho genésico, e trabalha com o fim deliberado de levar o obsidiado à completa impotência sexual. Este segundo ovoide, que se vê também ligado na medula, agasalha Espírito que foi impiedoso criminoso na Terra, e que terminou seus dias de artrose generalizada, e tem por finalidade levar o enfermo a se enfermar nas pernas, com destaque para os joelhos. Além disso, se você fizer um exame mais acurado, vai perceber que estes dois intrusos sugam todas as energias da vítima. Ainda há pouco, nosso irmão foi beneficiado por luminoso passe, que lhe deu forças, das quais quase nada mais lhe resta, porque já foram, em parte, apropriadas pelos obsessores, que se alimentam com a sua energia. (…)

— Estas duas entidades fazem o trabalho fundamental e contínuo de sugar-lhe a energia vital e produzir alterações na sua saúde, atendendo à solicitação da pessoa que o odeia, e está levando a cabo esta vingança.”1 (p. 22)

Mais adiante, no mesmo capítulo, o Espírito de Arquimedes prossegue, explicando que enquanto permanecerem ligados ao períspirito hospedeiro, de certa forma fazem parte integrante da personalidade do obsidiado. Exprime-se assim, pois é como se compartilhassem do mesmo corpo e do mesmo clima mental.1 (p. 32)

Também aprendemos com Gentile que após serem instalados, por exemplo, nas costas de um indivíduo, podem ser ativados para que prejudiquem a vítima.1 (p. 92)

No caso em análise, com a participação ativa da energia mental da solicitante encarnada da demanda (Silvia), e dos Espíritos que a ajudam neste intento, uma das duas entidades segregou um material escuro que se localizou ao redor do joelho de Antônio Serra, como se fora uma gaze negra enrolada. E desta matéria, tão viscosa que mais parecia uma pasta, “saíam chispas em direção do menisco e da junção dos ossos”.1 (p. 108)

Parasitas “ovoides”

“Inúmeros infelizes, obstinados na ideia de fazerem justiça pelas próprias mãos ou confiados a vicioso apego, quando desafivelados do carro físico, envolvem sutilmente aqueles que se lhes fazem objeto da calculada atenção e, auto hipnotizados por imagens de afetividade ou desforço, infinitamente repetidas por eles próprios, acabam em deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo, acusando, passo a passo, enormes transformações na morfologia do veículo espiritual, porquanto, de órgãos psicossomáticos retraídos, por falta de função, assemelham-se a ovoides, vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a influenciação, à face dos pensamentos de remorso ou arrependimento tardio, ódio voraz ou egoísmo exigente que alimentam no próprio cérebro, através de ondas mentais incessantes.

Nessas condições, o obsessor ou parasita espiritual pode ser comparado, de certo modo, à sacculina carcini, que, provida de órgãos perfeitamente diferenciados na fase de vida livre, enraiza-se, depois, nos tecidos do crustáceo hospedador, perdendo as características morfológicas primitivas, para converter-se em massa celular parasitária.

No tocante à criatura humana, o obsessor passa a viver no clima pessoal da vítima, em perfeita simbiose mórbida, absorvendo-lhe as forças psíquicas, situação essa que, em muitos casos, se prolonga para além da morte física do hospedeiro, conforme a natureza e a extensão dos compromissos morais entre credor e devedor.”3 (cap. 15)

Como se desliga a influência de um ovoide?

Uma das formas de consegui-lo é por meio dos passes. Entre outras coisas, como o de revitalizar o doente encarnado, uma vez que o ovoide suga as energias vitais do ser, os passes forçam o desligamento dos feixes de tênues fios fluídicos que, partindo do ovoide, penetram o corpo do hospedeiro. No caso de Antônio Serra, estes feixes de fios entravam na medula espinhal e nos órgãos vitais.

Após o desligamento, este parasita pode ser então afastado do hospedeiro. Isso também pode ser logrado através do médium.1 (p. 141)

Como se desperta um ovoide de sua segunda morte?

Vimos há pouco que o Espírito, em estado de ovoide, permanece fixado nas cenas de seus próprios crimes, as quais são potencializadas pelos verdugos que desejam que assim se mantenham.

Na mente do ovoide não há espaço para mais nada. Em outras palavras, sua vida reduz-se a conservar-se 100% concentrado nesta ideia fixa. Sozinhos, dificilmente conseguirão sair desta situação, por isso, essa tortura demora muito tempo. Para a liberdade, é necessária a intervenção de Espíritos que amem o próximo.

Em Libertação, também podemos constatar que se assemelham a fetos, ou amebas mentais, a mercê das entidades trevosas que se aproveitam destes seres para seus fins desprezíveis, e que somente se libertarão destas algemas quando forem encaminhados à reencarnação terrestre “ou em setores outros de vida congênere, qual ocorre à semente destinada à cova escura para trabalhos de produção, seleção e aprimoramento.”2 (cap. 6)

Através da reencarnação, os ovoides reconquistarão os corpos que perderam, e, além do mais, poderão se harmonizar, caso desejam realmente, com os desafetos, cujos ódios os fizeram perder a consciência da própria existência, anulando o perispírito, ao ponto de tornarem-se ovoides…

Que um dia conquistemos a paz tão desejada!

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1 GENTILE, Salvador. Liberação. 6. ed. Araras, SP: IDE, 1991.

2 XAVIER, Francisco Cândido. Libertação. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 13 .ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987.

3 XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1981.

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