Por que não escrever sobre as trevas e seus abismos?

Fabio Dionisi   |  fabiodionisi@terra.com.br

Caros leitores, mister compartilhar com vocês que uma reflexão reforçou a ideia de não só escrever, mas, principalmente, da imperiosa necessidade de darmos conhecimento público, expor a luz, revelar, chamar a atenção, sobre a ação deste submundos trevosos. Reflexão esta originada da leitura de uma frase escrita por Leon Tolstói em sua monumental obra: Guerra e Paz (epílogo, parte 1, cap. 16), lançada em 1869: “No fundo a minha ideia é que se os criminosos estão unidos entre si, e são uma força, o mesmo devem fazer as pessoas de bem. É muito simples!” Por sinal, muito bem alinhada com outra registrada por Allan Kardec, em O livro dos Espíritos (publicado em 18 de abril de 1857).

“Q. 932. Por que, neste mundo, a influência dos maus geralmente sobrepuja a dos bons? — Por fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Quando estes quiserem, haverão de preponderar.” 1

Neste artigo, para não sermos omissos e nem tímidos, gostaríamos de concentrar nossa atenção sobre os senhores das trevas e seus abismos.

Assim como acontece entre os encarnados, temos vários grupos de Espíritos voltados para o domínio, ou seja, o poder. E existem várias formas de exercê-lo, como ocorre entre nós, que nos encontramos no mundo da matéria.

Qualquer que seja a forma e os seus métodos, o poder está sempre concentrado nas mãos de um número muito pequeno de indivíduos, em comparação com a população que povoa os dois lados da vida.

Entre nós, indubitavelmente a riqueza é a fonte principal do poder, mas existem outras condições que o confere ao indivíduo, como, por exemplo, posição, status social, acesso à informação, ideias, projeção na mídia, liderança religiosa, etc.

Uma elite que influencia a vida de milhões de pessoas ao redor do Mundo: chefes de estado, CEO’s das maiores empresas do mundo, magnatas de tecnologia, bilionários, criadores de tecnologia, potentados do petróleo, administradores de fundos de investimento, altos comandantes militares, líderes religiosos, escritores, cientistas e artistas famosos, e até mesmo líderes terroristas e grandes criminosos.

Além disso, muitas vezes eles se unem para atingirem seus objetivos; portanto, não atuam isoladamente.

Por que não manteriam os mesmos objetivos, vícios e paixões, uma vez desencarnados?

No mundo póstumo, na questão do poder, de todas as leituras Espíritas que fizemos até aqui, bem como de nossas interações com o outro lado da vida, em reuniões de desobsessão, esclarecimento e encaminhamento de desencarnados, nosso entendimento é de que estes dominadores tanto se encontram nas baixas zonas umbralinas, ou seja, no Umbral grosso, quanto nas Trevas e seus abismos.

O mesmo entendimento é registrado em Universo e vida 2, do Espírito Áureo; na psicografia de Hernani T. Sant’Anna. Publicado pela Federação Espírita Brasileira, com um belíssimo prefácio do Presidente da FEB na época (1979), Francisco Thiesen, atestando a importância dos conceitos trazidos à luz, o Espírito Áureo nos diz: “Espantam-se alguns companheiros de aprendizado com as demonstrações de força do chamado Poder das Trevas, capaz de organizar verdadeiros impérios, em zonas umbralinas e nas regiões subcrostais, de onde conseguem atuar organizada e maleficamente sobre pessoas e instituições na Crosta da Terra.” 2 (p. 92)

Outro ponto importante, que deve ser conhecido, é quanto ao real domínio que exercem. Embora saibamos que dominem diretamente sobre duas regiões: o Umbral e as Trevas e seus abismos, indiretamente atuam ativamente no âmbito dos encarnados.

Obviamente, nunca ganharão esta guerra que travam diariamente contra nosso Mestre Jesus Cristo. Deus permite o escândalo para o nosso bem, mas, enquanto isso for necessário para a nossa evolução espiritual. Uma vez que atingirmos o ponto em que pudermos adentrar ao Mundo de regeneração, ele (escândalo) será banido da Terra.

“Ai do mundo, por causa dos escândalos, pois há necessidade de virem os escândalos, contudo ai daquele homem por meio de quem vêm os escândalos.” 3 (Mateus, 18:7)

Façamos, agora, uma tentativa de listar os que detém o poder sobre as Trevas e seus abismos. Para isso, entre outras referências bibliográficas, usaremos os ensinamentos de Hermínio C. Miranda, que podem ser encontrados no livro Diálogo com as sombras: dragões (senhores absolutos das Trevas), os agentes diretos dos Dragões, dirigentes das trevas (senhores de cidades, regiões, etc.), magos e feiticeiros, planejadores, os juízes, magnetizadores e hipnotizadores. 4

Costumam viver em cavernas e nas comunidades que eles mesmos organizam. Afastados de Deus, procuram fugir da reencarnação. Aliás, um dos motivos, razão por que se escondem nestas furnas subcrostais, é para evitar de serem atraídos à reencarnação, e as inevitáveis dores…

“Animam formas animalescas, protestando contra a Ordem da Vida. Não querem pertencer à espécie humana… Preferem viver dominados pelos instintos. Não temem a morte, que sabem existir: temem é a dor! Fazem do sofrimento alheio o seu objeto de prazer; a sua filosofia é ‘Sofram eles, para que não soframos nós’…” 5 (p. 224)

Além dos trevosos, obviamente, outros se encontram nas trevas.

Não queremos ser simplistas, mas acreditamos que podemos classificar todos os habitantes destas regiões em quatro categorias: (1) os Senhores das Trevas e seus abismos: são os que mandam na área. Dominadores perversos e cruéis destas regiões. Rebeldes e indisciplinados afrontam às Leis Divinas, demorando-se, quase que indefinitivamente, naquelas zonas, até serem compulsoriamente reencarnados ou enviados para outros planetas inferiores, sem opção de escolha; (2) adeptos da revolta ou do desespero; igualmente verdugos, que em geral se aliam aos primeiros (Senhores das Trevas e seus abismos), embora também sofram em consequência da perversidade dos dominadores destas esferas; demorando-se nestas regiões até que o remorso os demovam de suas posições equivocadas, ou sejam compulsoriamente reencarnados ou enviados para outros planetas inferiores. Pobres desequilibrados que tentam induzir todas as situações à desarmonia em que vivem; que se misturam aos sofredores, infundindo pavor entre eles; (3) sofredores devedores (dominados ou não): aqueles que lá se encontram em regime purgatorial, embora não se envolvam com as questões de domínio territorial e poder, exercício da justiça, etc. Em geral, mas não todos, são passivamente subjugados pelas duas classes anteriores. Reencarnarão, tão logo se reencontrem com suas essências, ou seja, busquem o caminho para se reabilitarem com o Nosso Pai Criador; mas, também podem ser reencarnados, compulsoriamente. Vítimas de seus próprios erros, vivem em supremo terror; (4) inteligências sub-humanas (em geral, reduzidos à servidão): seres que não se encontram em posição regenerativa e que podem ser considerados como inteligências sub-humanas. Utilizados nos serviços mais rudes da natureza. Situam-se entre a escala dos macacóides, detentores de raciocínio fragmentário e aos homens primitivos que habitavam as florestas. Trata-se dos seres elementais. 6 (p. 284)

Diante das limitações naturais impostas em um artigo, por este momento, cessaremos por aqui, mas caso desejem maiores detalhes sobre estas regiões sugerimos a leitura do livro O que está escondido nos grandes abismos? 6, desenvolvido à partir dos registros, — e somente deles —, de Espíritos de reputação ilibada, dentro do Espiritismo.

Fiquem todos em paz; porém, vigilantes…

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1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. 3. ed. edição comemorativa. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

2 SANT’ANNA, Hernani T. Universo e vida. Ditado pelo Espírito Áureo. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.

3 O novo testamento. Tradutor Haroldo Dutra Dias. Revisor Cleber Varandas de Lima. Brasília: Conselho Espírita Internacional, 2010.

4 MIRANDA, Hermínio C. Diálogo com as sombras. Teoria e prática da doutrinação. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998.

5 BACCELLI, Carlos A. Do outro lado do espelho. Ditado pelo Espírito Inácio Ferreira. 9. ed. Votuporanga: Didier, 2008.

6 DIONISI, Fabio. O que está escondido nos grandes abismos? Ribeirão Pires: Editora Dionisi, 2018.

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O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP). www.irmascheilla.org.br

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