Caridade (Machado de Assis)

[Nelli Célia] nellicelia@yahoo.com.br

Machado de Assis (1839/1908) é considerado o maior dos escritores brasileiros. Seu legado é riquíssimo em perfeição, beleza, sendo famosa toda a sua obra. Destacou-se primeiramente nos romances e contos, embora tenha escrito muitas crônicas, poesias, crítica literária e teatro.

         A partir de Memória de Brás Cubas teve início a sua fase realista, quando revelou seu incrível talento na análise comportamental humana.

         Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na chácara Livramento no Rio de Janeiro em primeiro de junho de 1839, sendo o primeiro filho do mulato Francisco José de Assis e da portuguesa Maria Leopoldina.

         Quando tinha dez anos, perdeu sua mãe e seu pai, foi assim embora da chácara e conheceu outra mulher, Maria Inês da Silva.

         Aos 15 anos, procurou emprego com um conhecido e sua carreira começava naquele instante, com a primeira poesia publicada.

Dos lábios de um Querubim

Eu queria ouvir um sim

Para alívio do meu coração.

Aos 20 anos, Machado de Assis frequentava os círculos literários e jornalísticos do Rio de Janeiro, capital política e artística do império.

Em 1860, foi chamado por Quintino Bocaiuva, para trabalhar na redação do Diário do Rio de Janeiro, além de escrever sobre todos os assuntos e manter uma coluna crítica literária. Machado de Assis tornou-se representante do jornal do senado e outros jornais, colocando suas  histórias.

         Em 1867, o Imperador Dom Pedro II concedeu a Machado o grau de “Cavaleiro da ordem da Rosa”.

         No ano de 1869, foi o casamento de Machado com Carolina, a quem amou até a morte dela (Ver poesia “Carolina!”). Em 1870, lançou seu primeiro livro de contos: Contos Fluminenses e seu primeiro romance Ressurreição.

         Machado, com suas grandes obras, se tornou a maior expressão da literatura brasileira e, em 1896, fundou com outros intelectuais a Academia Brasileira de Letras.

         Nomeado para a cadeira n. 23, tornou-se em 1897 seu primeiro presidente, cargo que ocupou até a sua morte.

         Machado de Assis, um grande brasileiro que honrou a vida que Deus Lhe deu. Lutou e venceu os obstáculos e foi um homem de Bem.

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“CARIDADE”

Ela tinha no rosto uma expressão tão calma
como o sono inocente e primeiro de uma alma
Donde não se afastou ainda o olhar de Deus;
Uma serena graça, uma graça dos céus,
Era-lhe o casto, o brando, o delicado andar,
E nas asas da brisa iam-lhe a ondear
Sobre o gracioso colo as delicadas tranças.

Levava pela mão duas gentis crianças.

Ia caminho. A um lado ouve magoado pranto.
Parou. E na ansiedade ainda o mesmo encanto
Descia-lhe às feições. Procurou. Na calçada
À chuva, ao ar ao sol, despida, abandonada
A infância lacrimosa a infância desvalida,
Pedia leito e pão, amparo, amor, guarida.

E tu, ó caridade, ó virgem do Senhor,
No amoroso seio as crianças tomaste,
E entre beijos – só teus – o pranto lhes secaste
Dando-lhes pão, guarida, amparo, leito e amor.

(Machado de Assis. Crisálida)

Colaboração de Ricardo Ondir

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