Cairbar Schutel. O homem e sua personalidade.

Breves notas biográficas de Cairbar Schutel

Cairbar de Souza Schutel reencarnou na cidade do Rio de Janeiro, no dia 22 de setembro de 1868. Naquelas alturas, sua família vivia na famosa rua do Ouvidor, 49. Época em que o Brasil estava envolvido na desastrosa “Guerra do Paraguai” (1864 a 1870).

Filho de Anthero de Souza Schutel e D. Rita Tavares Schutel; sendo que ambos desencarnaram quando Cairbar contava 9 anos de idade.

Os Schutel eram de origem, pelo que parece, suíços-franceses.1 (p. 13)

Nosso Bandeirante do Espiritismo, como é chamado nas lides Espíritas brasileiras, desencarnou na cidade de Matão, Estado de São Paulo, no dia 30 de janeiro de 1938; portanto, 82 anos nos separam de sua última desencarnação, pois o sabemos ainda na Espiritualidade, à frente da cidade espiritual Alvorada Nova, como Coordenador Geral da cidade. 2 (p. 111)

Cairbar Schutel também esteve entre os essênios

Por que não começar por uma reencarnação anterior?

Afinal de contas, pensando “fora da caixa”, faz sentido estudá-lo em uma prévia existência corporal, com o jeito de ser de então, a forma como foi preparado [pelo Nosso Senhor Jesus Cristo], antes de entendê-lo como Cairbar Schutel…

Cairbar Schutel foi contemporâneo de Eurípedes Barsanulfo, bem como do Dr. Bezerra de Menezes.

Na personalidade de Josafá, encontrou-se com Jesus adolescente, numa comunidade essênia; e, mais especificamente, na Chácara das Flores, na Palestina de então. Este esteve entre os essênios. Relembrando que, pelo o que se sabe, os mesmos tiveram existência entre 150 a.C. até, aproximadamente, 70 d.C. E, de fato, Chico Xavier já relatara, anteriormente, que Eurípedes esteve com Bezerra de Menezes e Cairbar Schutel, entre eles.

Disse-lhe (Chico), a Hugo Gonçalves (amigo de Cairbar Schutel, desde priscas eras), que: “o notável livro ‘A Grande Espera’ 3, ditada pelo espírito Eurípedes à médium Corina Novelino, os tem por personagens principais: Raboni (título judaico: mestre) – Jesus adolescente, Lisandro – Bezerra de Menezes, Marcos – Eurípedes Barsanulfo, Josafá – Cairbar Schutel”. 4 (p. 69)

Na ocasião do encontro, na Chácara das Flores, o Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda adolescente, revela a missão de cada um dos três. E quanto ao nosso querido Cairbar Schutel, na personalidade de Josafá: “O Adolescente [Jesus adolescente, entre 14 e 16 anos de idade] continuou, com os olhos doces e pensativos, voltados para o rosto simpático do companheiro [Cairbar]: — Josafá, foste contemplado pelo Divino Poder para colaborar na Grande Seara de Luz, no mundo. Tua tarefa prende-se às conquistas espirituais das criaturas, em razão de sérios compromissos ajustados por tua consciência livre. Após ligeira pausa, o Jovem concluiu, em tom significativo: — Estarás presente às decisivas fases de transição, nos setores evolutivos do Orbe.” 4 (p. 81)

Na mesma obra, também tivemos oportunidade de saber que, incumbido por Lisandro [Bezerra de Menezes], Josafá fora em busca do Messias, e logra trazê-lo até os essênios.

“Passados alguns anos, com Marcos fazendo pregações, já adulto, vamos encontrar outra vez o mensageiro Josafá às voltas com outro grande acontecimento, talvez o maior, em toda a história dos essênios. Por suas mãos, o Messias adolescente ali aportava.”!!! 4 (p. 78)

A bem da verdade, foi Jesus que vai ao encontro de Josafá. A passagem, de uma extraordinária beleza e sublimidade, encontra-se no capítulo 30: “O encontro inesperado”, do livro A grande espera 3 (p. 186).

“Na distância do caminho apontara fulgurante estrela desconhecida. Vinha dos lados do mar, a leste, ao encontro dos jornadeiros. À medida que se aproximava, a visão maravilhosa mostrava-se mais deslumbradora nas suas radiações luminosas. Os ouvidos disciplinados dos viandantes registravam arpejos celestiais, nos sussurros da brisa, que balouçava as vegetações alterosas (…). A estrela aproximava-se, em sentido contrário ao do Sol, prestes a desaparecer no horizonte (…). Sequer ousavam imaginar a origem daquela estrela cintilante, que mais e mais se chegava a eles (…). Emoções tremendamente dulcificantes lhes paralisaram os movimentos quando à distância de um terço de estádio [um estádio equivale a 206,25 metros] revelou-lhe um adolescente de inenarrável beleza, circundado por fulgurâncias mais brilhantes que o Sol da sexta hora. Aparentava catorze a dezesseis anos (…).” 3 (p. 190)

Porém, agora, reencontramos o grande Josafá na personalidade de Cairbar Schutel, em princípios do século passado, como o Bandeirante do Espiritismo; exatamente divulgando, incansavelmente, a nova Revelação, que nos levará à transição de um planeta de expiação e prova para um mundo de regeneração, como preconizado pelo Nosso Senhor Jesus Cristo.

Cairbar. O homem e sua personalidade

Para esta descrição nos baseamos em três fontes, a saber: Leopoldo Machado 5 (p. 75-85), Eduardo Carvalho Monteiro e Wilson Garcia 1 (p. 93-98), e um salvo-conduto por ele tirado, por ocasião da guerra de 1932.

Raça branca, Cairbar era um homem alto e magro. Possuía olhos castanhos, muito vivos, embora sempre serenos.

“Altura, 1.70 m; cabelos grisalhos; barba cavanhaque; rosto oval; cor, branca; olhos castanhos; boca regular; sinais particulares, defeito no dedo submédio direito.” 1 (p. 93)

Sua marca registrada era o cavaignac, sempre muito bem tratado.

Nariz adunco, fronte alta, sempre vestido com esmero, fruto de sua educação materna, adorava vestir ternos de brim de linho, cor branca ou cinza; sempre muito limpos e bem engomados. Usava sempre uma gravata, e pelo que consta não gostava de usar ternos de casimira.

Apesar das fotos sempre sérias, aparentemente carrancudas, na verdade costumava ser sempre alegre, jovial e de boa prosa.

Sabia fazer piadas que agradavam pela inteligência e irreverência, mas sem ferir o próximo; isso nunca, sempre respeitador, jamais usava expressões chulas ou de baixo calão.

Gostava de um cigarrinho. Isso mesmo, caro leitor e cara leitora… Pecado? Não! Apenas fruto de uma época…

“Era honesto, muito trabalhador e sério, e percebia-se que era um trabalhador que gostava de tudo o que se envolvia, por isso o fazia com satisfação íntima e alegria. Essa alegria tinha momentos certos, quando ele gostava de contar suas piadas e ria a valer. Era muito carinhoso com as crianças e aos pobres nada negava. Era muito caridoso por excelência, e, se alguma coisa dele se marcou, foi a caridade.” 5 (p. 95)

Costumava hospedar, em sua casa, os que o visitavam. Mesmo os desconhecidos, de outros rincões… E já que citamos isso, lógico que com o apoio de uma grande mulher, a D. Mariquinhas! Não acham? 6 (236)

“Os próprios adversários do Espiritismo não tinham coragem de atacá-lo, tão grande era a sua projeção moral. E a grandeza da sua dedicação fazia que o estimassem, cheios de respeito.” 7 (p. 262)

Muito bem ressaltado por Leopoldo Machado 1 (p. 75), três características eram bem marcantes neste homem extraordinário: inteligência e facilidade de percepção das coisas, extrema bondade, e sua simpatia e capacidade de fazer e cultivar amizades.

Fiquemos em paz, porém, atentos!

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1 MACHADO, Leopoldo. Uma grande vida. Estudo biográfico de Cairbar Schutel. 2. ed. Matão/SP: O Clarim, 1980.

2 GLASER, Abel. Alvorada Nova. Pelo Espírito de Cairbar Schutel. 3. ed. Matão/SP: O Clarim, 2000.

3 NOVELINO, Corina. A grande espera. Pelo Espírito de Eurípedes Barsanulfo. 4. ed. Araras. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1995.

4 LUNA, Geraldo Peixoto. Eurípedes Barsanulfo. De Roma a Sacramento. 1. ed. Uberaba: Livraria Espírita Edições Pedro e Paulo, 2007.

5 MONTEIRO, Eduardo Carvalho e GARCIA, Wilson. Cairbar Schutel, o Bandeirante do Espiritismo. 1. ed. Matão/SP: O Clarim, 1986.

6 DIONISI, Fabio. A História do Espiritismo. Da França de Kardec ao Brasil de Chico. 1. ed. Ribeirão Pires: Editora Dionisi, 2013.

7 WANTUIL, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Capítulo: Cairbar Schutel. pp. 254 a 264.

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Fabio Dionisi

O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP).

www.irmascheilla.org.br

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