Dr. Arthur Neiva

(Salvador BA, 22 de março de 1880 – Rio de Janeiro RJ, 6 de junho de 1943)

[Fabio Dionisi] fabio@editoradionisi.com.br

I. Nosso orientador e coordenador geral: o Espírito de Dr. Arthur Neiva (Dr. Stefani Oswald)

Introdução

Durante as últimas três décadas, ele foi, para todos nós, o Espírito de Dr. Stefani Oswald.

Em 2018, após recebermos permissão para declinar seu verdadeiro nome, tomamos consciência de sua verdadeira identidade: Dr. Arthur Neiva.

Podemos afiançar, ao nosso caro leitora e amiga leitora, de que escrever sobre o Dr. Arthur Neiva pareceu-nos temeroso demais, pois diante daqueles que puderam fazê-lo de forma mais apropriada, com maior conhecimento de causa. Nossas linhas correm o risco de retratar palidamente o que ele representou para o nosso Brasil, de princípios do século XX.

Tanto que seu biografia encontra-se na Nova Enciclopédia Barsa e Nova Enciclopédia Delta Larousse; como poderão ler a seguir.

Nova Enciclopédia Barsa – Vol. 10 (Encyclopaedia Britannica do Brasil)

Neiva, Arthur

O cientista brasileiro Arthur Neiva realizou trabalhos valiosos não só no domínio da história natural, em que concentrou suas pesquisas, mas também em etnografia, linguística e história.

Arthur Neiva nasceu em Salvador BA em 22 de março de 1880. Formou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nomeado interventor [federal] na Bahia em 1931, planejou o Instituto do Cacau. Fundou o Instituto Biológico de São Paulo e preparou-o para o estudo das doenças parasitárias e infeciosas dos animais domésticos. Organizou o Instituto de Tecnologia do Ministério do Trabalho e criou o Instituto de Biologia Vegetal do Ministério da Agricultura.

Na direção do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, elaborou o primeiro código sanitário do Brasil. Restabeleceu a profilaxia do tracoma e a vacina obrigatória e organizou o serviço para o combate à sífilis. Uma das maiores autoridades do país em malária, foi designado em 1906 por Osvaldo Cruz para organizar a profilaxia antimalárica na captação da água destinada ao Rio de Janeiro, em Xerém e Mantiqueira. Dirigiu ainda o Museu Nacional em 1923 e elegeu-se deputado à Assembleia Constituinte em 1934. Morreu no Rio de Janeiro RJ, em 6 de junho de 1943.

Nossas Notas

História natural é um termo genérico para o que é hoje geralmente visto como um conjunto variado de disciplinas científicas distintas. A maior parte das definições inclui o estudo das coisas vivas (exemplo: biologia, incluindo botânica e zoologia).

Etnografia: 1. A parte dos estudos antropológicos que corresponde à fase de elaboração dos dados obtidos em pesquisa de campo. 2. O estudo descritivo de um ou vários aspectos sociais ou culturais de um povo ou grupo social. (Novo Aurélio)

Tracoma: Oftalmopatia crônica, de origem bacteriana, e que compromete córnea e conjuntiva, levando à fotofobia, dor e lacrimejamento. (Novo Aurélio)

Nova Enciclopédia Delta Larousse – Vol. 5 (Dictionnaire Encyclopédique Larousse)

Neiva, Arthur

Cientista brasileiro (Salvador BA 1880 – Rio de Janeiro RJ 1943). Discípulo de Osvaldo Cruz, dedicou-se a trabalhos de profilaxia e a estudos de entomologia médica,  tornando-se grande conhecedor dos “barbeiros” transmissores da doença de Chagas, cuja primeira espécie foi por ele identificada. Fez várias campanhas sanitárias, de que resultou o relatório intitulado Viagem científica pelo norte da Bahia, sudoeste de Pernambuco, sul do Piauí e norte e sul de Goiás (1916). Dirigiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro (1923). Quando interventor em seu Estado natal (1931), criou o Instituto do Cacau. Foi, ainda, diretor-geral de pesquisas do Ministério da Agricultura (1933), quando criou o Instituto Tecnológico. Foi deputado federal (1934). De seus trabalhos publicados, cerca de 180, os científicos foram elaborados no Instituto Osvaldo Cruz, onde foi professor.

Nossas Notas

Entomologia: Parte da zoologia que trata dos insetos; insetologia. (Novo Aurélio)

II. Obras publicadas

Neiva, A. Estudos da Língua Nacional. São Paulo, Cia. Editora Nacional.

Neiva, A. Esboço histórico sobre a Botânica e Zoologia no Brasil.

Neiva, A. Daqui e de longe… Chronicas nacionais e de viagem.

Neiva, A. & Penna, B. Viagem Científica pelo Norte da Bahia, Sudoeste de Pernambuco, Sul do Piauhí e de Norte a Sul de Goiaz. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 8 (3), pp. 74-224, 1916.

E cerca de 180 trabalhos publicados.

III. Linha do Tempo – Não existem coincidências…

Caro leitor, poderão constatar que sua última reencarnação, ao lado de outros ícones, não pode ter sido mera coincidência.

Em sua época, nada mais nada menos, podemos encontrar: Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, Cairbar de Souza Schutel, Eurípedes Barsanulfo, Irmã Scheilla (na Alemanha), Dr. Oswald Cruz, Dr. Carlos Chagas, Dr. Evandro Chagas, Monteiro Lobato.

Todos missionários, como Dr. Arthur Neiva também o foi. Ligados à Medicina, ao Espiritismo ou imbuídos de ajudar o Brasil a ser um país melhor, a bem da verdade é que todos receberam importantes tarefas.

Dr. Adolfo Bezerra de Menezes

(Freguesia do Riacho do Sangue, CE, 29 de agosto de 1831 – Rio de Janeiro, RJ, 11 de abril de 1900)

Conhecido como Bezerra de Menezes, foi um médico, militar, escritor, jornalista, político, filantropo e expoente da Doutrina Espírita. Conhecido também como O Médico dos Pobres.

Cairbar de Souza Schutel

(Rio de Janeiro, RJ, 22 de setembro de 1868 – Matão, SP, 30 de janeiro de 1938)

Foi um divulgador espírita, político, farmacêutico e filantropo brasileiro.

Teve grande importância na história do Espiritismo, e de Matão, tendo sido fundamental em sua elevação de povoado para município, sendo o seu primeiro intendente, cargo equivalente ao atual prefeito, que exerceu de março a outubro de 1899, e, depois, de 18 de agosto à 15 de outubro de 1900.

Era respeitado por todos na cidade em sua época, chegando a comprar com seus próprios recursos o prédio para a instalação da prefeitura; foi consagrado com o título de “O Pai dos Pobres” da cidade, dava remédio de graça aos carentes e utilizava sua própria casa para acolher doentes.

Atual responsável pela Colônia Espiritual de Alvorada Nova

Irmã Scheilla

(Alemanha, c. 1915 – Alemanha, 1943)

Administradora Geral do hospital Casa de Repouso (Hospital de Scheilla), na Colônia Espiritual de Alvorada Nova.

Outra reencarnação conhecida: Santa Joana de Chantal

Tanto Arthur Neiva quanto o Espírito Xavier (pseudônimo) foram médicos na época e auxiliares e colaboradores nas atividades filantrópicas de Santa Joana de Chantal (Irmã Scheilla)

Eurípedes Barsanulfo

(Sacramento, MG, 1 de maio de 1880 – 1 de novembro de 1918)

Foi um educadorpolíticojornalista, e médium brasileiro, um dos expoentes do espiritismo no país. Notório principalmente por sua atividade na educação brasileira e no tratamento espiritual, fundou o primeiro colégio espírita do país, o Colégio Allan Kardec, que disponibilizou educação gratuita para milhares de pobres e órfãos.

Oswald Cruz

(São Luiz do Paraitinga, 5 de agosto de 1872 — Petrópolis, 11 de fevereiro de 1917)

Foi um cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro.

Foi pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Federal no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz, respeitado internacionalmente.

Carlos Chagas (Carlos Justiniano Ribeiro Chagas)

(Oliveira, 9 de julho de 1879 – Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1934)

Biólogo, médico sanitarista, cientista e bacteriologista brasileiro, que trabalhou como clínico e pesquisador. Atuante na saúde pública do Brasil, iniciou sua carreira no combate à malária. Destacou-se ao descobrir o protozoário Trypanosoma cruzi (cujo nome foi uma homenagem ao seu amigo Oswaldo Cruz) e a tripanossomíase americana, conhecida como doença de Chagas. Ele foi o primeiro e até os dias atuais permanece o único cientista na história da medicina a descrever completamente uma doença infecciosa: o patógeno, o vetor (Triatominae), os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia.

Foi diversas vezes laureado com prêmios de instituições do mundo inteiro, sendo as principais como membro honorário da Academia Brasileira de Medicina e doutor honoris causa da Universidade de Harvard e Universidade de Paris. Também trabalhou no combate à leptospirose e às doenças venéreas, além de ter sido o segundo diretor do Instituto Oswaldo Cruz. Formou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (atual UFRJ).

Monteiro Lobato (José Bento Renato Monteiro Lobato)

(Monteiro Lobato, SP, 18 de abril de 1882 –São Paulo, SP, 4 de julho de 1948)

Foi um escritor, ativista, editor, diretor e produtor brasileiro.

Foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções. Ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária. A outra metade, consistindo de contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, livros sobre a importância do ferro e do petróleo.

Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Monteiro Lobato tornou-se também editor. Com isso, implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis.

Dr. Evandro Chagas [Prof. Dr. Xavier (Espírito)]

Dr. Xavier (Espírito), por muito tempo foi o pseudônimo adotado pelo Prof. Dr. Evandro Chagas, filho primogênito do Dr. Carlos Chagas.

Médico humanitário, que viveu no Brasil, no início do século XX.

Professor da UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro], na Cadeira Titular de Cardiologia, em substituição de um grande nome da história da Medicina, um cientista famoso. Nascido no Estado de Minas Gerais, teve a honra de participar, na época, do projeto que identificou o protozoário de Chagas.

Em outra encarnação, na França do século XVI, foi um dos auxiliares de Santa Joana de Chantal, atualmente conhecido como Irmã Scheilla.

Dr. Arthur Neiva

(Salvador BA em 22 de março de 1880 – Rio de Janeiro RJ, em 6 de junho de 1943)

Responsável por uma das 14 equipes do hospital Casa de Repouso (Hospital de Scheilla), na Colônia Espiritual de Alvorada Nova. Responsável atual pelo Conselho Deliberativo deste hospital.

Coordenador Geral das atividades do “Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla”, em Ribeirão Pires, SP.

IV. Biografia

Dados Biográficos

Titular: Arthur Neiva

Filiação: João Augusto Neiva e Ana Adelaide Paço Neiva

Nascimento: 22/3/1880, Salvador, Bahia, Brasil

Cônjuge: Justina Hehl Neiva

Filhos: Arthur Hehl Neiva, Ilka Hehl Neiva, Gilda Hehl Neiva.

Falecimento: 6/6/1943, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Formação Acadêmica

Ensino Superior (graduação), Medicina, Faculdade de Medicina, Rio de Janeiro, 1903

Principais Atividades

Cientista, Instituto Oswaldo Cruz 1903,1942

Diretor, Museu Nacional 1923,1927

Secretário estadual, Secretaria dos Negócios do Interior de São Paulo 1930,1931

Interventor federal, Governo do estado da Bahia 1931,1931

Deputado constituinte, Assembleia Nacional Constituinte de 1934 1934,1934

Deputado federal, Partido Social Democrático 1935,1937

Membro, Conselho Consultivo da Coordenação da Mobilização Econômica 1942,1943

Outras Atividades

Dedicou-se à profilaxia e entomologia médica, tornando-se afamado conhecedor dos barbeiros, insetos transmissores da doença de Chagas. Foi o primeiro a descrever uma espécie de barbeiro. Realizou diversas campanhas sanitárias.

Em companhia de Belisário Penna, fez uma longa viagem científica pelo norte da Bahia, sudeste de Pernambuco, sul do Piauí e norte e sul do Goiás.

Diretor-geral do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo (1916-1920); chefe da Comissão de Estudos e Debelação da Praga Cafeeira do Estado de São Paulo (1924-1927); diretor-superintendente do Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal do mesmo estado (1928-1930 e 1932); titular da Diretoria Geral de Pesquisas Científicas do Ministério da Agricultura (1933); diretor do jornal “A Nação”, do Rio de Janeiro; fundador das revistas “Ciência Médica” e “Boletim Biológico”; colaborador científico da “Revista do Brasil”; sócio da firma Navarro e Neiva; autor de cerca de duzentos trabalhos, a maioria sobre assuntos científicos, além de dois livros, “Daqui e de longe” (1927) e “Estudos da língua nacional” (1940).

A partir de 1916, dirigiu o Serviço Sanitário de São Paulo, organizando o serviço de combate à sífilis. Elaborou o primeiro código sanitário do Brasil e restabeleceu a profilaxia do tracoma e a vacinação obrigatória.

Em 1923, passou a dirigir o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.

Organizou e dirigiu o Instituto Biológico de São Paulo, de 1930 a 1932.

Foi interventor na Bahia, em 1931, quando criou o Instituto do Cacau.

Participou da Assembleia Nacional Constituinte de 1933, como deputado federal pelo estado da Bahia.

Deixou notáveis contribuições nos campos da ciência natural, etnografia e linguística.

Biografia

O que mais o distingue entre seus pares é a sua versatilidade, sua capacidade de desempenhar com brilhantismo as mais diversas tarefas e funções, deixando em todas elas a marca de seu talento e de sua personalidade.

Sanitarista e político, criador do Instituto Biológico. Homem preocupado com os destinos da ciência no Brasil, dedicou toda a sua vida a importante causa da saúde dos brasileiros, seguindo os passos de Oswaldo Cruz.

Arthur Neiva nasceu em 22 de março de 1880, em Salvador, Bahia.

Filho de João Augusto Neiva e Ana Adelaide Paço Neiva.

Cônjuge: Justina Hehl Neiva.

Filhas: Ilka Hehl Neiva e Gilda Hehl Neiva.

Filho: Arthur Hehl Neiva; nascimento: 9/6/1909, Rio de Janeiro; cônjuge: Beatriz Vaccani Neiva; falecimento: 9/10/1967, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Iniciou o curso superior na Faculdade de Medicina da Bahia, concluindo-o na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1903. Foi aluno de Oswaldo Cruz.

Ainda, quando estudante, atuou na Inspetoria de Profilaxia da Febre Amarela, participando da campanha de erradicação do mosquito transmissor dessa doença, promovida a partir de 1903, por Oswaldo Cruz, Diretor-Geral de Saúde Pública.

Recém-formado, trabalhou como auxiliar de laboratório e preparava-se para prestar concurso para inspetor sanitário quando foi descoberto por Oswaldo Cruz. Foi um dos pesquisadores arregimentados por Oswaldo Cruz para lançar as fundações da medicina científica no Brasil.

Discípulo do sanitarista Oswaldo Cruz, em 1906 passou a trabalhar com ele no Instituto Soroterápico, atualmente Fundação Instituto Oswaldo Cruz, no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, onde encontra Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, Adolfo Lutz, Henrique da Rocha Lima e outros que, mais tarde, seriam cientistas de renome internacional. Participou de campanhas de profilaxia da malária.

Em 1907 participou ao lado de Carlos Chagas da campanha de profilaxia da malária em Xerém (RJ). Nessa região estudou os hábitos e as características dos mosquitos transmissores da doença e identificou alguns grupos de seus parasitos resistentes à quinina. Em 1908, como pesquisador do IOC, desenvolveu pesquisas sobre os insetos transmissores da doença de Chagas.

Em 1910 forneceu informações detalhadas sobre a biologia do Conorhinus megistus – depois denominado Panstrongylus megistus –, que contribuíram para os primeiros conhecimentos sobre o ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi. Ainda sobre a doença de Chagas, realizou a classificação de espécies de barbeiros e explicou o mecanismo de transmissão, formulando a hipótese de que, ao se coçar, o indivíduo introduz em seu corpo, pela pele ou por uma mucosa, as fezes do inseto que contém tripanossomas.

Executa trabalhos na área de entomologia, viajando em 1910 para os Estados Unidos a fim de aperfeiçoar-se nessa área.

Em 1910 foi a Washington completar seus estudos de entomologia e, de regresso ao Brasil, motivado pela descoberta da tripanossomíase por Carlos Chagas, seu interesse se voltou para os triatomídeos. Fez uma revisão do gênero Triatoma, com ênfase nas espécies transmissoras do Trypanosoma cruzi. Este trabalho foi apresentado como tese à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, o que lhe valeu o título de livre-docente, conferido pelo voto unânime da congregação.

Em 1914, com a tese intitulada “Revisão do gênero Triatoma Lap.”, sobre um dos gêneros de barbeiros, tornou-se livre-docente da cadeira de história natural médica e parasitologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Participou do movimento que congregou cientistas, médicos e intelectuais em prol do saneamento do país.

Durante a década de 1910 participou de expedições científicas enviadas pelo IOC ao interior do Brasil.

Com o conhecimento adquirido em seus estudos em Manguinhos, sua estada nos Estados Unidos aliados ao seu espírito empreendedor, chefia, em 1912, uma expedição ao interior da Bahia juntamente com Belisário Penna.

Belisário Penna, Arthur Neiva e a comitiva partindo de Boa Vista (PI)

Essa expedição, que durou sete meses, foi financiada pelo Instituto Oswaldo Cruz e pela Inspetoria de Obras contra as Secas. Percorreu o norte da Bahia, o sudoeste de Pernambuco, o sul do Piauí e o Estado de Goiás desde o norte até o sul; a maior parte do trajeto em lombo de burro, dormindo ao relento ou em barracas improvisadas. Neiva elaborou um relatório demonstrando o estado de miséria que a população desses locais se encontrava. O relatório desta viagem foi publicado nas Memórias do Instituto Oswald Cruz, em 1916, e constitui um marco na história da ciência brasileira pela riqueza de informações sobre os aspectos geográficos, clima, flora, fauna, condições sanitárias e doenças do homem e dos animais. Retrata a realidade do interior do país, na época inteiramente desconhecida dos habitantes das cidades litorâneas, e causou um grande impacto às autoridades governamentais e à sociedade em geral, ao relatar as condições de atraso, pobreza, miséria, analfabetismo, doenças endêmicas e isolamento em que vivia a população na região por eles percorrida. Prevendo as críticas ao retrato desolador da realidade do sertão por eles descrita, assim se pronunciaram antecipadamente: “Não agradará certamente a franqueza com que expomos nossa impressão, mas julgamos ser isso um dever de consciência e de patriotismo. É indispensável dizer a verdade embora dolorosa e cruciante e não iludir de forma alguma a Nação”.

Mais tarde, chefia uma campanha de saúde na abertura da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, cuja área era totalmente desabitada, coletando dípteros hematófogos para estudos. Com seu amigo Monteiro Lobato, vai em expedição ao interior do Estado de São Paulo. Ao chegarem em uma propriedade, Lobato foi ter à varanda para suas reflexões de escritor e Neiva sai a campo a pesquisar, quando encontra nas bromélias o inseto transmissor da febre amarela.

Além de expedições que lhe deram notoriedade, Em 1913 esteve na Argentina, onde descreveu uma nova espécie de Triatoma e, em 1915, voltou a Buenos Aires, convidado a instalar e dirigir a Seção de Zoologia Animal e Parasitologia do Instituto Bacteriológico daquele país, onde permaneceu por dois anos, regressando ao Brasil a convite do governo do estado de São Paulo para assumir o Serviço Sanitário estadual. Em 1916, chamado para chefiar o Serviço Sanitário de São Paulo, sela sua amizade com Lobato, no engajamento na campanha da Liga Pró-Saneamento do Brasil em 1918.

Em sua nova função elaborou o código sanitário do estado de São Paulo contemplando não só as cidades como a zona rural, o qual serviu de modelo para outros estados. Código sanitário semelhante ao código federal instituído por Oswaldo Cruz em 1903.

Em 1918 a epidemia de gripe espanhola atingiu São Paulo e coube a Arthur Neiva coordenar os trabalhos de atendimento à população, tendo improvisado 43 hospitais na capital e 119 no interior. Ele próprio foi vítima da epidemia.

Ainda foi responsável pela reorganização de um certo número de instituições científicas existentes, como o Instituto Butantan que logo entrou numa nova fase de produtividade, começando a publicar a sua própria revista em 1918 e um novo programa de pesquisas e treinamento.

Sempre ativo em suas ideias, incentivou a criação do Horto Oswaldo Cruz para plantas medicinais brasileiras que, em 1918, fez parte do Instituto Butantan. Neiva julgava da maior importância que o Instituto Butantan (Instituto de Medicamentos Oficiais) fosse produtor de medicamentos. Seis anos depois, Neiva vê seu sonho não realizado. O Horto passa para o Museu Paulista e depois para o Instituto Biológico, formando a Seção de Botânica e Agronomia (o orquidário e Parque do Estado criado em 1928 é anexado à Seção) que permuta materiais com especialistas, aumentando assim sua coleção, atendendo consultas, classifica os materiais tanto do Estado de São Paulo como do exterior etc. Mais tarde essa Seção transforma-se em Serviço anexo ao Instituto Biológico, em 1938, em Departamento autônomo e, em 1942, finalmente gera o Instituto de Botânica.

Em 1920 foi convidado pelo Instituto Kitasato a visitar o Japão, onde proferiu conferências e recebeu a mais alta condecoração daquele país – a Ordem do Sol Nascente.

No mesmo ano, em missão oficial, foi encarregado de estudar a profilaxia da lepra na Noruega, Filipinas e Havaí.

A bem da verdade, Neiva viajara em missão financiada pela Fundação Rockefeller para o Japão, Noruega, Havaí, Filipinas e Estados Unidos para estudos e análise dos modelos de saneamento empregados nesses locais.

Em 1921, Neiva regressa de viagem, para aplicar os conhecimentos hauridos na Inspetoria de Profilaxia da Lepra.

Em 1923 foi nomeado diretor do Museu Nacional, onde tomou iniciativas relevantes como a criação do Boletim, a publicação dos Arquivos do Museu e de material didático escolar, a criação de um jardim de plantas medicinais e a retomada das pesquisas arqueológicas de Lund em Lagoa Santa, em Minas Gerais.

Em 1924, o governo do estado de São Paulo o convocou novamente para integrar a comissão incumbida de debelar a “broca” do café (“bicudo”), praga que estava devastando a cafeicultura no estado com graves prejuízos para o país. E assim, entre 1924 e 1927 chefiou a Comissão de Estudos e Debelação da Praga Cafeeira do Estado de São Paulo, trabalhando com Ângelo Moreira da Costa Lima e Edmundo Navarro de Andrade. Costa Lima já a havia identificado como sendo o Stephanoderes coffeae Hag. Ela foi estudada por ele, Ângelo da Costa Lima e Edmundo Navarro de Andrade. Foram tomadas várias medidas em conjunto com a polícia fitossanitária para novas pesquisas e meios de combate à praga.

Era a primeira vez no país que se fazia o controle biológico. Entomologistas estabeleceram a criação das vespas que propiciaram o controle da praga.

Arthur Neiva leva à Assembleia Legislativa, a importância da criação de um órgão que favorecesse os agricultores.

O trabalho da comissão foi coroado de êxito e alertou o governo para a necessidade de criar-se uma instituição de bases científicas para proteção da agricultura. E assim foi fundado, em 1927, o Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal que, em 1937, passou a denominar-se Instituto Biológico.

Edifício do instituto, em foto de Werner Haberkorn, no século 20

Arthur Neiva foi o primeiro diretor do instituto, durante quatro anos (1927-1931), e teve como colaborador outro cientista de renome, que foi Henrique da Rocha Lima. Ambos elevaram bem alto o conceito e o prestígio do Instituto. Em 1928 Neiva criou a revista Arquivos do Instituto Biológico para divulgação dos trabalhos desenvolvidos no instituto e, em sua gestão, foi implantado o regime de tempo integral para os jovens pesquisadores que eram admitidos. Seu lema, que gostava de repetir como um incentivo aos iniciantes era: “Trabalhe… trabalhe, nada resiste ao trabalho”.

Neiva gostava que a sociedade tomasse conhecimento do conteúdo das pesquisas realizadas pelos pesquisadores. Assim, dizia sobre esse assunto, “pesquisadores deveriam sair da placa de Petri e ir dialogar com a população…”

Era um homem que se preocupava com tudo a sua volta. Nas reuniões que participava, por mais fervorosas que fossem as discussões, em determinado momento, interrompia os argumentos que se somavam para, numa fala ardorosa, informar que tinha que se retirar para “salvar o Biológico”.

Ainda, Neiva, observador das boas ações científicas, vê a importância de se ter uma biblioteca e registrar todos os eventos em forma de fotografia e outro complexo de atividades necessárias para bem desenvolver o registro de documentos.

Nessa época o Instituto Biológico funcionava em residências alugadas. Em 1928 iniciou-se a construção do prédio sede, sendo inaugurado em 1945.

Neiva, além de seus estudos nas áreas de botânica, zoologia e patologia, era político.

Após a Revolução de 1930, Neiva se envolveu pela primeira vez com a política, ao aceitar sua nomeação para secretário do interior do estado de São Paulo. Permaneceu no cargo apenas três meses e, nesse curto prazo, tomou várias medidas que marcaram sua administração, dentre as quais a criação de um Departamento de Educação Física, o primeiro do país, e de um Serviço de Assistência aos Psicopatas.

Afastou-se do Instituto Biológico, em fevereiro de 1931, quando Getúlio Vargas o convidou para ser interventor em sua cidade natal. Nomeado interventor na Bahia, seu estado natal, permaneceu no posto durante seis meses. Em sua administração, criou o Instituto do Cacau, em defesa do principal produto do estado.

Retorna novamente ao Instituto Biológico em 1932.

De volta às atividades científicas, organizou vários institutos no Ministério da Agricultura. Em 1933 tornou-se diretor do jornal carioca A Nação, vinculado à corrente tenentista, e elegeu-se deputado federal constituinte, pelo estado da Bahia, na legenda do Partido Social Democrático (PSD) da Bahia.  No ano seguinte foi reeleito para um mandato na Câmara Federal.

Com o golpe de estado em novembro de 1937 e a dissolução do Congresso, quando todas as casas legislativas do país foram fechadas pelo golpe que instaurou a ditadura do Estado Novo, voltou às suas atividades no Instituto Oswaldo Cruz, onde iniciou seus trabalhos como pesquisador. Onde permaneceu até 1943, quando faleceu, subitamente, aos 63 anos de idade. Desencarnou no Rio de Janeiro RJ, em 6 de junho de 1943, de um ataque cardíaco fulminante.

Curiosamente, Irmã Scheilla voltaria ao plano espiritual por volta de junho – setembro de 1943… ambos encontram-se trabalhando na Casa de Repouso (Hospítal de Scheilla), na Colônia espiritual de Alvorada Nova… onde se encontra, igualmente em atividade, o Espírito Dr. Xavier…

É dele a frase citada por muitos que ignoram seu autor “São Paulo é uma pujante locomotiva puxando vagões vazios”.

Cientista reconhecido internacionalmente (USA, Europa, Argentina), foi membro de entidades científicas no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos.

Arthur Neiva foi um grande sanitarista e construtor dos alicerces da higiene, com a promulgação do Código Sanitário Rural de São Paulo. Identificou uma nova espécie de anófeles transmissor da malária. Como entomologista descreveu várias espécies de anofelinos e culicídeos e, em alguns trabalhos, colaborou com César Pinto. Estudou os triatomídeos, transmissores da doença de Chagas, identificando o modo de transmissão desse agente. Dirigiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Organizou as seções de zoologia e parasitologia no Instituto Bacteriológico em Buenos Aires. Identificou pela 1ª vez a existência de tifo exantemático e da leishmaniose tegumentar americana no altiplano argentino e boliviano. Pertenceu a Academia Brasileira de Ciências, fundada em 3 de maio de 1916, na cidade do Rio de Janeiro; publicou vários trabalhos sobre triatomídeos, inclusive quatro espécies novas; participou da campanha da broca-do-café na Holanda, África Oriental e Quênia. Escreveu o esboço histórico sobre botânica e zoologia no Brasil em 1929 e, ao terminá-lo, expressa sua esperança no futuro do país: “Quando o Brasil se dispuser a entregar à ciência a resolução dos seus problemas econômicos, de preferência ao modo atual de solucionar questões a golpes de leis e regulamentos inspirados pela grande máquina de andar devagar que é a burocracia nacional, então a nossa pátria dará ao mundo o exemplo de um progredir com celeridade sem precedentes, ao utilizar-se das riquezas e do infinito de possibilidades que em potencial existem no imenso território do Brasil.” Neiva buscou o melhor para a instituição que aparecia no contexto científico. Rocha Lima diz sobre Neiva certa ocasião: “notável aptidão para o manejo das forças que movem a nossa política administrativa e ao intenso brilho intelectual… e à notável vastidão de conhecimento”.

Arthur Neiva falece abruptamente em 1943 aos 63 anos, deixando todo o seu conhecimento à disposição da sociedade.

Algumas colocações de Arthur Neiva: “No Brasil adiar é desistir”; “No Brasil a ciência acampa”; “Nada resiste ao trabalho”; “A expressão Bacharelose, um dos maiores males do Brasil… sem nenhum estudo, mas com abundância de períodos arredondados, com frases boleadas, com tiradas demostênicas e até à força de sonetos”.

Emprestou seu nome ao Pavilhão “Arthur Neiva” na Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, construído em 1948/1951, projetado pelo Arquiteto Jorge Ferreira, onde são realizados cursos.

Também foi homenageado no Rio de Janeiro, à Rua Dr. Arthur Neiva em Duque de Caxias; Rua Dr. Arthur Neiva na Barra, Salvador, Bahia; Rua Dr. Arthur Neiva no bairro do Butantan, São Paulo, SP; Escola Municipal de Ensino Fundamental “Arthur Neiva”, Jardim Helena, Guaianazes, São Paulo, SP.

Arthur Neiva é presente também no saguão do prédio sede do Instituto Biológico. Foi uma homenagem por seu espírito empreendedor. Esse espaço, na verdade, representa todo o conteúdo histórico de uma instituição que lhe deve seu paradigma.

Nossas notas

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz): é uma instituição de pesquisa e desenvolvimento em ciências biológicas localizada no Rio de Janeiro, Brasil, considerada uma das principais instituições mundiais de pesquisa em saúde pública. Foi fundada pelo Dr. Oswaldo Cruz, um notável epidemiologista, onde antes era o Instituto Soroterápico Federal. Criada em 1900, pelo renomado sanitarista Oswaldo Cruz, é a mais importante instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, sendo referência em pesquisas na área da saúde pública. As origens da fundação remontam ao início do século XX com a criação do Instituto Soroterápico Federal em 25 de maio de 1900 (cujo objetivo inicial era o de fabricar soros e vacinas contra a peste). Em 1901, passou para o governo federal, com o nome modificado para Instituto Soroterápico Federal. Em 12 de dezembro de 1907, passou a denominar-se Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos (referência ao nome do bairro carioca onde fica sua sede) e, em 19 de março de 1918, em homenagem a Oswaldo Cruz, passou a chamar-se Instituto Oswaldo Cruz. Em maio de 1970, tornou-se Fundação Instituto Oswaldo Cruz, adotando a sigla Fiocruz, que continua a ser utilizada mesmo depois de maio de 1974, quando recebeu a atual designação de Fundação Oswaldo Cruz.

V. Um dos ícones da História da Ciência do Brasil

Arthur Neiva (1880 – 1943) foi médico sanitarista nasceu em Salvador, BA, desenvolveu importantes trabalhos em história natural, etnografia e linguística. Ainda estudante, trabalhou na Inspetoria de Profilaxia da Febre Amarela, participando da campanha de erradicação do mosquito transmissor da doença, promovida (1903) por Oswaldo Cruz, diretor-geral de Saúde Pública. Três anos depois, ingressou no Instituto de Manguinhos, onde realizou pesquisas de grande importância em entomologia, ramo da zoologia que estuda os insetos, aperfeiçoando-se nessa área nos Estados Unidos (1910).

Do Instituto Oswaldo Cruz foi para a Argentina, onde ajudou no desenvolvimento de um departamento de biologia médica no Instituto Bacteriológico de Buenos Aires. Voltou ao Brasil (1918) e assumiu a direção dos serviços sanitários do Estado de São Paulo.

Foi um dos responsáveis pela criação do IB e um grande sanitarista e construtor dos alicerces da higiene, com a promulgação do Código Sanitário Rural de São Paulo, o primeiro do Brasil. Identificou uma nova espécie de anófeles transmissor da malária. Como entomologista descreveu várias espécies de anofelinos e culicídeos e, em alguns trabalhos, colaborou com César Pinto. Estudou os triatomídeos, transmissores da doença de Chagas, identificando o modo de transmissão desse agente. Dirigiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Organizou as seções de zoologia e parasitologia no Instituto Bacteriológico em Buenos Aires. Identificou pela primeira vez a existência de tifo exantemático e da leishmaniose tegumentar americana no altiplano argentino e boliviano. Pertenceu à Academia Brasileira de Ciências, fundada em 3 de maio de 1916, na cidade do Rio de Janeiro; publicou vários trabalhos sobre triatomídeos, inclusive quatro espécies novas; participou da campanha da broca-do-café na Holanda, África Oriental e Quênia. Escreveu o esboço histórico sobre botânica e zoologia no Brasil em 1929 e, ao terminá-lo, expressa sua esperança no futuro do país:

“Quando o Brasil se dispuser a entregar à ciência a resolução dos seus problemas econômicos, de preferência ao modo atual de solucionar questões a golpes de leis e regulamentos inspirados pela grande máquina de andar devagar que é a burocracia nacional, então a nossa pátria dará ao mundo o exemplo de um progredir com celeridade sem precedentes, ao utilizar-se das riquezas e do infinito de possibilidades que em potencial existem no imenso território do Brasil.”

Neiva buscou o melhor para a instituição que aparecia no contexto científico. Rocha Lima, que o substituiu no IB, assim se referiu a Neiva: “notável aptidão para o manejo das forças que movem a nossa política administrativa e ao intenso brilho intelectual… e à notável vastidão de conhecimento”. Em outra ocasião Rocha Lima lembra Neiva “na curta vida você foi para mim o catalizador que o destino lançou em meu caminho, entrei para Manguinhos numa dessas encruzilhadas da existência”.

Até o momento foram catalogados 116 imagens e 431 documentos entre cartas relatórios e ofícios da Coleção Arthur Neiva.

Referência: O Instituto Biológico e seu acervo documental. Márcia Maria Rebouças, Simone Bacilieri, Silvana D’Agostini, Nayte Vitiello, Luana Santamaría Basso, Érika BarbosaII, Juliana Sganzerla Pereira.

VI. Suas amizades no círculo da intelectualidade paulista (Monteiro Lobato, Affonso de Tauny e Júlio de Mesquita Filho)

A relação de Neiva com o círculo da emergente intelectualidade paulista também é dado relevante em sua trajetória. Além da amizade que mantinha com o historiador Affonso de Taunay e com o jornalista e empresário Júlio de Mesquita Filho, Neiva cultivou com Monteiro Lobato longa amizade e estreita identidade intelectual, como se constata em suas correspondências pessoais.4 Vale destacar que em torno das figuras de Affonso de Taunay, então diretor do Museu Paulista, Júlio de Mesquita Filho, proprietário do jornal O Estado de São Paulo e idealizador da Revista do Brasil5 , e Monteiro Lobato, que viria a dirigir a Revista do Brasil entre 1918 e 1924, se constituiria uma geração de influentes intelectuais que compartilhavam projetos político-culturais para a nação (Luca, 1999, p.45-47). Essa rede de relações formada por Neiva e a intelectualidade paulista, assim como sua própria relação com o estado de São Paulo, transformar-se-ia, aliás, em influências centrais em seu modo de conceber a realidade e de propor soluções para os problemas nacionais.

Referência: SOUZA, Vanderlei Sebastião. Arthur Neiva e a ‘questão nacional’ nos anos 1910 e 1920. [Disponível: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702009000500012> Acesso em 19 ago. 2018]

VII. Amizade com Monteiro Lobato

Lobato e Neiva se conheceram durante as Expedições Manguinhos (primeiro contato entre 1906 e 1909), que motivadas pelos escritos de Euclides da Cunha sobre o interior do país, visavam analisar os problemas sociais sob uma visão científica.

Quanto ao famoso acervo de cartas, trocadas entre Monteiro Lobato e Arthur Neiva é composto de 138 cartas, sendo 85 do primeiro para Neiva e 53 respostas, deste último.

A correspondência extrapolou o tema saúde pública, que originou a troca epistolar, passando pelas mazelas nacionais e burocracia brasileira, pela influência lusitana, pelo desenvolvimento da indústria editorial, e pela busca de um modelo desenvolvimentista para o Brasil idealizado na experiência americana de Monteiro Lobato.

Referência: IBANEZ, Nelson, RONCON, Juliana e FABERGÉ, Olga Sofia. Homens modernos e um novo modelo para o Brasil: A correspondência entre Monteiro Lobato e Arthur Neiva (1918-42). Cad. hist. ciênc. vol.8 no.2 São Paulo jul./dez. 2012. Instituto Biológico.

VIII. Sua amizade com Cairbar de Souza Schutel

Numa comunicação mediúnica, ocorrida em 13 de outubro de 2010, o Espírito do Dr. Arthur Neiva (Dr. Stefani Oswald, na época), nos brindou com outra informação sobre este Espírito de escol. Na ocasião, nos comentou que teve oportunidade, certa feita, em sua última reencarnação, de visitar Cairbar, em Matão. E, que uma das coisas que muito o impressionou foi saber que, e poucos sabem desta particularidade, Cairbar destinava todo seu soldo de político para a caridade. Como já comentamos, ele foi prefeito da cidade de Matão.

IX. Arquivo de fotos

José Teixeira. Expedição do Instituto Oswaldo Cruz ao Nordeste e Centro Oeste: acampamento dos membros da expedição, entre eles Belisário Penna e Arthur Neiva (2° e 3° à esquerda), 1912. Piauí / Acervo Casa de Oswaldo Cruz.

Acampamento. À direita, Arthur Neiva. Caldeirão (PE), 1912

Belisário Penna, Arthur Neiva e a comitiva partindo de Boa Vista (PI)

Aspectos da atuação de Artur Neiva na Interventoria da Bahia 
Data de produção: entre fev e ago 1931.

Aspectos da atuação de Artur Neiva na Interventoria da Bahia 
Data de produção: entre fev e ago 1931.

Chegada de Artur Neiva e sua família ao Rio, após deixar a interventoria baiana 
Data de produção: 25 ago 1931

http://www.novocpdoc.fgv.br/accessus/imagem_fundo/ANFOTO3.jpg

Esq./dir.: (sentados) Arlindo Leoni, Prisco Paraíso, Medeiros Neto, Juraci Magalhães, João Pacheco de Oliveira, Arthur Neiva e Marques dos Reis e outros membros do Partido Social Democrático no Jóquei Clube. Rio de Janeiro, nov/1933

Arthur Neiva (1º dir./esq. de costas) e outros durante almoço em homenagem ao interventor Juraci Magalhães no Jockey Clube. Rio de Janeiro, fev/1934. (Arq. MN foto 003)

Fotos de arquivo (FGV)

Recortes de jornal (Ato Religioso) – Falecimento do Prof. Arthur Neiva (11 de junho de 1943)

Recortes de jornal – Falecimento do Prof. Arthur Neiva (junho de 1943).

X.        Referências Bibliográficas

  1. ARQUIVO ARTHUR NEIVA – Coleção Instituto Biológico.
  2. BORGMEIER, Thomas. Arthur Neiva: a propósito do seu 60º aniversário natalício. Revista de Entomologia, Rio de Janeiro, v.11, n.1-2, p.1-104. 1940.
  3. CADERNOS DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA Volume 5. No.1 São Paulo, junho 2009. [Disponível: < http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-76342009000100006&lng=es&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em 19 ago. 2018]
  4. FGV, Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001.
  5. IBANEZ, Nelson, RONCON, Juliana e FABERGÉ, Olga Sofia. Homens modernos e um novo modelo para o Brasil: A correspondência entre Monteiro Lobato e Arthur Neiva (1918-42). Cad. hist. ciênc. vol.8 no.2 São Paulo jul./dez. 2012. Instituto Biológico.
  6. LENT, Herman. In memoriam: Arthur Neiva. Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v.3, n.3, p.273-291. 1943.
  7. LENT, Herman. “Arthur Neiva”. In Ribeiro, L. Medicina no Brasil. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1940.
  8. LOBATO, Monteiro. Arthur Neiva. In: Mr. Slang e o Brasil e Problema vital. São Paulo: Brasiliense. p.169-175. 1956.
  9. NEIVA, Arthur. Correspondência a Afrânio Peixoto. Arquivo Arthur Neiva (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil/Fundação Getulio Vargas). 20 jul. 1917.
  10. NEIVA, Arthur. Correspondência a Monteiro Lobato. Arquivo Arthur Neiva (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil/Fundação Getulio Vargas). 13 mar. 1934.
  11. NEIVA, Arthur. Correspondência a Monteiro Lobato. Arquivo Arthur Neiva (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil/Fundação Getulio Vargas). 21 jan. 1929.
  12. NEIVA, Arthur. Correspondência a Sampaio. Arquivo Arthur Neiva (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil/Fundação Getulio Vargas). 9 mar. 1918.        
  13. NEIVA, Arthur. Daqui e de longe…: crônicas nacionais e de viagem. São Paulo: Cia. Melhoramentos. 1927.
  14. NEIVA, Arthur. Estudos da língua nacional. São Paulo: Brasiliana. 1940a.
  15. NEIVA, Arthur. Serviço sanitário de São Paulo. In: Neiva, Arthur. Collectânea. Rio de Janeiro: s.n. 1940b.
  16. NEIVA, Arthur; PENNA, Belisário. Viagem científica pelo norte da Bahia, sudoeste de Pernambuco, sul do Piauí e de Norte a sul de Goiás. Brasília: Academia Brasileira de Letras. 1.ed., 1916. 1984.
  17. NUNES, Cassiano. O patriotismo difícil: a correspondência entre Monteiro Lobato e Arthur Neiva. São Paulo: Copidart. 1981.
  18. O Instituto Biológico e seu acervo documental. Márcia Maria Rebouças, Simone Bacilieri, Silvana D’Agostini, Nayte Vitiello, Luana Santamaría Basso, Érika BarbosaII, Juliana Sganzerla Pereira.
  19. PINTO, César. Arthur Neiva: cientista e homem público. Revista Médico-Cirúrgica do Brasil, Rio de Janeiro, ano 11, n.1, p.3-11. 1932.
  20. REBOUÇAS, Márcia Maria. Arthur Neiva – O Idealizador do Instituto Biológico. São Paulo, SP: Editora Instituto Biológico, 2009.
  21. REZENDE, J. M. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina. São Paulo: Editora Unifesp, 2009. Arthur Neiva, inteligência e cultura a serviço da nação. pp. 355-358.
  22. SÁ, Dominichi Miranda de. A ciência como profissão: médicos, bacharéis e cientistas no Brasil (1895-1935). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. 2006.
  23. SILVA, André Felipe Cândido da. A campanha contra a broca-do-café em São Paulo (1924-1927). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.13, n.4, p.857-993. 2006.
  24. SOUZA, Vanderlei Sebastião. Arthur Neiva e a ‘questão nacional’ nos anos 1910 e 1920. [Disponível: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702009000500012> Acesso em 19 ago. 2018]
  25. TAUNAY, Affonso de. Duas palavras de desvaliosa apresentação. In: Neiva, Arthur. Daqui e de longe…: crônicas nacionais e de viagem. São Paulo: Editora Cia. Melhoramentos. p.3-12. 1927.

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