Dr. Evandro Chagas

(Rio de Janeiro, 10 de agosto de 1905 – Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1940)

[Fabio Dionisi] fabio@editoradionisi.com.br

Em agosto de 2019, pudemos declinar a verdadeira identidade do Espírito Dr. Xavier.

Seu nome completo: Evandro Serafim Lobo Chagas (1905 – 1940).

Médico humanitarista, que muito realizou pelo Brasil e seu povo, embora sua curta permanência reencarnado.

Responsável pelo centro cirúrgico do Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, é muito querido por todos os que passam pelas curas e cirurgias espirituais.

Incontáveis milhares de pessoas passaram pelas suas mãos operosas e generosas, através do médium de cura Edson Barbosa de Souza.

Mais do justo e merecido, será o nosso homenageado, no dia de hoje!

Sumário

Evandro Serafim Lobo Chagas (Rio de Janeiro, 10 de agosto de 1905 – Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1940) foi um médico e cientista brasileiro, filho primogênito do cientista Carlos Chagas com Íris Lobo Chaga. Em 1926 diplomou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e realizou residência no Hospital São Francisco de Assis e no Hospital Oswaldo Cruz.

Paralelamente à faculdade, fez o curso de especialização em microbiologia no Instituto Oswaldo Cruz.

Em 10 de setembro de 1927, nasce Tatiana Chagas, filha do médico Evandro Chagas e da jornalista Maria da Graça Dutra.

Em 1930 assumiu a docência de Clínica de Doenças Tropicais e Infecciosas, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, cuja cadeira era ministrada por seu pai, Carlos Chagas. Para o preenchimento da vaga, defendeu como tese a forma cardíaca da tripanossomíase americana. Sendo um dos pioneiros no uso da eletrocardiografia, trouxe contribuições significativas sobre a doença de Chagas.

Realizou estudos sobre febre amarela, malária, ancilostomose e, principalmente, sobre a leishmaniose, descobrindo os primeiros casos humanos dessa doença no Brasil, e realizando investigações clínicas e epidemiológicas em diversos estados do Brasil e, também, na Argentina.

Em 1931 ocupou o cargo da Seção de Patologia Humana do Instituto Oswaldo Cruz e, em 1935, representou a instituição na IX Reunião da Sociedade Argentina de Patologia Regional do Norte, realizada na cidade de Mendoza em homenagem à memória de Carlos Chagas, recém-falecido. Seu pai havia desencarnado subitamente em 8 de novembro de 1934, aos 55 anos de idade.

Ao retornar da Argentina, organizou o Serviço de Estudo das Grandes Endemias, para coordenar um plano de investigação médico-sanitária em diversos estados brasileiros, promove importantes pesquisas, especialmente sobre a malária, a leishmaniose e a doença de Chagas.

Também criou, em 1936, o Instituto de Patologia Experimental do Norte, instalado em Belém do Pará, funcionando como filial do Instituto Oswaldo Cruz, e que, mais tarde, levaria seu nome, Instituto Evandro Chagas.

Faleceu vítima de acidente aéreo, em 8 de novembro de 1940, aos trinta e cinco anos, na cidade do Rio de Janeiro.

Evandro Serafim Lobo Chagas

Evandro Serafim Lobo Chagas (Rio de Janeiro, 10 de agosto de 1905 – Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1940).

Nascimento: 10 Agosto 1905

Falecimento: 08 Dezembro 1940 (35 anos)

Rio de Janeiro, RJ, Brasil (vítima de acidente aéreo)

Família imediata:

Filho de Carlos Chagas e Iris Lobo Leite Pereira

Marido de Maria da Graça Dutra

Pai de Tatiana Chagas

Irmão de Carlos Chagas Filho

Falecimento: 08 Dezembro 1940 (35 anos)

Rio de Janeiro, RJ, Brasil (vítima de acidente aéreo)

Família imediata:

Filho de Carlos Chagas e Iris Lobo Leite Pereira

Marido de Maria da Graça Dutra

Pai de Tatiana Chagas

Irmão de Carlos Chagas Filho

[Disponível em:< https://www.geni.com/people/Evandro-Serafim-Lobo-Chagas/6000000000201793639?through=6000000015951791993> Acesso em 24 mar. 2021.]

Portanto, filho de Carlos Ribeiro Justiniano Chagas (1879-1934) e Íris Lobo Chagas.

Carlos Chagas

Nascimento: 09 Julho 1879

Oliveira, Minas Gerais, Brasil

Falecimento: 08 Novembro 1934 (55 anos)

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Família imediata:        

Filho de José Justiniano das Chagas e Mariana Cândida Ribeiro de Castro

Marido de Iris Lobo Leite Pereira

Pai de Evandro Serafim Lobo Chagas e Carlos Chagas Filho

Irmão de José Justiniano das Chagas; Marieta Ribeiro Chagas; Serafim Justiniano das Chagas; Maria Rita das Chagas e Pedro Justiniano Ribeiro Chagas.

[Disponível em:<https://www.geni.com/people/Carlos-Chagas/6000000015951791993?through=6000000000201817788> Acesso em 24 mar. 2021.]


Iris Lobo Chagas com os filhos Evandro Chagas e Carlos Chagas Filho (1914)

Nascimento: 1882 (ano provável).

Falecimento: 02 Setembro 1950 (67-68 anos)

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Família imediata:

Filha de Fernando Lobo Leite Pereira e Maria Mascarenhas Barroso

Esposa de Carlos Chagas

Mãe de Evandro Serafim Lobo Chagas e Carlos Chagas Filho

Irmã de Helio Lobo; Astério Lobo Leite Pereira; Aurora Lobo Leite Pereira; Fernando Lobo Leite Pereira e Orion Lobo Leite Pereira

[Disponível em:<https://www.geni.com/people/Iris-Lobo-Leite-Pereira/6000000000201817788?through=6000000000201793639> Acesso em 24 mar. 2021.]

Evandro (à esquerda), junto com seu pai, Carlos Chagas, e seu irmão, Carlos Chagas Filho (sem data)

Realizou os estudos primários no Colégio Rezende e os secundários no Colégio Pedro II. Sendo seu pai diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), teve a infância e a juventude marcadas pela convivência estreita com os principais cientistas e intelectuais brasileiros e estrangeiros da época.

Em 1921, com apenas 16 anos de idade, Evandro Chagas (1905-1940) ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro e optou por realizar seu internato em dois hospitais: (a) no Hospital Oswaldo Cruz (HOC), que depois receberia o nome de Hospital de Manguinhos, e, posteriormente levaria seu nome (INI – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas), e (b) no Hospital São Francisco de Assis, sob a orientação de Carlos Chagas e Eurico Villela, com quem aprofundou seus estudos de cardiologia.

Quanto ao HOC, importante esclarecer que a sua origem remonta ao Hospital de Manguinhos, criado em 1912. Ao longo de sua história, o Hospital de Manguinhos (1912-1940) foi denominado Hospital de Doenças Tropicais, Hospital Oswaldo Cruz (HOC), Hospital Evandro Chagas, Centro de Pesquisa Clínica Hospital Evandro Chagas e Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC).

No HOC (Hospital Oswaldo Cruz), ainda estudante, foi responsável pelo Serviço de Radiologia e Eletrocardiografia.

Ao se formar, em 1926, aos 21 anos de idade, assumiu a chefia dos serviços de Radiologia e de Eletrocardiografia e de uma enfermaria do HOC (Hospital Oswaldo Cruz).

Em 1927 nasceu Tatiana, sua filha com a jornalista Maria da Graça Dutra.

Em 1929, publicou trabalho sobre alterações eletrocardiográficas na febre amarela (CHAGAS; FREITAS, 1929).

Evandro Chagas (sem data)

Como conhecedor de radiologia e eletrocardiografia, exerceu a clínica especializada no Rio de Janeiro, onde foi um dos primeiros a fazer o exame complementar eletrocardiográfico.

Em 1930, tornou-se livre-docente, lecionando na cátedra de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (atual UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro), que era ocupada por seu pai. Para a qual apresentou a tese de livre-docência intitulada “Forma cardíaca da tripanossomíase americana”.

Lecionou também na Faculdade de Medicina e Cirurgia (atual UNIFRIO).

Nesse ano (1930) assumiu a chefia do laboratório do HOC (Hospital Oswaldo Cruz), encarregado da Seção de Patologia Humana.

Em 1936, chefiou a Comissão Encarregada dos Estudos da Leishmaniose Visceral Americana (CEELVA), organizada pelo IOC (Instituto Oswaldo Cruz) [Na época, Instituto de Manguinhos], com o objetivo de investigar a doença, cuja nosologia era praticamente desconhecida na América do Sul.

Após algumas excursões pelas regiões Norte e Nordeste, descobriu o primeiro caso humano da leishmaniose visceral americana, cabendo, à sua equipe, a descrição da doença, identificada como autóctone.

Ano em que publicou este estudo sobre o primeiro caso humano autóctone da leishmaniose visceral americana (CHAGAS, 1936 apud CHAGAS et al., 1937).

Ainda em 1936, obteve o apoio do governo do Pará para a criação do Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN), com sede em Belém, atual Instituto Evandro Chagas, e foi designado pelo IOC (Instituto Oswaldo Cruz) para orientar as suas atividades técnicas e científicas.

O instituto (IPEN – Instituto de Patologia Experimental do Norte) tinha como missão estudar os problemas médico-sanitários da região, orientando sua profilaxia e assistência.

O alargamento das atividades da CEELVA (Comissão Encarregada dos Estudos da Leishmaniose Visceral Americana) levou à formação do Serviço de Estudos das Grandes Endemias (SEGE), em 1937, para o qual Dr. Evandro Chagas foi nomeado superintendente. As pesquisas do SEGE eram financiadas majoritariamente por Guilherme Guinle, empresário e seu amigo pessoal (Em 1939, ele financiaria grande parcela das pesquisas de Evandro Chagas).

A criação do SEGE (Serviço de Estudos das Grandes Endemias) correspondeu à necessidade de estender ao interior as atividades do IOC (Instituto Oswaldo Cruz) e esclarecer os principais problemas de patologia regional do país. Foram realizadas pesquisas sobre leishmaniose visceral e tegumentar, malária, doença de Chagas, esquistossomose, filariose e bouba.

Em 1938, com  33 anos de idade, Dr. Evandro Chagas (1905 – 1940) instalou um laboratório em Recife (PE), voltado para o estudo da esquistossomose, cujos trabalhos ficaram a cargo da Comissão de Estudos de Patologia Experimental do Nordeste.

Ainda nesse ano instalou um posto de pesquisas em Russas (CE), o qual contribuiu com a campanha de erradicação do vetor da epidemia de malária ocorrida na região, o mosquito Anopheles gambiae, em ação conjunta com o Serviço de Malária do Nordeste e a Fundação Rockefeller.

Em 1940, com a cooperação da Delegacia Federal de Saúde da 2ª Região, realizou o levantamento epidemiológico da malária no vale do Amazonas, sobre o qual se apoiaria a campanha federal de saneamento.

Evandro Chagas

Emmanuel Dias e Evandro Chagas

Embora jovem, aos 35 anos já apresentava problemas cardíacos, como relatado pela filha Tatiana (no vídeo anexado ao presente artigo).

Todavia, curiosamente faleceu, prematuramente, a 8 de novembro em 1940, vítima de acidente aéreo no Rio de Janeiro, num choque entre o avião “Cidade de Santos”, da VASP ― que decolava do aeroporto Santos Dumont ― com um hidroavião que participava da comemoração do dia da aviação ― “Dragon” ―, na enseada de Botafogo, no Rio de Janeiro (SILVA, C. A., 2008:34-35).

Entre suas inúmeras contribuições para com a ciência, deixou 54 trabalhos publicados.

Dr. Evandro Chagas
Dr. Evandro Chagas

Nas biografias de Evandro Chagas escritas por seus colegas e contemporâneos, como Wladimir Lobato Paraense (2005) e Leônidas Deane (1986), encontramos o sucesso criado pela comunidade com quem Evandro Chagas dialogava (SCHAFFER, 1994). Estes biógrafos o definiram como pessoa de inteligência superior, que inauguraria a ideia de que a leishmaniose visceral era doença endêmica no Brasil, entre outros feitos, como a descoberta do primeiro caso brasileiro desta doença, além de líder e gerente de um serviço que erradicou a malária. Lobato Paraense, médico e colega de trabalho de Evandro Chagas nos anos 1930, o considerava inteligente, precoce e predestinado ao sucesso, o que seria esperado de quem fosse filho de Carlos Chagas.

“Uma característica de sua personalidade foi a precocidade intelectual. Ingressando na Universidade antes de completar 16 anos, recebeu diploma de médico aos 21. Seu domínio do idioma inglês fez dele, quando ainda primeiranista da Faculdade, o intérprete natural de seu pai, o grande Carlos Chagas, cujas conferências apresentou perante os auditórios dos Estados Unidos (…). Exprimindo-se também fluentemente em alemão, foi mais uma evz, quando cursava o 5º ano, o locutor de Chagas nas conferências de Hamburgo e Berlim.” (PARAENSE, 2005)

Leônidas Deane, médico e personagem do diário de 1939 (No diário que Evandro Chagas escrevia), que também iniciou sua vida profissional com Evandro Chagas, nas expedições pelo Norte e Nordeste do Brasil, disse:

“Carlos Chagas, então diretor do Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, incumbiu seu filho, Evandro, de estudar a doença em áreas de procedência dos casos revelados por Penna. Pouco depois falecia Carlos Chagas e só em fevereiro de 1936 pode Evandro viajaria para o Nordeste (…). Quero ressaltar quão importante foi, para o futuro Instituto, o ter sido criado e no princípio orientado por Evandro Chagas. Evandro era uma pessoa invulgar. Inteligência privilegiada e notável capacidade de exposição e argumentação em vários idiomas, tinha também, grande resistência física e um evidente dom de liderança (…).” (DEANE, L., 1986)

P.S.: Evandro Chagas escreveu alguns diários e relatórios de viagens.

Serviço de Estudos das Grandes Endemias (SEGE)

Em 1936, Evandro Chagas chefiou a Comissão Encarregada dos Estudos da Leishmaniose Visceral Americana (CEELVA), organizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) com o objetivo de investigar a doença, cuja nosologia era praticamente desconhecida na América do Sul. Em 1937 Evandro Chagas transformou a CEELVA em Serviço de Estudos das Grandes Endemias (SEGE), para o qual foi nomeado superintendente. Sua criação correspondeu à necessidade de estender ao interior as atividades do IOC e esclarecer os principais problemas de patologia regional do país. Foram realizadas pesquisas sobre leishmaniose visceral e tegumentar, malária, doença de Chagas, esquistossomose, filariose e bouba. Com a morte do pesquisador em 1940, seu irmão, Carlos Chagas Filho, foi indicado para substituí-lo na direção do SEGE.

Em 1942 este foi institucionalizado na estrutura do IOC como Divisão de Estudos de Endemias, sediada no Hospital Evandro Chagas.

Instituto Evandro Chagas [Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN)]

O Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN), criado em Belém pelo governo do Pará, mediante a lei n. 59, de 10 de novembro de 1936, foi fruto da associação de Evandro Chagas, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), com estudiosos do campo da medicina e da saúde pública do estado. Sua missão era estudar os problemas médico-sanitários decorrentes de doenças como leishmaniose visceral (calazar) e tegumentar, malária, bouba, filariose e verminoses intestinais. Antônio Acatauassú Nunes Filho, professor da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, foi o primeiro diretor administrativo. A Evandro Chagas coube a função de dirigir o desenvolvimento das atividades técnicas e científicas. Para isso, formou uma equipe com jovens profissionais oriundos de cursos de medicina e farmácia, como os irmãos Leônidas e Gladstone de Mello Deane, Octávio Mangabeira Filho, Felipe Nery Guimarães, Madureira Pará, Benedito de Abreu Sá, Geth Jansen e também a estudante Maria José von Paumgartten (posteriormente Maria Deane). Em 1940 o IPEN passou a ter o nome de Instituto Evandro Chagas, em reconhecimento ao trabalho realizado por seu idealizador, que morreu em 8 de novembro desse mesmo ano no Rio de Janeiro. Atualmente a instituição está vinculada à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

A história do Instituto Evandro Chagas começa na década de 30 quando o Dr. Henrique Penna, da Fundação Rockfeller no Rio de Janeiro, revela em artigo científico a existência de 41 casos de leishmaniose visceral, em cortes de fragmentos de fígado obtidos em numerosas localidades do interior do país. Como a leishmaniose visceral (conhecida também por calazar) se constituía em uma grave doença  em vários países e até então não havia sido detectada no Brasil, o Instituto Oswaldo Cruz, na época chefiado pelo cientista Carlos Chagas, organizou a Comissão de Estudos de Leishmaniose Visceral Americana, sob a coordenação do Dr. Evandro Chagas.

A Comissão chega ao Pará em 1936 e instala-se na localidade de Piratuba, no município de Abaetetuba, de onde fora remetido o material analisado por Henrique Penna. À frente de uma equipe formada por jovens médicos e farmacêuticos, Evandro Chagas logo descobriu que a Amazônia era um campo fértil para pesquisas nas áreas médica e científica. Foi então que sugeriu ao governador da época, José Carneiro da Gama Malcher, que instalasse um instituto de pesquisa destinado a ampliar os estudos sobre as doenças regionais. Com seu apoio surge, mediante a Lei n° 59 a 11 de novembro de 1936, o Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN), cujo objetivo inicial era estudar o Calazar e outras endemias regionais.

Dr. Evandro Chagas, no centro da fotografia, com cachimbo.

O primeiro diretor administrativo foi Antônio Acatauassú Nunes Filho, catedrático de Microbiologia. Evandro Chagas foi nomeado Diretor Científico e conseguiu pela sua liderança e inteligência lúcida, formar uma equipe com jovens profissionais saídos das faculdades de medicina e farmácia, constituindo assim a primeira escola de pesquisadores de carreira em saúde em nossa região. Dentre eles estavam Jayme Aben-Athar, Leônidas Deane, Gladstone Deane, Otávio Mangabeira Filho, Madureira Pará, Felipe Nery Guimarães, Geth Jansen, Benedito Sá, Reinaldo Damasceno e Maria José Paumgartten (depois Maria P. Deane).

Evandro Chagas transformou a Comissão de Estudos de Leishmaniose Visceral Americana em Serviço de Estudos das Grandes Endemias, responsável pelo estudo da leishmaniose e de outras doenças existentes na região. Com o passar dos anos, as atividades foram ampliadas, incluindo estudos sobre leishmaniose tegumentar (que produz lesões na pele e mucosas), tripanossomíase americana e eqüina, malária e filariose.

O IPEN também entrou na campanha, realizada no Nordeste, contra o Anopheles gambiae (transmissor da malária humana, importado do continente africano através da aviação), instalando no Ceará um laboratório para diagnóstico da doença e identificação desse mosquito. Diante dos resultados preliminares dos estudos desenvolvidos, Evandro Chagas decidiu fazer pesquisas de campo em vários pontos da Amazônia. Em 1940, em conjunto com a Delegacia Federal de Saúde, o IPEN iniciou um vasto estudo sobre malária, distribuindo equipes bem treinadas pelo Pará, Amazonas e Acre.

Em 8 de novembro de 1940, no auge de sua atividade científica e aos 35 anos de idade, Evandro Chagas falece precocemente, vítima de acidente aéreo. Em reconhecimento ao trabalho realizado pelo cientista na região, em 2 de dezembro daquele ano, o Governo do Estado deu ao IPEN o nome de Instituto Evandro Chagas.       

“Não tentar é o mesmo que não fazer…” (Dr. Arthur Neiva)

Sede do Instituto Evandro Chagas em Belém

Serviço de Malária do Nordeste

O Serviço de Malária do Nordeste (SMNE) foi criado pelo decreto-lei n. 1.042, de 11 de janeiro de 1939, a partir de um convênio de cooperação firmado entre o Ministério da Educação e Saúde e a Fundação Rockefeller. Como diretor do SMNE foi designado Frederick Lowe Soper, representante da instituição norteamericana no Brasil. Ao serviço competiam promover o combate, inquéritos e pesquisas sobre a malária transmitida pelo mosquito Anopheles gambiae na região, tomar todas as providências necessárias para a erradicação do mosquito para evitar a sua disseminação por outros pontos do território brasileiro, além de realizar medidas complementares relativas ao enfrentamento da doença, tais como o tratamento de doentes e a educação sanitária da população. Pelo decreto-lei n. 3.171, de 2 de abril de 1941, que reorganizou o Departamento Nacional de Saúde, foi instituído o Serviço Nacional de Malária (SNM). O mesmo ato estabeleceu que ficavam incorporados ao SNM o Serviço de Malária da Baixada Fluminense e o SMNE, que teve sua organização desvinculada do SNM enquanto permaneceu sob a administração da Fundação Rockefeller. Em 1942 o SMNE foi definitivamente extinto.

Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas

O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) foi criado em 2010 e está localizado no campus de Manguinhos da Fiocruz, com previsão para ocupar um novo espaço no bairro carioca de São Cristóvão em 2018. Suas origens remontam ao Hospital de Manguinhos, criado em 1912. Ao longo de sua história, o Hospital de Manguinhos foi denominado Hospital de Doenças Tropicais, Hospital Oswaldo Cruz, Hospital Evandro Chagas, Centro de Pesquisa Clínica Hospital Evandro Chagas e Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec).

O Hospital de Manguinhos foi construído a partir dos anseios de Oswaldo Cruz em modernizar os hospitais de isolamento da Diretoria Geral de Saúde Pública. Nesse período, inúmeras doenças faziam parte das preocupações das autoridades sanitárias do Brasil e dos pesquisadores do Instituto de Manguinhos, especialmente as grandes epidemias e endemias, urbanas e rurais. Projetado pelo arquiteto Luiz de Morais Junior e registrado pelas lentes fotográficas de Joaquim Pinto da Silva (conhecido como J. Pinto) desde o início das obras de sua construção, esse hospital criou uma tradição na pesquisa clínica.

Em contexto da efervescência científica resultante da descoberta da doença de Chagas, o decreto nº 9.346, que concedia verbas para a construção do Hospital de Manguinhos foi assinado em 24 de janeiro de 1912, por Hermes da Fonseca, presidente da República. Segundo esse decreto, as verbas destinavam-se a “promover a descoberta e aplicação do tratamento terapêutico e profilático da moléstia de Carlos Chagas”. (COC, Decreto N. 9.346, 24/01/12)

Podemos considerar que o Hospital de Manguinhos foi bem equipado de acordo com os padrões técnicos mais sofisticados da época; possuía luz elétrica, gás, telefone, sistema de ar condicionado, sala de raio X e uma lavanderia, consoante ao decreto de 1912, que também falava de um hospital “com todas as dependências e instalações apropriadas, tais como biotérios, locais para experimentação em animais, etc”. (COC, Decreto N. 9.346, 24/01/12).

Paralelamente às pesquisas em pacientes com doença de Chagas, desde o início foram atendidos doentes com outras enfermidades, como parasitoses intestinais, malária, bouba, sífilis, leishmanioses, tuberculose, febre tifóide, pneumonia e elefantíase. Dessa forma, não é surpreendente que o primeiro registro de internação no Hospital tenha sido a de um marinheiro encaminhado para tratamento de “doença parasitária” em 1919; sabe-se que foi hospitalizado por dois meses.

Em 1925, Evandro Chagas, filho de Carlos Chagas, frequentou o Hospital de Manguinhos enquanto estudante de medicina; no ano seguinte, passou a ser o responsável pelos setores de radiologia e cardiologia. Evandro realizou inúmeras pesquisas em doença de Chagas, leishmanioses e malária, participou de congressos nacionais e internacionais, e trabalhou em colaboração com pesquisadores como seu pai, com Eurico Villela, Cecílio Romaña, Lobato Paraense, Nery Guimarães, os irmãos Deane, Maria Deane e Emmanuel Dias. Em 1936, criou o Serviço Especial de Grandes Endemias (SEGE), cuja finalidade era pesquisar e controlar doenças e insetos vetores, especialmente do Norte e Nordeste do País.

Algumas das atividades conduzidas pelo SEGE (que era em grande parte financiado pelo empresário e filantropo Guilherme Guinle) foram resultado de negociações de Evandro Chagas com a indústria química alemã Bayer, que lhe forneceu medicamentos e inseticidas, além de hamsters. Os medicamentos – para doença de Chagas – seriam usados em seres humanos, o que destacava a presença da pesquisa clínica em moldes modernos, ainda que dentro das concepções éticas do período.

Com a morte de Evandro Chagas em 1940 em um acidente aéreo na Baía de Guanabara, o Instituto Oswaldo Cruz perdeu um dos seus maiores entusiastas. O Hospital de Manguinhos recebeu em homenagem o nome de Hospital Evandro Chagas.

Para informações sobre a história do INI/Ipec, acesse o site do grupo de pesquisa “Memória e História do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas”: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhorh/9747134276088961

[Disponível em:<https://www.ini.fiocruz.br/hist%C3%B3ria-0> Acesso em 24 mar. 2021.]

Desastre aéreo

O desastre aéreo da enseada de Botafogo ocorreu no dia 8 de novembro de 1940, quando um Junkers Ju 52 da VASP (Voo 4752 da Ponte Aérea Rio São Paulo) foi abalroado por um de Havilland DH.90 Dragonfly da Shell-Mex Argentina sobre a enseada de Botafogo, local onde os dois aparelhos acabaram por cair, matando todos os seus passageiros e tripulantes.

As aeronaves

O Junkers Ju 52 batizado de Cidade de Santos pertencia a VASP e fazia o Voo 4752 da Ponte área Rio – São Paulo. Transportava 15 passageiros além dos tripulantes, sendo pilotado pelo comandante Julio Fernandes Costa. Já a aeronave de Havilland DH.90 Dragonfly, prefixo LV-KAB – batizada Gavilan, de la selva- pertencia à filial argentina da empresa Shell-Mex & BP . Era pilotado pelo comandante britânico Collin Abbott.

Aeronave Junkers Ju 52 em foto dos anos 1930, similar ao avião acidentado.
De Havilland DH.90 Dragonfly da RAF por volta dos anos 1940, similar ao avião acidentado.

O acidente

O voo 4752 da VASP havia decolado às 14h30m do aeroporto Santos Dummont e seguia em direção ao Aeroporto de Congonhas em São Paulo, onde chegaria por volta das 15h45 min.

O de Havilland DH.90 Dragonfly, prefixo LV-KAB – Gavilan, de la selva da empresa Shell-Mex & BP estava sobrevoando o Rio de Janeiro acompanhado por uma esquadrilha de aviões argentinos. Participariam das comemorações da Semana da Asa no Fluminense Yacht Club.[1]

Às 14h 35 min se chocou contra o de Havilland DH.90 Dragonfly, prefixo LV-KAB – ‘’ Gavilan, de la selva’’ da empresa Shell-Mex & BP.

Segundo testemunhas, o Dragonfly amarelo executava manobras de aproximação (ou acrobacias) para pousar na pista do Fluminense Yacht Club, quando entrou na rota do Junkers PP SPF da Vasp, tendo atingido sua asa direita que se separou da fuselagem. Após a colisão, ambos os aviões caíram sobre a enseada de Botafogo.

Maria da Graça Dutra (esposa do Dr. Evandro Chagas)

Esposa de Evandro Serafim Lobo Chagas.

Mãe de Tatiana Chagas.

Tatiana Chagas Memória (filha do Dr. Evandro Chagas com Maria da Graça Dutra)

Tatiana Chagas – Memória (Meu Pai e Eu)

Data de nascimento: 10 Setembro 1927

Falecimento:    03 Março 2007 (79 anos)

Família imediata:        

Filha de Evandro Serafim Lobo Chagas e Maria da Graça Dutra

Esposa de Luís Maurício da Costa Memória

Tatiana Chagas Memória nasceu no Rio de Janeiro, em 10 de setembro de 1927, filha do médico Evandro Chagas e da jornalista Maria da Graça Dutra. Na adolescência, pensou em seguir a carreira do pai. Cursou medicina durante seis meses, mas abandonou a faculdade para se dedicar à família.

Em 1963, por causa de uma série de problemas financeiros, decidiu começar a trabalhar e foi pedir ajuda ao jornalista Roberto Marinho, de quem havia sido madrinha de casamento. O primeiro emprego veio, então, aos 35 anos. Na época, estava sendo construída a TV Globo e Tatiana Memória conseguiu uma vaga como assistente na área de Serviços Gerais. Trabalhou ao lado do primeiro diretor administrativo da emissora, Victorio Berredo.

Pouco tempo depois, assumiu a chefia dos Serviços Gerais, onde ficou por quase dois anos. Nesse cargo, auxiliou no trabalho de cobertura das enchentes de 1966, quando a Globo promoveu uma campanha de doações para os desabrigados pelas chuvas no Rio de Janeiro. Logo a seguir, foi trabalhar na área de promoções para divulgar a programação do canal 4, que na época ainda não era tão conhecida dos telespectadores, como a da TV Tupi e da TV Rio.

Nesse início, além do trabalho na área de promoções, Tatiana Memória também participou da produção de novelas como Sheik de Agadir e Eu Compro essa Mulher, ambas de autoria de Glória Magadan. Na produção, teve que executar tarefas complicadas, como a de conseguir uma embarcação do século XIX para gravar Eu Compro essa Mulher. Em Sheik de Agadir, para a gravação das cenas dos ladrões brigando com os sheiks, foi buscar na Hípica do Rio de Janeiro um regimento de cavaleiros para a cena. Como a novela se passava no deserto do Saara, coube a equipe de produção localizar um lugar próximo do Rio que pudesse representar o deserto. Tatiana Memória encontrou o possível deserto na Restinga de Marambaia. O local era terreno de provas de tiros do Exército e uma parte do elenco e da direção da emissora conseguiu acampar no local com a autorização do Exército.

Em 1968, Tatiana Memória saiu da Globo. Desde então, trabalhou no Teatro Novo e na TVE. Também participou da produção de apresentações no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. No final da década de 1970, se tornou assessora do sociólogo e educador Darcy Ribeiro. Acompanhou os seus trabalhos na Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, durante os dois governos de Leonel Brizola (1983-1985 e 1990-1994).

Tatiana Memória participou da criação da Fundação Darcy Ribeiro, e de inúmeros projetos desenvolvidos na área de Educação pelo educador e sociólogo. Foi vice-presidente e, depois, presidente da instituição, coordenando programas como Universidade Aberta, direcionado para a formação de professores do ensino médio através da educação à distância. Faleceu no dia três de março de 2007, em decorrência de um enfisema, no Rio de Janeiro.

Depoimento concedido ao Memória Globo por Tatiana Memória, em 20/10/2004. [Disponível em:<https://memoriaglobo.globo.com/perfil/tatiana-memoria/> Acesso em 24 mar. 2021.]

3 comentários em “Dr. Evandro Chagas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *