A vida e a morte biológica

Fabio Dionisi   |   fabiodionisi@terra.com.br

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O fluido vital, também chamado de princípio vital, é uma forma modificada do fluido cósmico universal. Ele é o elemento essencial para a vida.

Novamente em Allan Kardec, como sempre, encontramos um material riquíssimo a respeito do fluido vital; em O livro dos Espíritos 1 (intr. e cap. 4) e em A gênese 2.

Quanto ao fluido vital, ou princípio vital, aprendemos com a Codificação Espírita que sua origem é o fluido cósmico universal. Adicionalmente, os Espíritos nos ensinaram que ele é o elemento básico da vida corpórea; sim, do corpo humano, uma vez que o Espírito é imortal, isto é, uma vez criado, não “morre” nunca.

No entanto, embora o princípio vital seja o elemento básico da vida, pois ele dá a vida a todos os seres que o absorvem e assimilam, é ao mesmo tempo um agente particular e uma propriedade da matéria organizada. Isto é, simultaneamente um efeito e uma causa, pois, a vida é uma consequência (efeito) da ação do fluido vital sobre a matéria, mas, sem a matéria, esse agente não é vida (causa).

Interessante observar que o fluido vital é fator da existência da vida na matéria orgânica, e, ao mesmo tempo, ambos, fluido vital e matéria orgânica, elementos constituintes do Universo, têm a mesma origem, o fluido cósmico universal. 3 (p. 120)

Allan Kardec menciona, também, em sua introdução, que, segundo a opinião de alguns, o fluido vital (princípio vital) não seria outro que o fluido elétrico animalizado, também designado por fluido magnético, fluido nervoso, etc. 1 (intr.; it. 2)

Este item, sobre o fluido vital, está muito bem desenvolvido em A gênese, do qual capturamos  os pontos principais. 2 (cap. X; it. 16-19)

(1) No aspecto material, as plantas, os animais e os humanos são constituídos dos mesmos elementos constituintes dos minerais.

(2) Apesar disso, na matéria orgânica (corpos orgânicos) existe um princípio especial, que ainda não pode ser definido: o princípio vital. Ele é ativo no ser vivente, mas, esse princípio se acha extinto no ser morto.

(3) Mesmo no ser morto, ele confere à substância propriedades que a distinguem das substâncias inorgânicas; tanto que a química decompõe e recompõe a maior parte dos corpos inorgânicos, mas, embora possamos decompor os corpos orgânicos, jamais conseguimos reconstituí-los (exemplo: uma folha morta). Isso nos prova de que há, nos corpos orgânicos, algo que não se encontra nos corpos inorgânicos.

(4) Os seres orgânicos, ao se formarem, assimilam o princípio vital, por ser necessário à vida.

(5) Caso os átomos se combinassem sem incorporar o princípio vital, a matéria formada seria apenas um mineral (corpo inorgânico).

(6) Por outro lado, se os átomos se combinassem, incorporando o princípio vital, este último modificaria a constituição molecular desse corpo, gerando propriedades especiais; ao invés de uma molécula mineral, teríamos uma molécula orgânica.

(7) O princípio vital, contudo, só é ativo quando os órgãos estão em funcionamento (o mesmo caso da gasolina, que só é ativa quando o motor funciona). Quando a atividade de um órgão cessa, como se dá em caso de sua falência, gerando a morte do corpo humano, o princípio vital se extingue (como o calor, quando a roda deixa de girar, cessando o atrito por ela gerado).

Quanto a morte biológica, também seguiremos com Kardec.

Em seu capítulo 4 de O livro dos Espíritos 1 (Q 68-70). Nele encontramos a explicação dada pelos Espíritos à questão elaborada pelo Mestre Lionês sobre a morte dos seres orgânicos.

Quanto a causa da morte, podemos dizer que ela se dá por (a) esgotamento dos órgãos físicos, (b) a não absorção/produção de fluido vital suficiente para manter a vida, ou (c) perda de fluido vital, a tal ponto que se atinge um mínimo não mais suficiente para sustentar a existência do corpo físico.

Quando o ser orgânico morre, a matéria se decompõe, sendo disponibilizada novamente para a natureza, e o princípio vital volta à massa de onde saiu.

Ao que, o ciclo pode se iniciar, novamente, formando novos organismos vivos, se houver a união entre os elementos químicos existentes na natureza e o princípio vital proveniente da fonte universal; e que, quando estes morrerem, restituirão seus elementos constitutivos, mais uma vez, para essas duas fontes.

De forma simplificada, pode-se dizer que os órgãos se impregnam desse fluido vital, e essa combinação, entre os elementos materiais e o fluido vital, dá a todas as partes do organismo uma atividade que as põem em comunicação entre si, formando um todo vivo.

No caso de lesão física, desde que não seja fatal, esta combinação normaliza as funções momentaneamente perturbadas. No entanto, se as alterações forem profundas, a ponto de comprometerem o funcionamento dos órgãos ou sistemas, o fluido vital se torna impotente para manter o organismo vivo; como consequência, o ser morre, ou seja, desencarna.

A quantidade de fluido vital varia (a) de ser para ser, (b) de espécie para espécie, e (c) entre seres da mesma espécie.

Na mesma espécie, por exemplo, no caso do ser humano, algumas pessoas podem encontrar-se saturadas desse fluido, enquanto outras podem possuí-lo apenas o suficiente para manter suas funções ativas; daí, para alguns indivíduos, vida é mais ativa, mais abundante.

O fluido vital é consumido, mormente, nos processos metabólicos, por isso, embora o ser já contar, ao nascer, com certa quantidade de fluido vital, o corpo precisa ser constantemente abastecido deste fluido, por causa de sua constante utilização.

Quanto a isso, os seres vivos possuem a capacidade de (a) produzir, continuamente, fluido vital a partir do fluido cósmico universal (FCU), e, também, de (b) absorvê-lo e assimilá-lo a partir do alimento que ingere (Os alimentos, de origem orgânica, contêm fluido vital; antes de decomporem-se). 4 (cap. 2; p. 73-74)

Este se tornará insuficiente, para a conservação da vida, se não for renovado através dos dois processos acima.

O terceiro mecanismo de absorção de fluido vital se dá através da transferência de um indivíduo para outro, por transfusão fluídica; um dos fundamentos em que se baseia o passe. 4 (cap. 2; p. 74)

A capacidade de processar o fluido cósmico (FCU), para a produção de fluido vital, é acentuada na infância, na juventude é mais ou menos estável, mas a partir de certa idade ela se reduz progressivamente; por isso, da redução paulatina da vitalidade do indivíduo, levando este ao envelhecimento.

A morte ocorre quando o organismo perde a capacidade de produzir e reter uma certa quantidade mínima de fluido vital (morte natural), ou quando uma lesão mais séria do corpo físico provoca uma taxa de escoamento desse fluido em quantidades superiores à sua capacidade de produção ou de reposição (morte acidental).

Os seres do mundo espiritual, por não possuírem fluido vital, necessitam de nosso concurso, como indispensável, para muitas tarefas assistenciais a que se propõem (exemplo: doação de fluido vital).

Fiquem em paz, pois tudo tem um começo, meio e fim.

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1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

2 KARDEC, Allan. A gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo. 16. ed. São Paulo: Lake, 1989.

3 DIONISI, Fabio A. R. Medicina do Além. Um presente de Jesus para a humanidade. 2. ed. 8 impr. Ribeirão Pires, SP: Editora Dionisi, 2018.

4 GURGEL, Luiz Carlos de M. O passe espírita. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2006.

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O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP). www.irmascheilla.org.br

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