Mãe do Coração

Espaço Cultural e Poético – “Mãe do coração” (Mãe Doca)

[Nelli Célia] nellicelia@yahoo.com.br

Maria Aparecida Sicca era o nome de nossa homenageada pelo Dia das Mães. Todos, porém, a conheciam por “Mãe Doca”, apelido que viera da família (Cida-Cidinha-Cidoca).  Nasceu em Dois Córregos, cidade do interior Paulista, no dia 13 de novembro de 1907.

                Desde pequena, tinha sensibilidade com o plano espiritual, aos 16 anos no quintal de sua casa, viu uma jovem no meio de uma fogueira sendo queimada, as visões eram constantes.

                Aos 18 anos, casou-se com o senhor Francisco, viúvo com filhos mais velhos que Doca, as crianças começaram a chamá-la por Mãe Doca e ela os amou como filhos biológicos.

                A vida de Mãe Doca era em casa, atendendo aos necessitados e confeccionando flores, as quais vendia para ajudar no sustento da casa.

                Assim foi vivendo e estudando a doutrina dos espíritos e já recebendo os mentores que a ela formavam seus guias espirituais.

                Veio morar em São Paulo e quando viúva participou em grupos espíritas que ficaram com ela até o fim da sua vida, foram muitos companheiros, que é impossível citar nomes.

                Ela tinha muita amizade com o Chico Xavier, os dois diziam que se conheciam de vidas passadas, quase que toda semana ia à Uberaba estar com o Chico ajudando em sua distribuição das doações. Recebia mediunicamente os espíritos de poetas, médicos, diversos mensageiros que traziam palavras consoladoras para os assistidos. Um dos mentores dela era o espírito de uma jovem que desencarnou com a idade de 15 anos, Editinha, quando vinha no final da comunicação, dizia um verso sobre as crianças:

                               “Se tu tens criança

                               Ou esperas um dia ter,

                               Dê alguma coisa,

                            Aos que precisam comer.”

                Com mais de 13 doenças físicas, tinha varizes, além das pernas, na sola dos pés, do tamanho de um dedo, e mesmo assim nunca parou de trabalhar na seara de Jesus.

                Mãe Doca fundou com outros confrades o Centro Casa Branca do Caminho, com sede na Chácara Mafalda, na Rua Nossa Senhora dos Anjos, 699, São Paulo. Com escolas doutrinárias, assistência a famílias, tratamentos espirituais, escola dominical e  palestras.

                Ela tinha diversos tipos de mediunidade, principalmente a de cura. Certa vez visitando a Casa Transitória (Tatuapé), o dirigente da época, Senhor Gonçalves, me falou: “Não sou digno de beijar o solo por onde Mãe Doca pisa.”

                   Hoje quem dirige o Centro Espírita Casa Branca do Caminho é o senhor Norberto Antônio Filho.

                Conheci Mãe Doca na minha juventude e ela foi minha segunda Mãezinha (da minha juventude e da espiritualidade)

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Mãe do coração

E de todos os momentos.

Incansável na luta diária

Que a reencarnação lhe trouxe pelo nascimento,

Para socorrer os filhos presentes.

Tivestes uma casinha branca no meio do caminho,

Na qual recolhestes todos nós,

Sofredores, aflitos, famintos na alma,

Das lições de Jesus e do amor que nutrias.

Alma pura enfrentou dores físicas

Se doando para a mediunidade com amor,

Não havia cansaço que lhe impedisse,

De servir à Seara Bendita do Cristo.

Mãe de muitos filhos, do amor

Que aportava junto ao seu coração,

Pois no Caminho havia uma casinha…

Havia uma casinha à beira do caminho.

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(Nossa lembrança poética a Carlos Drummond de Andrade)

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