Legião do Mal
[Simone Biaseto de Oliveira] monibiaseto@gmail.com
E perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” E ele respondeu: “Meu nome é Legião, porque somos muitos”. (Marcos,5:9)
A passagem supracitada refere-se ao Evangelho de Marcos (encontrada também em Lucas, 8: 30), bem conhecida de todos nós, acredito. Quando Jesus cruzou o Mar da Galileia para chegar a Géresa, assim que pisou em terra, um homem que vivia nos sepulcros e passava seus dias gritando e ferindo-se com pedras, foi ao seu encontro e lhe perguntou: “Que é que tens comigo, Jesus? Não me atormentes!” E Jesus respondeu-lhe: “Espírito impuro sai deste homem!” E perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” E ele respondeu: “Meu nome é Legião, porque somos muitos.”
Facilmente percebemos que quem respondeu não foi o homem que se apresentava fisicamente à frente de Jesus, mas o espírito que o atormentava. O qual se autonomeou Legião, ou seja, quis demonstrar que não atuava sozinho, mas como uma espécie de líder de facção, cujo objetivo era o de perturbar aquele homem. Para nós, espíritas, um processo obsessivo.
Porém no nosso bate papo de hoje, gostaria de ressaltar uma citação de Emmanuel a respeito: “A frente do Espírito delinquente e perturbado, Ele era apenas um; o interlocutor, entretanto, denominava-se “Legião”, representava maioria esmagadora, personificava a massa vastíssima das intenções inferiores e criminosas. Revela o Mestre que, por indeterminado tempo, o bem estaria em proporção diminuta comparado ao mal em aludes arrasadores”[1].
O que acha prezado(a) leitor(a)?! Será que nos nossos dias ainda vemos mais atos de maldade ou de bondade? Será que é mais comum vermos pessoas honestas, solidárias, cheias de vontade de ajudar umas as outras ou pessoas facilmente corruptíveis, egoístas e cheias de vontade de tirar vantagem das outras? Será que vemos mais pessoas dispostas a guerrear entre si ou pessoas dispostas a lutar pela paz? É fácil de responder estas perguntas? Penso que não. Depende do foco de análise de cada um, e do estado de espírito também. Se nós respondermos baseados nos noticiários midiáticos da atualidade afirmaremos que o mal se sobrepõe ao bem com absoluta certeza. Mas se observarmos a nossa vida cotidiana, se fizermos um comparativo histórico da evolução social, suponho que a conclusão não será a mesma.
Podemos pegar, por exemplo, o nosso país, o Brasil. Houve uma época obscura e triste na nossa história: a ditadura militar (durante mais de 20 anos – 1964 a 1985). A qual caracterizou-se pela falta de democracia, supressão dos direitos constitucionais, censura, perseguição e repressão política, entre outros. Ainda existem muitas coisas ruins acontecendo aqui? Certamente aqui e em todo mundo. Porém, não com a mesma intensidade. O mundo está mudando para melhor. Duvida?!
Essa afirmação nos leva a outro questionamento: será que há mais mal ou bem no nosso mundo?! Até o momento, que eu saiba, não houve nenhum censo com esse enfoque. Nos momentos que estou extremamente otimista com a vida, com as pessoas e comigo mesma, penso com ênfase que os atos de bondade são em maior número que os de maldade. Contudo, não posso dizer o mesmo quando o pessimismo me domina. Cada um de nós deve ter uma resposta em mente neste momento. Jesus, certamente, detém a resposta exata.
Em continuidade ao nosso raciocínio analítico, vale destacar outros quesitos, um tanto subjetivos, diria, que devemos nos fazer: O que tenho feito de ruim e de bom ultimamente? Quais os defeitos que consegui reduzir? Quais as virtudes que ampliei? O quanto tenho me esforçado para ficar ao lado de Jesus? Lembrando que, à medida que ampliamos e fortalecemos o nosso lado bom, ajudamos também a ampliar e a fortalecer o lado bom do nosso mundo.
Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, nos conta que há uma grande estrela na Constelação de Cocheiro, que recebeu dos nossos astrônomos o nome de Capela. Uma estrela de matéria muito suave, quase como o ar que respiramos, onde os habitantes já haviam conseguido fazer os atos de bondade superar em muito os atos de maldade. Mas havia ainda alguns habitantes que insistiram em perseverar no mal e foram exilados para um planeta distante, há cerca de 45 anos luz de distância: o nosso planeta Terra, ainda bebê. Esses exilados de Capela também ficaram conhecidos como a raça adâmica. Vieram ajudar os povos primitivos para poderem se ajudar.
Para finalizar, vou expor uma notícia verídica dos repórteres do mundo espiritual. Nosso planeta é um mundo de expiação e provas, onde o mal ainda sobrepõe o bem, mas isso não é para sempre. Um dia nosso planeta se transformará num planeta de regeneração e aqueles que insistirem em perseverar no mal, serão convocados a retirarem-se do nosso planeta e rumarem a outro planeta jovem, primitivo. Ou seja, um retrocesso a “idade da pedra lascada”, com a finalidade de criar nova oportunidade para aprenderem a amar.
Já pensaram o quanto deve ser difícil viver em um lugar sem luz, sem água encanada, sem transporte, sem celular, sem ruas, sem hospitais, fugindo de animais selvagens, comendo tudo cru, vivendo ao relento onde todos só sabem dizer uga, uga!! Alguém tem vontade de viver num lugar desses? É bom nos esforçarmos então para ampliarmos o nosso lado bom.
Será que esse dia está próximo?! Será que mereceremos viver aqui quando isso acontecer?!
[1] Xavier, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 19ª ed. Rio de janeiro: FEB, 1948. p. 302.