O poder da prece

[Libertação – André Luiz]
[Aécio César] aeciocesarf@bol.com.br

Senhoras e Senhores,

            O Poder da Prece… O que seria a prece para você? Saber agradecer e pedir tão somente? Você sabe orar? Suas preces são decoradas, lidas ou sentidas pelo coração? Satisfaz-se ao terminar uma prece? Ou a pratica dizendo somente: “Senhor!!, Senhor!!!. Perguntas simples, mas de valor bastante profundo quando nós nos dispusemos transformar nossa rotina diária em bênçãos de reconforto e de paz, de esperança e de fé.

            Como já sabemos, Gúbio envolveu o filho de Saldanha ainda encarnado, juntamente com a sua esposa e mãe desencarnadas que lhe possuíam o espírito. Passagem que não poderia ter sido oculta por muitos oradores em uma obra como essa. Não ouvi ninguém comentar essa passagem em palestras. Será por que esse livro “Libertação” escrito pelo espírito de André Luiz através da mediunidade de Chico Xavier não é divulgado como o livro Nosso Lar? Não seria tão importante quanto?

            Antes, porém, da prece “Gúbio (…) afagava a fronte das três entidades sofredoras, parecendo liberar cada uma dos fluidos pesados que as entorpeciam, em profundo abatimento”. Uma preparação é essencial para que toda alma em sofrimento possa receber a posteriori as bênçãos reconfortantes de uma prece. Ela é o combustível da alma. Quem realmente sabe rezar libera de si mesmo todo miasma que envolve sua psicosfera. É alimento essencial para todo aquele que deseja transpor as barreiras daquela fé simples tornando-a em raciocinada. A razão libera fluidos benéficos até que, alcançando o sentimento, se transforma em luz. Por isso os dois andam sempre juntos.

            Para fortalecer os ânimos daqueles sofredores em seu regaço, Gúbio pede a Saldanha se ele poderia proferir a prece em voz alta. O perseguidor de Margarida parecia ter levado um choque, explicando a ele nesses termos: “… acreditas em semelhante panaceia?”. Para quem desconhece os poderes da prece se afigura como o Saldanha. A melhor maneira para orar não deve ser aquela egoísta, em silêncio. Deve dizer em alto e bom som para que se caso existam obsessores ou espíritos sofredores e ignorantes à nossa volta, com certeza irão recebe-la como estímulo para o próprio despertamento. Creio que em toda obra de André Luiz nunca achei uma prece proferida em silêncio no sentido de se agastar preferencialmente para única pessoa. Lembremo-nos disso. É um pequeno detalhe que sempre faz a diferença.

            “Há sempre quem peça pelos perseguidos, mas raros se lembram de auxiliar os perseguidores”. Luminosa essa citação, não? Nossa preocupação nesse sentido é de fazer-se curar todos aqueles perseguidos, afastando-os dos seus perseguidores. E aí? Não faltou algo nessa prece? Não seria sensato da nossa parte SEMPRE olhar os dois lados da moeda? Para ser completa  deveremos completa-la no direcionamento também aos perseguidores, pois que não adianta arrancar o joio podando-lhes apenas suas folhas. Vale a dica.

            Se “Não desamparaste os malfeitores, aceitaste a companhia de dois ladrões, no dia da cruz. Se Tu, Mestre, (…) assim procedeste na Terra, quem somos nós, Espíritos endividados, para amaldiçoarmo-nos, uns aos outros?”. Outra belíssima citação da prece de Gúbio aos três sofredores à sua tutela. Como estamos longe do amor ensinado por Jesus! Para não parecer-nos distante dos Seus exemplos, transformamos equivocadamente o Seu amor pelas nossas paixões desequilibrantes que interpretamos como amor porém, desprovido de luz.

            “Ajuda-nos a converter o ódio em amor, porque não sabemos, em nossa condição de inferioridade senão transformar o amor em ódio”. Precisamos muito desses misteres de força em nosso entendimento. Somos capazes de auxiliar tanto vítimas como algozes, mas os nossos sentimentos ainda guarda rancores direto e indiretamente que nos trava toda ação abençoada pela prece. Por isso as nossas preces devem se originar passiveis de direcionamentos independentes de quem seja. Como não abrirmos o coração para os outros se os outros se escoram no auxílio que esperam de nós?

            Sem amar a Deus acima de tudo e de todos e ao próximo como a nós mesmos, não conseguiremos nos libertar das amarras das viciações que impedem nosso olhar de ver novos horizontes iluminados pela Bondade Divina; não conseguiremos ter ouvidos de ouvir a nossa consciência a nos alertar de que esses Dois Mandamentos ainda estão em vigor em nossas vidas; e difícil nos será ter o coração isolado se não sentirmos corpo a corpo, alma com alma, mais ajuntados ao coração num abraço fraterno impulsionados pela Lei Maior do Amor e da Fraternidade.

            “Por que razão, nós outros, míseros vermes do lodo ante uma estrela celeste, quando comparados Contigo, recearíamos estender dadivosas mãos aos que não nos entendem ainda?!…”. Muitos recorrem ao afastamento diante daqueles que não compreendem nossas precárias dádivas de amor. O nosso impulso inferior faz com que nem mesmo endereçássemos uma prece para eles, ainda alimentamos em nós o orgulho e o egoísmo filhos do mal ainda residentes em nós. Enquanto não nos superarmos diante da luta que iremos travar para o próprio despertamento espiritual, difícil descruzarmos os braços e aconchegar em nossos corações irmãos também endividados, nós com eles e eles conosco.

            E Gúbio direcionando o seu olhar magnânimo aos três sofredores em seu regaço pediu a Jesus: “É para eles, Senhor, para os que repousam aqui em densas sombras que te suplicamos a benção! (…) Ajuda-os a se aprimorarem nas emoções do amor santificante (…) porque também te amam e te buscam, inconscientemente, embora permaneçam supliciados no vale fundo de sentimentos escuros e degradantes…”. Creio que para mim, não sei se para você a emoção veio à tona mostrando o quanto ainda sou pequeno para entender que somente a Caridade salva e liberta.

            Agora sei quando Chico sempre dizia que “– Sou uma besta encarregada de transportar documentos espíritas”; Se o chamavam de “Chico Xavier, o apóstolo”, transformava o nome num humilde trocadilho: “– Nada disso. Cisco Xavier.”. Se ele se considerava como a um cisco, que praticou a Caridade legítima desde jovenzinho, viveu praticando o que ensinava e morreu sem um tostão no bolso e, mesmo com essas sublimes qualidades de um verdadeiro cristão do Senhor muitos espíritas dizem que ele não era ainda um Espírito Superior. O que deveria ele fazer ainda meu Deus?

Para fortalecer esse meu comentário da semana, vamos refletir no que disse Chico Xavier a respeito: “Nenhuma prece feita com sinceridade fica sem resposta. Às vezes, a solução do problema é complicada: não depende apenas do esforço dos Benfeitores Espirituais. Exige mudança da atitude do próprio indivíduo”.  

            Se Chico se considerava humílimo servidor do Senhor, o que me resta classificar-me senão um pó vagueando na manjedoura das estrelas, Caro Leitor Amigo?

2 comentários em “O poder da prece

  • 22 de dezembro de 2022 em 19:29
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    É imprescindível essa reflexão da semana ! E eu não tenho nem como me expressar diante de tão grande ensinamento, só agradecer por tão grande dádiva. Gratidão Fábio Dionize

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  • 2 de janeiro de 2023 em 14:02
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    Muito obrigado, Clarice

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