Editorial No. 127 (Setembro, 2024) – “Suicídio entre os idosos”

No Brasil, os casos de suicídio entre idosos cresceram de forma impressionante nas últimas décadas. Entre 1980 e 2012, o aumento foi de 215,7%. Para especialistas, o acúmulo de perdas e o isolamento social estão entre as principais motivações para o ato extremo.
Quando entramos em contato com esta realidade, confessamos que ficamos chocados, pois nos parecia muito paradoxal que alguém, que tenha conseguido chegar a esta idade, pudesse ainda ter motivadores para a morte auto afligida.
De acordo com a psicóloga Denise Machado Duran Gutierrez, professora da Universidade Federal do Amazonas e autora de três artigos publicados no especial da Ciência & Saúde Coletiva: “Existe essa impressão que o idoso não se mata porque está no fim da vida, porque passou pela adolescência, estabeleceu uma família, já enfrentou o pior da vida. Não é bem, assim.”
Ao racionalizar, para tentarmos explicar tais ocorrências, começamos a listar algumas variáveis que poderiam ser fatores de risco, como penúria financeira, transtornos de ordem mental surgidos no final da existência, etc., mas com receio de sermos simplistas, uma vez que o suicídio é um tema complexo e que nunca encontramos apenas um fator associado ao ato de autoextermínio, fomos em busca de detalhes estatísticos e estudiosos do tema.
Segundo a pesquisadora Denise Machado, os seguintes fatores seriam motivadores, pois tornam o idoso muito vulnerável:
— Doença degenerativa, com perda de capacidade funcional e dor crônica;
— Perda de laços referenciais e de uma série de suportes.
O idoso, muitas vezes nossos próprios genitores, a quem temos uma enorme dívida e deveríamos retribuir com um mínimo de gratidão, passam a ser isolados do seio familiar. Quando não, instalados em asilos, ou quando ainda mantidos próximos de nós, nos quartinhos de fundo, ou nas edículas de suas próprias casas.
Quantos não são os filhos que deslocam seus pais, para ocuparem as residências que foram deles.
Quantos não são os filhos que colocam seus genitores em asilos, casas de repouso, escusando-se de que não podem cuidar de forma condizente, quando, na realidade, o único objetivo é o de evitar “o trabalho que os idosos dão…”
Num mundo que se tornou egoísta, onde a maioria das pessoas só pensam nelas mesmas, sem se importarem com aqueles que lhes facultaram um futuro, muitas vezes, as custas de muito esforço e suor, compreende-se o porquê destes comportamentos; mas que não se justificam à luz das Leis Divinas.
Só para lembramos de uma delas, o quarto mandamento: “Honrarás a teu pai e a tua mãe”.
Deus nos pede que amemos aos nossos pais e que sejamos obedientes, respeitosos, gratos e carinhosos para com eles e, além disso, que os ajudemos no que necessitarem.
Só pelo fato de lhes devermos a oportunidade da reencarnação, seria o suficiente para retribuirmos na mesma moeda. Mas, se incluirmos tudo aquilo que deles recebemos em acréscimo, como o sustento, o estudo, a educação, etc., maiores motivos teremos para cuidar deles, com todo o afeto e consideração, na velhice.

O EDITOR

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