A fé

[José Dutra] dutra2507@hotmail.com

O que é fé?
Nos dicionários, é a crença em alguém ou em alguma coisa; No aspecto religioso, é a crença nas afirmações de uma religião; Nas nossas ações, é a certeza de que aquilo que queremos irá acontecer;
Na nossa existência como criaturas divinas, é a certeza em Deus; Segundo Paulo de Tarso, “a fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem”.(1)

A fé se aplica somente na religião?
Não. A fé tem aplicação tanto em nossas necessidades materiais como nas espirituais. Podemos ter fé em Deus, em um santo, em uma pessoa, em um objeto ou em que algo vai dar certo.

Quais as diferenças entre a fé passiva e a fé ativa?
A fé passiva é aquela que espera as coisas acontecerem. A fé ativa é aquela que trabalha com esforço para que as coisas aconteçam.
A fé, sem ação, de nada adianta. Não basta apenas acreditar na sua evolução, é preciso trabalhar para que ela aconteça. Jesus disse “Buscai e achareis”,(2) e não “Esperai que alguém vai achar para ti”.
Não basta apenas conhecer e acreditar no Evangelho, é preciso praticar seus ensinamentos. Jesus disse “A cada um de acordo com as suas obras”(3) e não “A cada um de acordo com sua fé”. E Tiago afirmou que “a fé, se não tiver obras, está completamente morta”.(4)

Quais as diferenças entre a fé cega e a fé raciocinada?
A Codificação Espírita(5) nos ensina que “a fé cega nada examina, aceitando sem controle o falso e o verdadeiro, e a cada passo se choca com a evidência da razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo.” A fé cega é o que “produz o maior número de incrédulos, porque ela quer impor-se”, obriga a crer sem compreender, exigindo a renúncia de duas características preciosas do ser humano: o raciocínio e o livre-arbítrio.
“A fé precisa de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer não basta ver, é necessário sobretudo compreender.” A fé raciocinada se apoia nos fatos e na lógica, e procura essa compreensão. É uma fé que nos permite entender quem somos, de onde viemos, por que estamos neste mundo e para onde vamos após a morte. É uma fé que nos faz compreender o amor ao próximo e querer praticar a caridade, porque reconhece que fora da caridade não há salvação. “É a esse resultado que o Espiritismo conduz.”
A fé cega impõe a crença e proíbe o questionamento. A fé raciocinada busca o entendimento e abre todas as portas ao questionamento. A fé cega é caminho para a crença em coisas absurdas. A fé raciocinada separa os absurdos daquilo que é natural.
“Só é inabalável a fé que pode enfrentar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade.”

Por que devemos ter fé?
Em Deus
Porque Deus é um Pai de infinita bondade e sabedoria, que não desampara jamais nenhum de seus filhos e dá a cada um de nós exatamente o que precisamos para o nosso crescimento.

Em Jesus
Porque Jesus é o nosso mestre maior, que nos ensinou o caminho que leva a Deus e nos deu o melhor exemplo de conduta.
Nos bons espíritos
Porque eles nos amparam e ajudam, conforme nossa necessidade e merecimento.

Em nosso anjo da guarda
Porque é um espírito mais elevado que tem a missão de velar por nós.

Em nós mesmos
Porque somos filhos de Deus e temos a centelha divina em nossos corações, o que nos dá a força necessária para vencer todas as expiações e provas, combater nossos vícios e defeitos e desenvolver as virtudes que nos levam ao Pai Celestial.

Jesus disse que a fé move montanhas.(6) O que são essas montanhas?
Não são montes de terra. Ao falar das montanhas, Jesus usou uma figura de linguagem a que hoje chamamos de hipérbole, onde fazemos um exagero para dar ênfase ao que estamos falando. Por exemplo:

— Já disse isso mais de um milhão de vezes!

— Estou morto de fome.
Assim, Jesus quis enfatizar o poder enorme da verdadeira fé.
As montanhas também podem representar as coisas que atrapalham a nossa evolução, como a má vontade, a resistência à mudança, o interesse material, a cegueira do fanatismo, o egoísmo, o orgulho, etc., coisas que a verdadeira fé pode retirar do nosso caminho.

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(1) Hebreus 11:1.
(2) Mateus 7:7.
(3) Mateus 16:27.
(4) Tiago 2:17.
(5) KARDEC, Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, itens 6 e 7.
(6) Mateus 17:14-21.

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Este artigo é uma adaptação do capítulo 29 do livro “Espiritismo para iniciantes e iniciados”, do mesmo autor, publicado pela Editora Dionisi.

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