Como surgiu o Espírito de Scheilla

Fabio Dionisi   |  fabiodionisi@terra.com.br

Caros leitores, este tema será baseado (a) no extenso depoimento do professor Pierre Tavares Ribeiro, incorporado na obra de Humberto Vasconcelos, Materialização do amor 1 (p. 77-86), (b) nas próprias lembranças do autor do livro 1 (p. 51), e (c) num artigo publicado pelo  professor Tavares Ribeiro, no jornal O Imortal 2 (p. 6), que pode ser encontrado na obra Irmã Scheilla: Missionária do Amor 3 (nota i; p. 285-286).

Quanto às fontes bibliográficas, sabemos que Humberto Vasconcelos foi um dos genros de Francisco Peixoto Lins (Peixotinho) 1 (p. 182). Em Materialização do amor, ele registrou depoimentos, obtidos de parentes, amigos, confrades e participantes das reuniões de materialização e cura de Peixotinho; um deles, foi a de Pierre Tavares.

Este último foi um professor macaense, dirigente escolar na cidade. Um dos dirigentes do Grupo Espírita Pedro, em Macaé, onde atuava o médium Peixotinho, foi autor de um dos mais longos depoimentos sobre a sua vida e obra 1 (p. 187).

Agora que contextualizamos nossas fontes de consulta, voltemos ao surgimento da veneranda Irmã Scheilla, logo após seu desencarne, na Alemanha, em 1943. 3 (p. 14-16)

Tudo começou no Grupo Espírita Pedro. Numa reunião de preces, por conta da segunda guerra mundial, ou, segundo outros, durante uma reunião de desobsessão 1 (p. 82-83); quando um Espírito, ainda perturbado em virtude de violento desencarne, comunicou-se fazendo referência à guerra na Alemanha. 1 (p. 51, 82-83)

Após o esclarecimento, a entidade informou que era Espírita, e que vivera na Alemanha nazista, onde residia seu pai, um médico homeopata Espírita de nome Fritz, e uma irmã chamada Scheilla. 1 (p. 82-83)

Tão logo sua perturbação foi superada, durante o esclarecimento, e já conseguindo comunicar-se razoavelmente, a entidade narrou que fora convocado para a guerra, e que, logo no primeiro combate com a Polônia, ocorrido em 1939, na qualidade de tenente, fora designado para participar de um pelotão de fuzilamento 1 (p. 82). Por ter-se negado, foi fuzilado ao lado do grupo de inimigos vencidos. 1 (p. 51)

A este respeito, transcreveremos três exposições, muito semelhantes; duas que se encontram na obra Materialização do amor 1, e uma terceira, no artigo já mencionado 2.

A primeira é de Humberto Vasconcelos: “Reunião rotineira no Grupo Pedro, cidade de Macaé, fins de 1939, começo de 1940. Um espírito egresso do conflito incorpora-se aos trabalhadores da Casa (…). Soldado alemão, ele se recusara a acionar a sua arma contra os inimigos dominados e perfilados à frente do pelotão. Não mataria a sangue frio. Foi executado para servir de exemplo aos que exibissem a mesma fraqueza (…).” 1 (p. 51)

A segunda, extraída do depoimento de Pierre Tavares Ribeiro ao Humberto Vasconcelos: “Negara-se a matar a sangue-frio, dizendo que esse procedimento entrava em choque com suas convicções religiosas cristãs. Havia aceito a convocação para a guerra por respeito ao seu país, mas, (…) diante de adversários presos e indefesos, não lhe parecia lícito matar. Diante da recusa, foi condenado como traidor e executado junto com os ditos inimigos.” 1 (p. 82-83)

E, por fim, um trecho do artigo do professor: “Na época da guerra (…), pela mediunidade de Peixotinho, comunica-se um Espírito expressando: ‘Guerra, guerra, guerra…’, o que repetiu várias vezes. Depois, identificou-se. Disse ter sido um alemão que fora convocado para a guerra (…). Aconteceu que, na primeira vitória da Alemanha sobre a Polônia, os oficiais poloneses vencidos foram enfileirados para serem executados. Dentre os oficiais alemães, um deles se recusou a matar a sangue frio (…). Essa recusa valeu-lhe a morte, porque foi executado junto aos poloneses.” 2

Durante as conversações, contou que a partir do momento em que se recusou a matar, passou a se sentir anestesiado, de tal modo que nada sofreu com a morte. E que aquele era, naquela reunião, o seu primeiro ato, como desencarnado, que participava conscientemente; e que somente agora se encontrava esclarecido de sua situação atual. 1 (p. 83)

Continuando a conversa, o doutrinador perguntou-lhe como havia chegado a uma reunião tão longe da Alemanha, ao que respondeu de que podia identificar, naquele momento, uma afinidade com um membro da reunião. No final, disse chamar-se Fritz, e que tinha o mesmo nome de seu pai, um médico, e que havia deixado uma irmã de nome Scheilla, uma musicista. 1 (p. 83)

O mesmo professor, que fez o depoimento acima, onde mencionou que Scheilla fora musicista, no seu artigo publicado no jornal O Imortal, relata que o irmão de Scheilla, em uma outra reunião no Grupo Espírita Pedro, contou que possuía uma irmã enfermeira e médium, de nome Scheilla. E acrescentou que o pai era médico homeopata e Espírita. 2 (p. 6)

Nossa hipótese de trabalho é de que quando o irmão disse que ela era musicista, não quis dizer que sua profissão era esta, e sim de que tocava algum instrumento musical.

Desculpem-nos mais uma digressão…

No livro de Humberto, no depoimento de Pierre Tavares, vimos que o irmão mencionou que tinha o mesmo nome do pai, o de Fritz. 1 (p. 82-83)

Mais adiante, no mesmo livro, encontramos registros de algumas Atas de Reuniões, das atividades de materialização no Grupo Espírita André Luiz. Dentre elas existe uma, de uma reunião ocorrida em 25 de janeiro de 1947, que registra: “Rodolfo Fritz, o espírito amigo que fora irmão carnal de Scheilla, fala-nos em voz direta (…).” 1 (p. 148)

Como se trata de uma Ata de Reunião, e por esta informação ter sido capturada por um dos genros do Peixotinho, daqui por diante iremos considerar que: (a) o irmão de Scheilla chamava-se Rodolfo Fritz, (b) o pai tinha como sobrenome Fritz, e (c) o nome da irmã era Scheilla Fritz.

Regressemos aos nossos relatos…

Interessante que, após sua primeira comunicação, ele compareceu outras vezes. Em uma delas, informou de que havia notificado seu pai e irmã, por vias mediúnicas, sobre o grupo que o acolhera, exortando-os a comunicar-se com os membros, por carta; principalmente, com o fito de comprovar suas informações, aos familiares. 1 (p. 83)

Isso só não ocorria, segundo Rodolfo, devido aos conflitos. A guerra não permitia o envio de cartas, por isso, eles não haviam ainda recebido uma. 2

Interessante notar que Scheilla era Espírita, médium, e que já estava ao par das atividades do irmão junto ao grupo de materializações de Peixotinho…

Passado mais um tempo, Fritz retorna a se comunicar, solicitando que fosse realizada uma reunião para ajudar a sua irmã, “porque ela estava em estado de coma, pois havia caído em cima de sua casa um avião, que matara o pai e a deixara sofrendo muito.” 2

A mesma informação encontra-se em Materialização do amor. 1 (p. 83)

No artigo, em O Imortal, Pierre Tavares Ribeiro ratifica estas informações. 2 (p. 6)

Também relata que o atendimento foi realizado nesta mesma reunião. E continua, escrevendo que, nesta mesma reunião, foram informados, pelos protetores do grupo, sobre o êxito do trabalho e do desenlace da nossa irmã. 2 (p. 6)

Neste ponto, caro leitor é importante pontuarmos o que o professor disse, no jornal: “que fizemos a reunião, o atendimento foi prestado, a pedido do Espírito Fritz” 2 (p. 6); portanto, podemos inferir que está contado o que presenciou, e não apenas o que ouviu falar…

O fato é que, tempos depois, ela materializou-se de corpo inteiro, aparecendo como “um espírito de extraordinário fulgor, cabelos que se alongavam em tranças repousadas sobre o colo, sempre exalando maravilhoso perfume.” 1 (p. 83)

Informação que ele também ratifica, cerca de cinquenta anos depois, no mencionado jornal, adicionando que ela se identificou e confirmou o que dissera seu irmão. Seu retrato pode ser encontrado neste artigo. 2 (p. 6) e 3 (p. 285-286)

Esperando termos atingido o objetivo, desejamos a todos muita paz.

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1 VASCONCELOS, Humberto. Materialização do amor. 1. ed. Recife: Fraternidade Espírita Francisco Peixoto Lins, 1994.

2 Como surgiu Scheilla. Pierre Tavares Ribeiro. Jornal O Imortal. Cambé, Paraná. Abril, 1996.

3 DIONISI, Fabio. Irmã Scheilla: Missionária do Amor. 3. ed. Ribeirão Pires: Editora Dionisi, 2023.

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O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP). www.irmascheilla.org.br

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