A origem da homossexualidade, explicada pela Doutrina Espírita

[Fabio Dionisi] fabiodionisi@terra.com.br

Nosso desejo, aqui, é entendermos, tecnicamente falando, a origem da homossexualidade, baseados no que ensina a Doutrina Espírita; o de buscarmos o entendimento do porquê ela ocorre desde todas as épocas da humanidade terrestre.

Vejamos, de início, o que se entende por homossexualidade.

“A homossexualidade é a atração sexual entre pessoas do mesmo sexo. O homossexual é alguém que possui uma identidade sexual em choque com a sua formação anatômica.” 1 (p. 110)

Referências à homossexualidade, em André Luiz, encontram-se nas seguintes obras clássicas: Ação e reação 2, No mundo maior 3, Evolução em dois mundos 4, Os mensageiros 5, Anuário Espírita 1992. “Entrevistando André Luiz” 6 (Q. 16).

Adicionalmente, em outras publicações da FEB (Federação Espírita Brasileira): Forças sexuais da alma 7, Sexo e evolução 1, Vida e sexo 8.

Nada mais apropriado iniciarmos com O livro dos Espíritos.

Na Q. 202, encontramos a seguinte pergunta e respectiva resposta: 9 (p. 168-169)

“Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher? — Isso pouco lhe importa. Vai depender das provas por que haja de passar.”

Em nota explicativa, Kardec nos diz que podemos tanto encarnar como homem ou como mulher, uma vez que o Espírito, a bem da verdade, não tem sexo. E como devemos evoluir em todos os aspectos, cada sexo, nos traz provações, deveres, experiências que se constituem em oportunidades de crescimento espiritual. Se reencarnássemos sempre em um deles, como o de homem, só aprenderíamos o que sabe o homem, daí a necessidade de também passar pelo sexo oposto, para completarmos nossos conhecimentos e aquisições.

Mas, precisamos desenvolver um pouco mais esta informação de que o Espírito não tem sexo.

Igualmente em Kardec encontramos na Questão 200: “Os Espíritos têm sexo? — Não como o entendeis, porque os sexos dependem da organização (…).” 9 (p. 168)

Em outras palavras, os Espíritos têm sexo, mas não da forma como o conceituamos aqui na Terra. Não o tem como organização física, tanto que não podem se reproduzir. 1 (p. 37)

O que seria então o sexo nos Espíritos?

Tomemos André Luiz como guia para encontrarmos as respostas que buscamos.

No mundo maior: “A personalidade não é obra da usina interna das glândulas, mas o produto da química mental.” 3 (p. 154)

Em Evolução em dois mundos: “A sede real do sexo não se acha, dessa maneira, no veículo físico, mas sim na entidade espiritual, em sua estrutura complexa.” 4 (p. 141)

E, ainda nessa mesma obra: “O sexo é, portanto, mental em seus impulsos e manifestações.” 4 (p. 142)

Walter Barcelos, em Sexo e Evolução, em seu capítulo 3: A sede real do sexo, interpreta muito bem o que Allan Kardec e André Luiz nos trouxeram a respeito. 1 (p. 34-50)

“A sexualidade da criatura humana, antes de tudo, nasce do arquivo mental. Os órgãos genitais masculinos e femininos são instrumentos do Espírito, através da ação mental.” 1 (p. 39)

Ligando os últimos parágrafos podemos concluir que ao se desencarnar, nada se perde da sexualidade, das nossas características e da nossa maneira de ser. 1 (p. 39)

Tanto que André Luiz confessou-nos que ficou admirado, no começo de sua vida no lado de lá, quando presenciou um casamento no Mundo Espiritual, descobrindo que a atração entre sexos opostos continua, casais namoram, noivam e se casam. 5 (cap. 30)

Continuemos nossa busca, pois temos mais uma peça do quebra cabeça que precisa ser achada…

André Luiz, em Ação e Reação, trouxe-nos, também, outro conhecimento importante: “o sexo, na essência, é a soma das qualidades passivas ou positivas do campo mental do ser.” 2 (p. 265-266)

Portanto, segundo ele, é natural que o Espírito, marcadamente feminino, demore-se séculos e séculos em reencarnações como mulher, ou seja, nas linhas evolutivas da mulher, da mesma forma que o Espírito acentuadamente masculino faça o mesmo como homem, reencarnando por muito tempo como homem, adquirindo, cada vez mais, em seu campo mental, qualidades tipicamente masculinas. 2 (p. 266)

Cada um de nós somos o produto do que acumulamos em nós mesmos, ao longo de nossos reencarnações. E que nossas qualidades e aquisições não são o resultado do mecanismo do corpo físico, através de glândulas e hormônios.

Agora sim, podemos abordar com mais propriedade a questão da homossexualidade.

“A prova de que o sexo é mental está no problema da homossexualidade. Se o sexo não fosse mental, não haveria razão para a homossexualidade.” 6 (p. 44)

Walter Barcelos continua seu raciocínio, sempre baseado em André Luiz, elucidando que ao reencarnar em um novo corpo físico em desacordo com as características marcantes guardadas na sua mente, explica o fenômeno da homossexualidade. 6 (p. 44)

Como a morfologia do corpo somático não se sobrepõe à mente, uma vez que esta última é que comanda, emitindo suas ordens e vontades, surge o conflito no indivíduo, por possuir um corpo perfeitamente definido, masculino ou feminino, e apresentar um arcabouço psicológico que não corresponde a sua realidade física. 7 (p. 116)

Em função de tudo o que acompanhamos, até aqui, como pontua o Espírito Emmanuel, em Vida e Sexo, capítulo 21, sobre a homossexualidade, também denominada transexualidade, também podemos concluir que ela “não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.” 8 (p. 89)

Gostaríamos de encerrar agradecendo à Doutrina Espírita por nos desvendar segredos para situações que, até há pouco tempo, devido à nossa ignorância, eram julgadas erroneamente. Como vimos, no caso da homossexualidade, trata-se de um fenômeno perfeitamente normal e natural, enquanto não atingirmos o estágio de termos vivenciado, suficientemente, ambas experiências, nas roupagens de homem e a de mulher. Quando a soma de qualidades masculinas e femininas, em nosso acervo psicológico, estiverem em equilíbrio, nossa identidade sexual não entrará mais em choque com a nossa formação anatômica.

Fiquem em paz.

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1 BARCELOS, Walter. Sexo e evolução. 6. Ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2005.

2 XAVIER. Francisco Cândido. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.

3 XAVIER, Francisco Candido. No mundo maior. Ditado pelo Espírito André Luiz. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1988.

4 XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em dois mundos. Ditado pelo Espírito André Luiz, 10. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987.

5 XAVIER, Francisco Cândido. Os mensageiros. Ditado pelo Espírito André Luiz. 45. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2008.

6 Anuário Espírita 1992. Araras, SP: IDE (Instituto de Difusão Espírita), 1992.

7 SANTOS, Jorge Andréa dos. Forças sexuais da alma. 4. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1990. 

8 XAVIER, Francisco Cândido. Vida e sexo. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2003.

9 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. 3. ed. edição comemorativa. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2007.

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O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP). www.irmascheilla.org.br

2 comentários em “A origem da homossexualidade, explicada pela Doutrina Espírita

  • 24 de maio de 2023 em 10:42
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    Gostei muito do tema abordado. Extremamente necessário para esclarecer a quem tem dúvidas ou se interessa em saber com clareza e sob a Luz do espiritismo.

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