O escravo a serviço de Epafrodito

[Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo] editoraeme@editoraeme.com.br

Desterra de ti desejos e receios e nada terás que te tiranize.

Epicteto

Enquanto não buscamos a pacificação que vem da fé e da confiança em Deus, batemos panela em busca das coisas do mundão. Descoberta a força que emana do Criador e sua proteção, passamos a cultivar a paz interna que é nossa e, portanto, só depende de nossa decisão – ser protagonista da nossa moderação e da nossa serenidade, sem que ninguém a roube ou nos atrapalhe no nosso crescimento.

Deus, em sua sabedoria, reservou a vida como mestra de suas criaturas.

Diz um provérbio judaico que é uma bênção que recebemos: “Não há melhor negócio que a vida. A gente a obtém a troco de nada”!

A cada dia uma lição. A cada tempo uma esperança.

O filósofo Aristóteles fala dos extremos na vivência do indivíduo na Terra: “As pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e aquelas que gastam como se fossem morrer amanhã”.

O equilíbrio está no meio, no bom-senso, em não se apegar em demasia, viver um dia de cada vez e não desprezar o futuro esbanjando seus recursos e morrendo na indigência. Existe o caminho do meio, a sensatez e a espiritualidade.

E as criaturas podem se transformar na vida. Podemos quase tudo com nossa mudança de atitude, lembrando a sabedoria antiga que diz que, quando mudamos, o mundo muda ao nosso redor. Comecemos com a coragem de fazer o que devemos e podemos, pensando no nosso crescimento espiritual. Cultivando atitudes positivas, como a disciplina, a responsabilidade, a assertividade, a aceitação, o equilíbrio, a perseverança etc., estaremos trilhando o caminho do progresso.

Carregamos a luz nos caminhos ou as angústias pelo nosso proceder.

Segundo um discípulo de Jesus, o homem prudente aprende com a experiência própria; o sábio, com a dos outros. A vida ensina e aperfeiçoa.

Procuremos aprender com Deus e suas Leis, conscientes de que no relacionamento diário com o próximo estamos preenchendo as páginas de nosso livro da vida.

Situemos assim a Terra como um imenso laboratório no Universo do Pai. Abençoada universidade onde podemos desfrutar das bênçãos da vida, mesmo não sendo nós os donos dos bens, apenas usuários temporários dos empréstimos divinos.

Meditemos nestas palavras de Emmanuel (Chico Xavier), que ensinam: “Na vida não vale o que temos nem tampouco importa o que somos. Vale o que realizamos, com aquilo que possuímos. E, acima de tudo, importa o que fazemos de nós. Tudo aquilo que possuímos é o que de nós damos. Vale a vida o que dela fazemos, pelas obras que realizamos”.

Et veritas vos liberabit, no dizer de Jesus: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). O sábio Epicteto (filósofo grego estoico que viveu a maior parte de sua vida em Roma, como escravo a serviço de Epafrodito, cruel secretário de Nero; segundo a tradição, Epafrodito chegou uma vez a quebrar uma perna de Epicteto) também afirmou após o Cristo esta verdade: “Querias ser livre. Para essa liberdade, só há um caminho: o desapego das coisas que não dependem de nós”.                       

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é diretor da Editora EM

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