O amor
Nas dobras do tempo, existem sentimentos escondidos e inimagináveis. São resquícios de vidas que passaram, deixando saudades e lembranças.
A personalidade de cada um é formada assim, de retalhos ininteligíveis; experiências várias, amores vários, virtudes e defeitos vários. Tudo entretece o ser eterno. Difícil, portanto, entender um ser humano em sua totalidade: as costuras disfarçam o que realmente existe.
Não há meios de adentrar a Psicologia da Personalidade. Ela é inexpugnável. Por mais se tente entender, é muito difícil. Mas, há um meio de abrir todas as portas e desvendar todos os mistérios do próximo: é o Amor. Através dele, sendo imenso e excelso, consegue-se ver tudo que está adormecido ou esconso, em outro ser. Só ele desvenda os mistérios do outro, e de Deus. Só ele é capaz de entender, perdoar, relevar e extasiar-se diante da perfeição que julga existir naquele que ama. Só o amor perdoa tudo, enaltece, aprimora e, em se esquecendo de si, é capaz de milagres.
Em todos os tempos se exaltou “o milagre do Amor” em prosa e verso, em elegias e epopéias, em viagens magníficas pelo reino do ignoto. E também através de ações sublimadas de renúncia e desapego. Só o verdadeiro Amor é capaz de doar-se inteiro e, ainda assim, sobreviver pelos séculos afora.
O amor sublimado está tão no alto que jamais poderá comparar-se ao amor humano, cheio de exigências, e que é muito mais egoísmo do que sentimento afetivo. E onde impera o egoísmo, não há vida que resista expandir-se. Amor é luz e redenção, é ajuda recíproca, é a razão de viver, é Deus em cada criatura, é paz infinda.