Chico Xavier. Missionário de Jesus.

Todo o processo da reencarnação, desde sua preparação, nascimento, infância e crescimento, até a edição do primeiro livro psicografado, Parnaso de além-túmulo, foi levado a efeito pela Espiritualidade Maior visando importantes objetivos. Citaremos alguns deles: (a) era necessário proteger o Chico do ataque das trevas, para que ficasse despercebido, pelos Espíritos contrários ao Evangelho do Cristo, durante os anos mais frágeis de sua condição de reencarnante; (b) a preparação de Chico, para sua missão, de forma que se fortalecesse e, desapegado das coisas materiais, fosse, mais facilmente, atraído pelas coisas do mundo espiritual; (c) outro ponto importante, era o de que fossem propiciadas as condições para que a Doutrina Espírita fosse expandida em conceitos e material; (d) ajudá-lo na continuidade do seu próprio desenvolvimento espiritual, por sinal, já muito adiantado, um verdadeiro Espírito de escol. 1 (p. 301)

Devido à pobreza, pedida por ele mesmo, antes de reencarnar, a vida simples que caracterizou toda a sua existência, e por não ter tido a chance de estudar, quando recebeu o seu primeiro livro psicografado, Parnaso de além-túmulo, Chico já estava pronto para a grande missão. Etapas críticas tinham sido superadas. Com isso, passando-se despercebido pelas trevas, pôs-se a salvo do seu ataque, que certamente teria sido impetrado.

A vida dura, em suas primeiras experiências de vida, devido aos maus-tratos na infância, as perdas sucessivas (as duas mães), acabou fortalecendo-o para os embates que enfrentaria ao longo dos seus 92 anos de vida corpórea; como vaticinado pela sua mãe, já desencarnada, Maria João de Deus. 1 (p. 301)

Além disso, o emprego simples, no funcionalismo público, permitiu-lhe o tempo necessário para que desenvolvesse seus trabalhos ao próximo.

O parco grau de instrução, em conjunto com a sua simplicidade, logo chamou a atenção do leitor quanto ao conteúdo profundo das suas psicografias. Como poderia ter concebido as obras que transcreveu para o mundo físico?

Tudo isso, obviamente, como podemos alcançar facilmente, se pararmos um segundo para refletir, contribuiu para o êxito alcançado em sua missão.

Para termos uma pequena ideia do tamanho da missão do Chico, podemos aproveitar uma passagem relativa a uma doença que este sofreu, onde Emmanuel lhe explica o porquê da necessidade de reagir e melhorar de saúde.

Em Lindos casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama, encontramos: “Pelos médicos locais é considerado tuberculoso, tão fraco está e febril. E, em certa manhã ensolarada, vendo-o tão triste, sentado à entrada da porta, ‘Emmanuel’, (…) põe-lhe a mão no ombro e diz: Chico, procure reagir, senão você falirá. E se chegar agora aqui, desencarnado, chegará inegavelmente como um homem de bem, porque já realizou algo, mas deixará por fazer muita coisa prometida e nos colocará em situação sobremodo delicada, pois que levamos anos a organizar os planos de sua reencarnação.” 2 (p. 24)

Contudo, é importante registrarmos que Chico era um ser “normal” …Ele compreendia a necessidade do homem encarnado atual. Comia sua carninha, pouca é verdade, e não se furtava a alguns prazeres da mesa, se assim as condições permitissem.

Desnecessário dizer que mais se preocupava com o que saía da boca, e não com o que entrava… (Mt, 15:11)

Em 2002, Chico Xavier completaria 75 anos de incessante atividade mediúnica!

Para se aquilatar do bom uso que fez de sua mediunidade, já bastaria citar que no dia do seu passamento ele tinha publicado mais de 400 obras mediúnicas; de centenas de autores espirituais, abarcando os mais diversos assuntos, entre poesias, romances, contos, crônicas, história geral, história do Brasil, ciência, religião, medicina, filosofia, antropologia, literatura infantil, literatura juvenil, etc. 1 (p. 303)

Nada menos que aproximadamente 300 poetas desencarnados foram psicografados pelo Chico. Expoentes como: Auta de Souza, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac, Castro Alves, Luiz Guimarães, Casimiro Cunha, Cruz e Souza, Humberto de Campos.

Trabalhou dia e noite em benefício de seu semelhante; com sacrifício da própria saúde. Problemas orgânicos acompanharam-lhe a mocidade, a madureza, até seu desencarne. Basta lembrar que em 1976 sofreu um infarto do miocárdio; tendo que conviver com dores de angina durante o resto de sua existência corporal.

Mister registrar que as suas doenças oftálmicas, e as intervenções cirúrgicas que realizou, jamais o impediram de cumprir sua missão de amparo aos desvalidos.

Sua postura diante da vida foi sempre uma só: amor desinteressado ao próximo, desapego, desinteresse pelos bens materiais, e total foco na felicidade do próximo.

Independente de cor, raça, credo, religião, gênero, nível socioeconômico, idade, etc. Todos foram recebidos e amparados, com o mesmo amor, pelo médium Chico Xavier. 1 (p. 304)

As psicografias, com palavras de paz, esperança e ânimo, recebidas até altas horas da madrugada, as famosas cartas às mães que perderam seus filhos ou esposos, talvez tenham sido o maior legado que Chico nos tenha deixado; na exemplificação do ser humano que todos nós um dia nos tornaremos. Se por um lado, as obras são de inestimável importância para a ampliação, consolidação e divulgação da Terceira Revelação, por outro, não menos importante é sua obra junto aos irmãos sofredores, constituindo-se num exemplo vivo de solidariedade, que o homem do futuro, irá um dia imitar. 1 (p. 304)

A obra de Chico Xavier é a continuidade e, naturalmente, a ampliação da de Allan Kardec. Somente no século passado, os conhecimentos organizados e divulgados por Allan Kardec, poderiam ser ampliados, acompanhando o avanço ocorrido na ciência. Mesmo no aspecto religioso, Kardec não pôde dizer tudo. Somente à época do Chico haviam sido criadas as condições para que as verdades fossem propagadas sem criar as dificuldades que teriam surgido aos tempos do Mestre Lionês. 1 (p. 305)

No livro Kardec prossegue, de Adelino da Silveira, o autor formula interessante pergunta para Chico Xavier, sobre o assunto:

“— Por que a parte religiosa é a menor na Codificação?

— Allan Kardec dividiu o Espiritismo em filosofia, ciência e religião. Na parte religiosa, que deveria ser a mais extensa, ele se deteve, porque as autoridades naquele tempo exerciam poderoso domínio sobre os grupos. Por isso, orientado pelo Espírito de Verdade, ele aguardou o futuro e as condições favoráveis para desenvolver a parte religiosa.” 3 (p. 88)

Por isso, Chico é considerado por muitos como a própria reencarnação de Allan Kardec, como, também, foi relatado no livro Na próxima dimensão 4, de Carlos Alberto Baccelli.

A obra Chico Xavier-Emmanuel é constituída por 427 livros publicados em vida 5. Todavia foi, sobretudo, a vida do médium que, com seu exemplo de humildade, deu à Doutrina o seu verdadeiro caráter transformador. Ele foi um dos mais genuínos protótipos do homem de bem.

Há um claro divisor de águas no movimento Espírita: antes e depois dele.

Sua liderança foi diferente, porque era calcada na humildade e no serviço de amor ao próximo. A maravilhosa dimensão histórica que atingiu – e que ainda estamos longe de alcançar em toda a sua grandeza – foi fruto do atendimento pessoal que deu a milhões de pessoas, procurando lhes mitigar a sede da alma. Os efeitos de sua obra serão sentidos por muitos séculos a fora, em todo o planeta Terra. 1 (p. 306)

Chico foi um dos missionários enviados pelo Nosso Senhor Jesus, para dar um desdobramento à Doutrina Espírita e ser um exemplo de vivência dos princípios cristãos.

_________________________________________________________________________­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­

1 GAMA, Ramiro. Lindos casos de Chico Xavier. 19. ed. São Paulo: Lake, 2000.

2 DIONISI, Fabio. A História do Espiritismo. Da França de Kardec ao Brasil de Chico. 1. ed. Ribeirão Pires: Editora Dionisi, 2013.

3 SILVEIRA, Adelino da. Kardec prossegue. 4. ed. Uberaba: LEEPP, 2009.

4 BACCELLI, Carlos Alberto. Na próxima dimensão. 8. ed. Uberaba: Livraria Espírita Edições Pedro e Paulo, 2007.

5 Compilação GEEM (Grupo Espírita Emmanuel). Fonte: Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo – www.casadechicoxavier.com.br.

_________________________________________________________________________

O autor é editor, articulista, escritor, palestrante, jornalista; responsável pelo CE Recanto de Luz – Pronto Socorro Espiritual Irmã Scheilla, em Ribeirão Pires (SP).

www.irmascheilla.org.br

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *